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Festival do Çairé mistura ritos religiosos e apresentações culturais a partir desta quinta

Programação deve reunir cerca de 300 mil pessoas durante os cinco dias de evento em Alter do Chão

Vito Gemaque
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A magia de uma das maiores manifestações folclórico-religiosas da Amazônia – Festival do Çairé – começa o período de festejos nesta quinta-feira, 19. Durante os cinco dias de festa no Distrito de Alter do Chão, em Santarém, dezenas de artistas, grupos culturais, ritos religiosos e a grande apresentação dos botos Tucuxi e Cor-de-Rosa serão realizados, em três locais diferentes.

O Çairé acontece há aproximadamente 300 anos como o encontro da cultura indígena amazônica com a religião católica introduzida com a chegada dos jesuítas. A festa em louvor ao Divino Espírito Santo incorpora elementos da natureza e do folclore indígena.

Oficialmente, o Çairé começou no sábado, dia 14, com a procissão fluvial e a festa dos mastros. Nesta quinta-feira (19) haverá o levantamento dos mastros, troncos escolhidos na floresta, decorados com flores e frutas, que permanecerão erguidos durante os cinco dias de evento.

Os participantes da procissão principal conduzem o Arco do Çairé - o símbolo da fartura de alimentos na região - feito em formato de semicírculo que representa a arca de Noé, com cipó ou madeira, adornado com fitas e flores coloridas. O Arco do Çairé tem três cruzes centrais, que representam a Santíssima Trindade e uma cruz na parte superior que é a junção em um só Deus.

image Tradição mantida há 300 anos, os arcos são o símbolo da festa religiosa (Thiago Gomes/ Divulgação)

Nos dias seguintes acontecerão ritos religiosos, ladainhas e rezas. Somente a noite acontecem as atrações musicais, regadas a muito carimbó, e o famoso Festival dos Botos, com a competição dos botos Tucuxi e Cor-de-Rosa, uma referência direta a uma das mais antigas e tradicionais lendas da Amazônia, a lenda do boto. Neste ano as associações culturais e apresentações devem se relacionar ainda mais à defesa do meio ambiente, devido às queimadas na Amazônia, que também atingiram o distrito paradisíaco de Alter do Chão.

De acordo com o secretário de cultura do município de Santarém, Luis Alberto Figueira, mais conhecido por Pixica, o festival deve reunir 300 mil pessoas durante os cinco dias de festa. Um terço deste total, aproximadamente 100 mil, devem ser turistas do Estado, do Brasil e do mundo. Todos os hotéis de Alter do Chão e de Santarém estão lotados. Pixica promete que a programação será bem diversificada. “O Çairé vai além dos botos. Teremos eventos musicais, desfiles de moda, comidas, em três locais diferentes na praça 7 de Setembro, na praça de Çairé e no Lago dos Botos. Toda noite vai ter alguma atração nestes cinco dias”, destaca.

Botos se apresentam no sábado

As apresentações dos botos estão programadas para acontecer no sábado, 21, a partir das 22h, no Lago dos Botos, espaço com capacidade para oito mil espectadores. A primeira apresentação será do Boto Cor-de-Rosa, em seguida vem o Boto Tucuxi, às 00h30. Cada apresentação deve durar aproximadamente duas horas. Além dos botos, neste ano, haverá vários shows dentre os principais do cantor de forró Uendel Pinheiro, Joelma Klaúdia, Jones Smith, Kelly Mell e Dorgival Dantas.

image A festividade mistura rituais religiosos e culturais, como a apresentação dos botos Tucuxi (foto) e Cor de Rosa (Thiago Gomes/ Divulgação)

O diretor de criação e vice-presidente do boto Tucuxi, Edilberto Ferreira, adianta que o grupo entrará com 600 pessoas no Lago dos Botos, sendo 400 participantes e 200 de apoio, em 10 carimbós (nomes para as alas), e com 12 alegorias.

O tema do Tucuxi será ‘Resistência do Borari’. “Vamos falar sobre o nativo com ênfase na questão da resistência dos boraris diante das mudanças em Alter do Chão, como por exemplo, a poluição do Tapajós, a poluição por mercúrio dos garimpos, as queimadas, as mudanças que aconteceram na festa do Çairé, tudo dentro da lenda do boto”, explica. O grupo também fará um apelo preservação da natureza.

Já o boto Cor-de-Rosa entrará no Lago com o tema ‘Alter do Chão - Berço da vida do boto Cor-de-Rosa’. No total o Cor-de-Rosa entrará com 668 pessoas, sendo 479 brincantes e 189 coordenação e apoio.

“A expectativa é das melhores possíveis neste tema vamos tratar sobre as águas de Alter do Chão. Sobre o maior sistema de água doce de Alter do Chão. Estamos trabalhando há dois anos, ano passado não conseguimos colocar em prática. O tema é atual, relevante e mexe com o imaginário a sabedoria popular do caboclo. Através da apresentação vamos falar da Amazônia, da água, e das queimadas que tiveram nesta semana em Alter do Chão, da poluição e do cuidado que precisamos ter”, afirma o diretor de marketing, Sandro Vaughan.

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