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Morre Mestre Damasceno, ícone da cultura do Marajó, aos 71 anos

Paciente oncológico, o mestre paraense foi um dos autores do samba-enredo vice-campeão à Marquês de Sapucaí

O Liberal

A música, o carimbó e a poesia do Marajó perderam na madrugada desta terça-feira (26), às 1h26, uma de suas vozes mais emblemáticas. Mestre Damasceno faleceu aos 71 anos, no Hospital Ophir Loyola, em Belém, onde estava internado desde o dia 6 de agosto. A morte se deu em decorrência de pneumonia e insuficiência renal. Homenageado da 28ª edição da Feira Pan-Amazônica do Livro deste ano, a família do mestre já havia pedido orações nas redes sociais pela saúde dele.


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O produtor dele, Guto Nunes, confirmou a notícia. "Um choque em decorrência da pneumonia. Um paciente oncológico, e a médica falou que ele foi, fez uma passagem tranquila, sem dor. Eles ficaram observando, teve uma hora que não conseguiam estabilizar mais. E realmente a parte da pneumonia que desencadeou esse choque. Foi o que levou ao óbito", detalha.

Nota

O perfil ofciial de Mestre Damasceno no Instagram divulgou uma nota do falecimento. Confira na íntegra:


Dia Municipal do Carimbó

Mestre Damasceno (Damasceno Gregório dos Santos) morreu no Dia Municipal do Carimbó, data que homenageia o nascimento do Mestre Verequete. 

O artista estava internado desde a quarta-feira, 6 de agosto,  no Hospital Ophir Loyola. Em junho deste ano, havia sido diagnosticado com câncer em estágio de metástase. Antes, chegou a ficar hospitalizado em Salvaterra, onde morava, e no Hospital Jean Bitar, também na capital paraense.

Nascido em 1954 na Comunidade Quilombola do Salvá, em Salvaterra, no arquipélago do Marajó, Damasceno se tornou referência no carimbó, nas toadas e na poesia oral. Criou o Búfalo-Bumbá de Salvaterra, manifestação junina que une teatro popular, cultura quilombola e elementos da natureza amazônica. Ao longo da carreira, contabilizou mais de 400 composições.

Deficiente visual desde os 19 anos, Mestre Damasceno acumulou importantes reconhecimentos. Em maio de 2024, recebeu a Ordem do Mérito Cultural, a mais alta honraria do Ministério da Cultura. No mesmo ano, sua obra foi declarada patrimônio cultural de natureza imaterial do Estado do Pará, por meio de lei aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa.

O artista também teve momentos de destaque no Carnaval do Rio de Janeiro. Em 2023, desfilou na Marquês de Sapucaí pela escola Paraíso do Tuiuti, com um samba-enredo inspirado na chegada dos búfalos à Ilha de Marajó. Em 2025, integrou o desfile da Grande Rio, assinando, junto a parceiros paraenses, o samba-enredo “Pororocas Parawaras: As Águas dos meus Encantos nas Contas dos Curimbós", que conquistou nota máxima e diversos prêmios.

Em fevereiro de 2024, foi empossado como imortal na Academia Marajoara de Letras, como membro fundador na cadeira dedicada à Tradição e Poesia Oral.