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Boi Garantido: toada de 2025 homenageia as tacacazeiras da Amazônia; conheça!

Na toada do 'Boi do Povão', uma tradição borbulha em cuias fumegantes, carregadas de memória e afeto.

Enderson Oliveira

Uma das principais toadas de 2025 do Boi Garantido reverencia as tacacazeiras, tão comuns e importantes no Pará, Amazonas, Rondônia e outros Estados da Amazônia.

A toada "Tacacazeiras", de Demetrios Haidos, Geandro Pantoja, Vanilson Oliveira e Cíntia Mesquita une sabor e poesia ao destacar “um arpejo da mãe natureza nos raios do sol, um aroma que dança com o vento num arrebol.” Em cada verso, a poesia revela mais que o preparo do tacacá. É o retrato de um povo que “cultiva resistência” e celebra, com orgulho, a própria raiz.

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Na composição, o Garantido canta a origem do sabor. A mandioca, sagrada entre os Tupis, é exaltada como dádiva: “É da deusa Mani, do povo Tupi. Mandioca, alimento primevo ancestral.” Com ela, o povo da floresta aprendeu a transformar a terra em sustento, em cheiro, em gosto.

A canção costura com delicadeza os elementos que compõem esse ritual culinário e cultural: “Das fibras trançadas de jacitara se fez o tipiti, para extrair da mandioca a massa e o tucupi.” São imagens vivas — cuias de cumatê com grafismos, brasa acesa no abano-de-palha, panelão no fogo — que constroem a cena cotidiana dessas mulheres invisíveis, agora celebradas em verso e ritmo. Ouça e veja a coreografia:


“Preparado por Marias, mostram pro mundo o sabor da ilha.” Com suas mãos, elas alimentam corpos e histórias. E quando o boi canta e evolui, o mundo escuta e observa. Porque o tacacá não é apenas alimento — é símbolo de pertencimento, de resistência amazônida, de identidade que se serve quente e se compartilha com orgulho.

Na vibração do Garantido, a toada vira um divertido e delicioso convite, sintetizado no refrão: “Tá que tá gostoso nosso tacacá, tô que tô Garantido pra brincar de boi-bumbá.” E entre o vapor da cuia e a força da letra, a Amazônia se levanta — feminina, ancestral e, como Garantido, inigualável.