Walda Marques traz exposição 'Ecos do Xingu' a dois espaços em Belém na COP 30
A mostra é resultado de uma imersão fotográfica realizada pela fotógrafa e pela curadora Ida Hamoy
São muitas as histórias, sons e cores que tornam a região amazônica um território único no mundo. Tão rico quanto diverso, são os povos indígenas e suas culturas a expressão mais genuína deste universo chamado Amazônia. Na exposição “Ecos do Xingu: Memória, Terra e Ancestralidade — Entre tramas e fazeres, a força dos povos Juruna e Arara da Volta Grande do Xingu”, a fotógrafa Walda Marques, umas das mais versáteis fotógrafas do país, oferece ao público imagens com olhar poético e profundo, que revelam a presença ancestral inscrita em corpos, gestos, lugares e objetos.
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A mostra está aberta para exposição em dois formatos em Belém, durante a COP 30. A versão mais ampla está na Galeria Rui Meira, na Casa das Artes (rua Dom Alberto Gaudêncio Ramos, 236, ao lado da Basílica de Nazaré), e vai até o dia 26 de novembro. No outro lado da cidade, uma seleção mais compacta está recebendo a visita dos participantes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, no Pavilhão Pará (Green Zone), no Parque da Cidade, e segue até a próxima sexta-feira, 21.
Resultado de uma imersão fotográfica realizada pela fotógrafa e pela curadora Ida Hamoy, a mostra integrou o Projeto Design e Artesanato dos Povos Arara e Juruna, desenvolvido pela Norte Energia no âmbito do Plano Básico Ambiental do Componente Indígena da Usina Hidrelétrica Belo Monte, sob execução, à época, da empresa Verthic Consultoria e Participações Ltda. A iniciativa envolveu as aldeias Paquiçamba, Mïratu, Pupekuri, Jaguar, Iya-Pukaka, Lakariká, Boa Vista (etnia Juruna) e Guary Duan, Itkoun, Terrawangã e Maricá (etnia Arara).
Segundo Walda Marques, projeto teve impacto direto na revitalização das línguas indígenas, na produção artesanal com miçangas e grafismos próprios das etnias e na criação de produtos voltados à inserção no mercado nacional e internacional.
"Eu fui convidada pela professora Ida Hamoy para cobrir o projeto em que ela estava trabalhando na Volta Grande do Xingu com os indígenas das etnias Juruna e Arara. Eles estavam fazendo um trabalho sobre a busca da identidade cultural deles por meio dos grafismos. Nós fomos em 11 aldeias e fotografamos as pessoas em seus lugares, em suas casas. Eu fui apresentada para este lugar, para a Volta Grande do Xingu, através das várias aldeias em que tive o prazer de estar. Foi uma experiência incrível, principalmente em razão da convivência com as pessoas que moram lá. Foi emocionante. Quando chegamos, eles nos receberam, eles abriram as portas. Foi muito interessante ter esse contato”, relata a fotógrafa.
Walda foi duas vezes até os territórios indígenas para a realização do trabalho. No retorno da segunda viagem, houve um incidente com a embarcação em que estava, o que tornou a vivência também “um renascimento”. “Eu quase morri, quase fui engolida pelas águas do rio. Então, também houve um nascimento. É totalmente emocionante você realizar uma imersão como essa e conhecer o rio Xingu, que é esse local belíssimo; um dos rios mais bonitos que eu já vi”, diz a artista.
Sobre a preparação para a realização das fotos, Walda conta que não buscou referências em trabalhos de outros fotógrafos que trabalharam anteriormente na Volta do Xingu. “Eu fui com a referência do meu próprio trabalho em estúdio, do meu trabalho de retratos. Eu costumo dizer que meu trabalho de retratos vai a todo lugar, dentro da minha bagagem. Eu gosto de fazer retratos, eu gosto de pessoas. Dessa vez, eu fui em busca dessas pessoas e nos lugares onde elas vivem”, descreve.
A pesquisadora e curadora da exposição, Ida Hamoy, professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), foi quem apresentou o projeto para Walda Marques. “Quando eu cheguei lá, a gente já tinha conversado um pouco sobre tudo. Eu fiquei muito ansiosa, minha bolsa foi enorme, com tantas coisas que levei, porque eu estava indo para um lugar em que eu não conhecia nada. E o resultado foi que nunca pensei que iria me surpreender tanto. Fotografar aquelas pessoas me fez viver de forma intensa a ancestralidade, me senti fotografando a ancestralidade”, ressalta.
No texto da curadoria, Ida Hamoy adianta o que os viitantes irão encontrar na exposição. “Além da experiência presencial, Ecos do Xingu propõe um diálogo contemporâneo: ao lado de cada obra, QR Codes conectam o público aos perfis dos artistas e artesãos indígenas, fortalecendo a visibilidade e a economia criativa das comunidades que seguem ativas, produtivas e conectadas. Mais do que contemplar imagens, o visitante é convidado a sentir o tempo do Xingu — um tempo de águas, de memórias e de resistência. Em sintonia com o pulsar da Amazônia, a exposição reafirma a força vital dos povos que nela habitam e a urgência de escutar seus saberes, suas vozes e seus rios, hoje mais do que nunca sob o olhar do mundo”, publicou.
Serviço
Exposição: Ecos do Xingu: Memória, Terra e Ancestralidade — Entre tramas e fazeres, a força
dos povos Juruna e Arara da Volta Grande Xingu
Local: Parque da Cidade, Escola de Economia Criativa - Pavilhão Pará (Green Zone)
Paríodo: de 10 a 21 de novembro de 2025
Horário: 09h às 20h
Local: Casa das Artes - Galeria Rui Meira
R. Dom Alberto Gaudêncio Ramos, 236 - ao lado da Basílica de Nazaré
Período: de 12 a 26 de novembro de 2025
Horário: 10h às 17h
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