Artista premiada, Rafael Matheus Moreira estreia exposição em Belém
Ser uma referência é uma das principais realizações da artista

Ser uma referência! Essa foi a principal realização da artista plástica transgênero paraense Rafael Matheus Moreira, que trouxe para Belém sua primeira exposição individual, “Como pintar uma travesti?”, inaugurada na sexta-feira, 16, no Museu de Artes do Centro Cultural Brasil- Estados Unidos (MABEU/CCBEU). A artista vem conquistando espaços de destaque dentro e fora do Pará. Vencedora do Salão Arte Pará de 2024, recentemente, ela teve uma obra incorporada ao acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP) e outra exposta que retrata a deputada federal transgênero Érika Hilton (PSOL/SP).
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De acordo com a artista, a exposição nasceu de um dos incômodos que ela tinha com o sistema da arte e alguns homens, “a pergunta que gerou essa exposição foi pensando em como representar uma travesti além do imaginário de marginalidade, de doença que a sociedade nos coloca”, iniciou. Em uma das séries de sua exposição, ela retrata uma mariposa e explica a relação do animal com sua vida. “A mariposa tem relação com meu trabalho porque esse inseto tem uma breve expectativa de vida. Assim como a expectativa de vida de mulheres transgenero que no Brasil é de apenas 35 anos”, contou.
Rafael destacou ainda a emoção de ter uma obra exposta no MASP. “As pessoas têm aquela visão de travesti como pessoas doentes, marginalizadas. Então, poder hoje, ser referência para outras pessoas é algo que não tem preço, é uma realização pessoal”, concluiu a artista.
Nessa exposição, Rafa Moreira reúne 36 obras, incluindo a série “Quebras”, que retrata travestis femininos com um olhar sem objetificação ou exotificação dos corpos. A curadoria da exposição é das professoras doutoras Mayrla Andrade e Rosângela Britto.
Para Mayrla, a noite é de muita emoção. “A Rafa tem uma história interligada do mundo artístico com o acadêmico. E quando esses dois mundos se encontram, nasce a artista pesquisadora”, explicou. Mayrla explicou ainda que as narrativas apresentadas por Rafa através das telas, são narrativas de vida que representam muitas outras mulheres transgeneros com a mesma luta e sonhos.
Já Rosângela Brito explicou que o trabalho desenvolvido pela Rafa já vem sendo acompanhado há cerca de dois anos. “Ela passou por um período no Rio de Janeiro, e agora ela trouxe elementos voltados para a arquitetura de Belém, um movimento moderno que ela contextualiza personas dela mesmo. É um trabalho lindo”, destacou a curadora.
Representatividade
Entre os entusiastas da exposição, estava Dom Santana, artista transgenero de Recife, que prestigiou o momento. “Além da representatividade trans, observar a forma que a artista usou as cores, o bordado, a contrapartida social foi sensacional. Estou impactada e emocionada com esse trabalho, precisamos estar sempre juntas apoiando o trabalho uma da outra”, ressaltou.
Para o Conselheiro Curador do CCBEU, Pablo Mufarrej, é muito importante brindar a artista Rafa Moreira. “O CCBEU vem cumprindo um papel ao longo da sua trajetória de incentivo na produção contemporânea paraense e a Rafa já ganhou um prêmio nosso chamado ‘Primeiros Passos’, então reencontrá-la sendo reconhecida nacionalmente é maravilhoso”, destacou.
A realização da exposição “Como pintar uma travesti?”, é da Produção MT Projetos, através de Margareth Telles e João Lucas Pedrosa. A exposição tem o incentivo da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura, governo federal, por meio da Fundação Cultural do Pará (FCP), do governo do estado do Pará. O apoio cultural é da MT Projetos de Arte; CCBEU; Programa de Pós-Graduação em Artes (PPGArtes/UFPA); e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
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