Álbum “Prosa e Papo” de Dori Caymmi traz canções novas e autorais

Novo trabalho do compositor traz de músicas inspiradas em frases do pai Dorival Caymmi

Vito Gemaque
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Aos 80 anos e 63 de carreira, a elegância e sofisticação de Dori Caymmi marcam o novo álbum “Prosa e Papo” lançado nas plataformas digitais nesta semana. O álbum possui 11 canções, sendo oito inéditas, elaboradas com a parceria do poeta e compositor Paulo César Pinheiro e Roberto Didio. Dori também canta no álbum. “Para mim é muito bom, estou lúcido e criando. É importante na minha idade, quando a maioria dos parceiros estão fazendo releituras dos seus trabalhos, eu ainda estou compondo e vou continuar se puder”, enfatiza com força.

O álbum traz ainda diferentes convidados nas faixas como o MPB4 na música título e também em “Um Carioca Vive Morrendo de Amor”. A cantora Joyce Moreno brilha em “Evoé, Nação!”, faixa em que divide os vocais com Mônica Salmaso. O cantor Renato Braz dá voz a “Canto para Mercedes Sosa”. O mais jovem dos convidados é o cantor e compositor João Cavalcanti, na bem humorada “Chato”. A gravação de “Canção Partida” conta com as participações dos “afilhados” Ana Rabello no cavaquinho e Julião Pinheiro no violão 7 cordas.

Algumas frases do pai Dorival Caymmi aparecem em canções do novo álbum. “Este disco começou influenciado pela cabeça do meu pai, pelas coisas que ele dizia pra gente e que ficaram na minha cabeça. Então, eu liguei pro Paulinho e disse que a gente precisava fazer uma música com a frase ‘entre por onde saiu e faça de conta que nunca me viu’: ele fez ‘Chato’. Outra que nasceu de uma expressão de papai - ‘carrapixo é mato, carrapato é bicho’ -, é ‘Prosa e Papo'", pontua Dori.

Dori Caymmi revela que as composições são feitas de maneira rápida e de maneira separada com os parceiros. “A gente nunca compõe juntos. A gente nunca senta para compor, ou ele [Paulo Cesar Pinheiro] manda a letra ou eu mando a música e ele faz a letra para mim. Desde a morte de meu pai e minha mãe e eu tenho musicado mais letras do que criado canções e por sorte minha ficam muito bem”, conta de maneira humilde Dori.

De acordo com ele, ao ler um poema dos parceiros a melodia surge no mesmo instante. Nada de guardar para melhorar a canção depois, Dori senta escreve e compõe ali mesmo já pensando nos instrumentos que irá utilizar na gravação. “Eu tenho que olhar o poema, a letra, e ver a canções. É uma coisa que não sei explicar, eu vejo a canção e faço quase imediatamente em dez minutos e depois é só ver os detalhes e não é qualquer letra. Eu tenho que gostar muito e ver a música, é uma mágica qualquer que não sei como é faço”, explica.

O novo álbum teve uma diferença para os anteriores. Em “Prosa e Papo”, a produção coube músico, compositor e produtor Jorge Helder. Uma função que Dori Caymmi se afastou sem muita vontade. “Na minha cabeça eu sou orquestrador, eu componho a música e depois penso na instrumentação de que maneira eu quero, se for ter convidado. Nunca tive um produtor nos meus discos”, revela. “O Jorge Helder é um músico maravilhoso. Ele toca instrumentos de corda quase todos, é compositor, mas eu tive uma certa dificuldade até as vezes fui um pouco rude no estúdio, depois eu até pedi desculpas para ele, porque não estou acostumado com produção”, detalha.

O desejo de Dori é continuar a produzir músicas até o último momento da sua vida. “Eu quero continuar fazendo música, enquanto tiver lucidez, e talento, para isso. Enquanto a saúde permitir, eu vou cantar e tocar, e vou compor, na medida do possível. Pretendo fazer mais um disco, enquanto a voz durar”, decreta.

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