Festival Outros Nativos chega à 5ª edição com programação gratuita no Teatro Gasômetro, em Belém
Evento traz residência artística para artistas da Amazônia Legal, votação online e prêmios de até R$ 5 mil
O Festival Outros Nativos (FON) chega à sua quinta edição celebrando a força criativa da música produzida nas periferias da capital paraense e de toda a Amazônia Legal. Conhecido por criar um espaço de encontro e formação entre artistas e comunidades, especialmente no bairro da Sacramenta, em Belém, o evento se consolida, neste ano, como um festival internacional, integrando indiretamente a programação da COP 30.
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Realizado pela Associação Sociocultural Outros Nativos (Ason), o FON é um espaço voltado para formação, intercâmbio e descobertas, unindo arte, identidade e sustentabilidade. A edição de 2025 integra a programação do Parque da Residência (Secult-PA), em parceria com os projetos Extreme Hangout e Regenera Project, com patrocínio do British Council e da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB). As apresentações do festival estão marcadas para os dias 15 e 16 de novembro, no Teatro Gasômetro, com entrada gratuita.
A programação inclui shows de artistas locais e internacionais, oficinas, mentorias e ações formativas. Entre as atrações já confirmadas estão o cantor e compositor americano Gregg Kofi Brown, radicado em Londres e fundador da banda Osibisa, e o cantor Akin Soul, jovem londrino de origem nigeriana. Ambos fazem parte do line-up do festival. A organização também deve divulgar, nas próximas semanas, os nomes dos artistas paraenses que completam a programação.
Segundo o produtor do festival e coordenador da Ason, Nicobates, o FON se expandiu ao longo dos anos e, em 2025, reforça seu papel como um evento que conecta música, sustentabilidade e justiça social. “Esse encontro tão bem-sucedido entre o afrobeat de Londres, onde o Gregg está radicado hoje, e a Sacramenta, de onde o Fartura Flame vem, mostra que o paraense está na vanguarda em muitos gêneros musicais. Daí a importância de festivais que valorizam, como nós, a força dos artistas da periferia”, afirmou.
Ele explicou que o festival nasceu de iniciativas locais e ganhou projeção internacional a partir das conexões estabelecidas com projetos culturais voltados à sustentabilidade e à justiça climática. “Foi assim que nos tornamos internacionais. A gente só queria resolver os problemas da nossa comunidade e dar aos jovens da periferia a possibilidade de viver de arte, ter trabalho digno e um ambiente saudável. Descobrimos que o racismo ambiental é um conceito que representa uma realidade muito presente na nossa comunidade”, declarou.
Além da programação de shows, o FON 2025 abriu inscrições para duas modalidades: a Mostra Alternativa Pará e a Residência Artística Regional. A mostra é competitiva, voltada a artistas paraenses com músicas autorais sobre identidade, ancestralidade, meio ambiente e justiça climática.
Os candidatos, que devem enviar de duas a três canções para serem avaliadas, concorrem a R$ 5 mil, além de gravação de clipes e singles dentro dos projetos da Ason. As inscrições estão abertas até o dia 23 de outubro, e o regulamento pode ser acessado no perfil oficial do festival no Instagram (@fon.festival) ou diretamente no site do evento.
Já a Residência Artística Regional oferece uma vaga para artistas da Amazônia Legal interessados em participar de oito dias de imersão criativa na capital paraense durante a conferência climática. “Quem estiver em Belém durante a Conferência pode se inscrever para viver essa experiência conosco. O artista vai participar das oficinas preparatórias do festival, usar nossos estúdios de música e audiovisual e trocar experiências com produtores locais”, explicou o coordenador.
O festival também contará com um processo de votação online. Após a curadoria selecionar 20 artistas inscritos, o público poderá ouvir as músicas e votar nas preferidas pelo site do festival. Os mais votados seguirão para a grande final, marcada para o dia 16 de novembro, enquanto outros participantes disputarão uma repescagem presencial no dia 15, também com apresentações abertas ao público.
Programação e destaque internacional
O coordenador destacou ainda que o FON oferece oficinas, mentorias e prêmios para os artistas participantes, incluindo a gravação de videoclipes, participação na Incubadora Outros Nativos e a integração a redes internacionais de colaboração cultural. “O Festival propõe discutir a real sustentabilidade de projetos musicais na periferia. A arte é uma ferramenta poderosa de transformação, e queremos que os artistas saiam daqui mais fortalecidos”, disse.
Sobre a colaboração internacional, Nicobates revelou que o cantor Gregg Kofi Brown conheceu o artista paraense Fartura Flame durante uma visita a Belém, no ano passado, e que dessa parceria nasceu o single “Make a Change”, que será lançado durante o festival. “Essa conexão simboliza o que o FON representa: o encontro entre a música amazônica e o mundo”, afirmou.
O Festival Outros Nativos 2025 é uma realização da Associação Sociocultural Outros Nativos (Ason) e integra o projeto Cultura Circular 2025, com produção da Uka Uka Arte e Cultura. O evento conta com patrocínio do British Council, PNAB, Governo do Pará, Ministério da Cultura e Governo Federal.
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