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Exposição ‘Isac Tembé’ segue aberta ao público na Casa Ikeuara, em Belém

Acervo reúne fotos, objetos e canto tradicional, e integra programação que também inclui obras de mais de 80 povos da Amazônia

Amanda Martins

A Casa Ikeuara, localizada no bairro do Reduto, em Belém, segue recebendo visitantes interessados em conhecer a exposição Isac Tembé”, aberta ao público até o fim de 2025. O espaço pode ser visitado de segunda a sábado, das 9h às 18h, e se apresenta como uma opção para turistas que chegam à cidade no período pós-Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30) e também para moradores que buscam atividades culturais. A mostra reúne fotografias, objetos pessoais, documentos e registros sonoros relacionados ao jovem líder Tembé-Tenetehara, assassinado em 2021. O caso teve repercussão nacional e foi denunciada por organizações como a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) como exemplo da escalada de violência contra lideranças indígenas na Amazônia.

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A exposição apresenta elementos que integravam o cotidiano de Isac, como cocar, arco e flecha, textos e gravações de um canto tradicional, compondo um panorama sobre sua trajetória e atuação em defesa do território indígena. Segundo a fundadora da Casa Ikeuara, Nice Tupinambá, o processo de montagem considerou questões legais envolvendo o caso.

“Tudo que foi colocado na obra passa pela mão de advogados para saber se pode ou não. Tenho uma das telas que ainda não está pronta porque estou esperando a aprovação do advogado para saber se posso falar da forma como estou colocando lá”, explicou.

Para Nice, a mostra também expressa uma demanda coletiva. “Essa exposição Isac Tembé é um pedido de justiça, uma cobrança por justiça, não só para ele, mas para todos aqueles que tombaram dentro da Amazônia e não tiveram justiça”, afirmou.

Ela destaca que o espaço busca reunir memória e resistência. “A venda do artesanato financia a luta indígena, financia a roupa dos brigadistas, o ônibus para cobrar demarcação. A gente queria ter um espaço em que pudéssemos demonstrar a nossa cultura, mas também trazer a nossa luta”, disse.

O espaço prepara uma curadoria voltada para visitantes locais, com atenção aos preços das peças e aos desafios de produção. Nice afirma que a equipe busca financiamentos para disponibilizar materiais mais acessíveis. “A gente quer abraçar esse público que se abriu para entender as culturas indígenas e para ser defensor da Amazônia. Estamos nos preparando com comida ancestral, vivências e uma diversidade de povos e artesãos para receber esse público e contar um pouco da sua história”, disse.

Arte e território

Além da mostra sobre Isac, a Casa Ikeuara abriga obras, artesanato e criações de mais de 80 povos da Amazônia, incluindo biojoias, cerâmicas, grafismos, vestuário e objetos tradicionais. O local mantém ainda uma exposição permanente sobre Tuíre Kayapó, liderança histórica marcada pela defesa intransigente da floresta e da autonomia dos povos indígenas.

De acordo com Nice, a proposta é fortalecer o diálogo com quem vive na cidade. “O nosso povo é muito desconhecedor da cultura indígena. Todo mundo aprendeu que indígena era um só, com a mesma tradição, e isso não é verdade. Nosso papel é mostrar essa diversidade e ganhar o público para a nossa causa”, declarou.

SERVIÇO:

  • Local: Casa Ikeuara da Amazônia – Travessa Piedade, 638, bairro Reduto;
  • Funcionamento: segunda a sábado, das 9h às 18h.