CARLOS FERREIRA

Jornalista, radialista e sociólogo. Começou a carreira em Castanhal (PA), em 1981, e fluiu para Belém no rádio, impresso e televisão, sempre na área esportiva. É autor do livro "Pisando na Bola", obra de irreverências casuais do jornalismo. Ganhador do prêmio Bola de Ouro (2004) pelo destaque no jornalismo esportivo brasileiro. | ferreiraliberal@yahoo.com.br

O futebol cobra respeito dos mal educados

Carlos Ferreira

No futebol e em outras diversas modalidades, competições de crianças têm como trilha sonora os palavrões dos pais e demais adultos no entorno do campo. Pela gravidade desse péssimo comportamento, a Federação Paulista de Futebol impôs uma proibição temporária ao acesso de público, inclusive pais, aos locais dos campeonatos sub 11 e sub 12. O motivo envolve não só os palavrões, mas até porte de arma de fogo. São manifestações de ódio absolutamente inconcebíveis em qualquer ambiente, principalmente em eventos destinados também à educação das crianças.   

Como contra-ataque, o campeonato passa a ter os times entrando em campo com cartazes e apelos como: Mais futebol, Menos ódio. Sejam exemplos... Só queremos nos divertir! Nos apoiem.

No Pará não é diferente

Qualquer jogo da base tem na torcida os piores xingamentos, sempre com palavrões e expressões de ódio. São adultos sem noção, que fazem muito mal à formação das crianças e que até estimulam conduta semelhante dentro de campo. Uma distorção completa.

A Federação Paraense de Futebol está se mobilizando para oferecer festivais às categorias iniciais da base. Isso é muito positivo pela geração de oportunidade, mas precisa haver responsabilidade com a conduta dos mal educados, tal como está fazendo a Federação Paulista, preocupada em educar quem deveria ser educador. São ações como essa que expressam a função educativa do esporte para a sociedade.

BAIXINHAS 

* É comum o futebol brutalizar pessoas pacatas, inclusive as de boa construção social. Mas isso não pode ser visto como normal em situação alguma. Dirigentes de Federações, Ligas e clubes têm o dever de se contrapor. Autoridades constituídas não podem ignorar. Isso é gravíssimo!

* Este colunista já testemunhou em estádios a conduta de pais e mães, ao lado de filhos, xingando árbitro, atletas, técnico e torcida rival da forma mais repugnante, pelos palavrões e até arremesso de objetos. Isso permite imaginar que em casa, diante da televisão, dêem o mesmo exemplo aos filhos. 

* Nada mais natural que a reprodução da agressividade pelas crianças e adolescentes. Uma das consequências é a adesão desses jovens tão mal influenciados a grupos criminosos disfarçados de "torcida organizada". Tem que haver uma reação a esse movimento irresponsável. 

* Imaginemos que profissionais serão as crianças e adolescentes "preparados" em meio a esse despreparo. Essa conta é também de alguns "técnicos" de base que xingam e pressionam os garotos a serem agressivos. Gente que o esporte não merece! 

* Esporte é para agregar e ensinar o respeito, a consciência da hierarquia, a consciência das limitações, a relação com vitórias e derrotas, euforia e frustração. O esporte coloca as crianças em situações que a vida lhes reserva. Mas isso tudo toma o rumo da contramão quando adultos sem noção causam má influência. 

* A paixão intensa no futebol, como nos casos de Remo e Paysandu, nos mostra que rebaixamento de clube causa sentimento de "luto", tal como título e acesso causam o extremo oposto. A vazão dos sentimentos nas redes sociais tem o ódio e a soberba como combustíveis.

* O esporte, particularmente o futebol, nas categorias de base, tem que ser repensado quanto às funções sociais. Como vai, não está servindo à cidadania. Bem ao contrário! 

 

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