Pablo Mufarrej apresenta mostra ‘O Tempo que nos Cabe’ inspirada no tempo e na natureza
Mostra reúne 14 obras entre pinturas, objetos e instalação e ficará aberta ao público até 20 de dezembro, com entrada gratuita
O artista visual paraense Pablo Mufarrej inaugura, neste sábado (8), a exposição “O Tempo que nos Cabe”, na Galeria Elf, localizada no bairro de Nazaré, em Belém. A abertura está marcada para as 10h, com curadoria de Emiju Guimarães e interlocução curatorial de Orlando Maneschy. Com visitação gratuita, a mostra poderá ser visitada até o dia 20 de dezembro, de terça a sexta-feira, das 14h às 19h, e aos sábados, das 10h às 14h.
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A exposição apresenta 11 pinturas, 2 objetos e 1 instalação, incluindo nove obras inéditas, e propõe uma reflexão sobre o tempo como matéria e não apenas como tema. Segundo o artista, o tempo é elemento central de sua pesquisa e se manifesta de múltiplas formas. “A evidência do tempo é objeto da minha pesquisa há muitos anos. Ela se manifesta na matéria das pinturas, no tempo de duração da feitura e nas camadas que exigem espera e sedimentação”, explicou Mufarrej.
Inspiração
Os trabalhos transitam entre vistas noturnas da Baía do Marajó, formação de ilhas no Atlântico, vulcões e composições com elementos naturais, como fragmentos de terra do Deserto do Saara e partes da Sumaúma da Praça Santuário de Nazaré, árvore centenária que caiu em Belém em 2023. Para o artista, esses materiais condensam diferentes temporalidades e memórias. “São matérias que trazem consigo histórias milenares e nos conectam a outras paisagens e ciclos naturais”, afirmou;
Mufarrej também destacou que suas obras dialogam diretamente com a ecologia e as forças naturais, questionando a ideia de paisagem como mero cenário. “Procuro tensionar nossa percepção sobre a paisagem, entendendo-a como organismo em transformação. O nascimento de uma ilha, por exemplo, não representa destruição, mas um ato de criação e continuidade”, comentou.
A mostra propõe conexões simbólicas entre o natural e o humano, reunindo elementos de diferentes territórios para refletir sobre interdependência e coexistência. “O deserto do Saara aduba a Amazônia. Essa conexão revela que o planeta é um sistema interdependente há milhares de anos. Assim como a COP 30 busca soluções conjuntas, a arte também pode propor reencontros e reflexões sobre o tempo da Terra”, disse o artista, que vê a exposição como um convite ao diálogo entre arte, natureza e humanidade.
Produção e expectativa
No campo técnico, Mufarrej utiliza tintas monopigmentadas puras, ceras e óleos preparados manualmente, combinando técnicas tradicionais e contemporâneas. “São materiais que, assim como a pintura, carregam séculos de pesquisa. Já nas instalações, utilizo elementos reais: a terra do Saara foi coletada por uma amiga; e as sementes da Sumaúma foram recolhidas após uma florada, pouco antes da queda da árvore”, detalhou.
Entre as obras, há também uma folha de carvalho proveniente do projeto “7000 Eichen” (1982), de Joseph Beuys, referência que reforça o diálogo entre arte e ecologia.
“Espero que o visitante se perceba como parte do planeta, reconhecendo a interdependência entre sua própria vida e a vitalidade da Terra. Cuidar do planeta é cuidar de nós mesmos. O tempo que nos cabe é o agora, e ele exige responsabilidade e escuta”, disse sobre o impacto que deseja causar no visitante.
Exposições
Em 2025, o artista visual participou da itinerância da 1ª Bienal das Amazônias, com exibições no Maranhão e em Medellín (Colômbia); da mostra ‘Delírio Tropical’, na Pinacoteca do Ceará; da exposição ‘Colecionadores Particulares’, na Assembleia Paranaense; e de uma mostra paralela à Bienal do Mercosul, em Porto Alegre. Atualmente, integra o projeto “Jaguar Parede”, com obras expostas em espaços urbanos na capital paraense.
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