Círio 2022: voluntários homenageiam vítimas da covid-19 no acolhimento aos romeiros
Para alguns fiéis, o "Círio do reencontro" é um momento de lembrar de devotos que, infelizmente, perderam a vida para a doença
O “Círio do reencontro”, como está sendo chamada a edição 2022 de uma das maiores manifestações religiosas do mundo, é marcado pelo retorno oficial às ruas do Círio de Nazaré, após dois anos de pico de pandemia. Para muitos fiéis, esse está sendo um momento de agradecer a Nossa Senhora pela saúde e por familiares que sobreviveram a pior fase da covid-19. Mas, para outros, o instante é de lembrar de devotos que, infelizmente, perderam a vida para a doença.
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Os promesseiros que chegam a Belém após longas caminhadas em busca de acolhimento na Casa de Plácido, deparam-se, primeiramente, com uma emocionante homenagem às vítimas da covid-19. A tenda do grupo de acolhimento a romeiros, instalada em frente à Basílica Santuário, mais próxima da Avenida Nazaré, traz um memorial aos voluntários do Círio, devotos de Nossa Senhora de Nazaré e brasileiros em geral que perderam a vida na pandemia.
“Paz espiritual para nossos irmãos vítimas da covid-19. Nossa orações e preces. Homenagem a todos os brasileiros”, diz um dos cartazes, feitos à mão, com um mapa do Brasil de papel crepom. “Estrelhinhas, enquanto houver algum de nós aqui, sempre vamos lembrar-nos de vocês. Homenagem aos nossos amigos voluntários”, é o que está escrito no segundo cartaz, que traz uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré com manto de papel crepom.
Para os voluntários do grupo de acolhimento, responsáveis pela confecção dos cartazes, a iniciativa relembra, particularmente, seis integrantes da equipe, que vieram a falecer na pandemia. Segundo Margarida Teixeira, coordenadora da equipe de acolhimento, o memorial tem como objetivo agradecer a essas pessoas que doaram parte de suas vidas ao voluntariado e que não tiveram a oportunidade de retomar o trabalho no “Círio do reencontro”, também chamado por Margarida de “Círio da gratidão”.
“A pandemia levou muitos amigos voluntários, então, nada mais justo do que homenageá-los. A gente fala que esse ano é o ‘Círio da gratidão’ também, por muitas pessoas ainda estarem aqui presentes, com saúde, após terem passado pelas UTIs. E, sendo esse o ‘Círio da gratidão’, a gente tem que agradecer àqueles que passaram por aqui, que nos ajudaram, que doaram o seu tempo para estar aqui conosco”, diz.
A gratidão ao trabalho desenvolvido pelos voluntários que se foram é o que movimenta as 67 pessoas que integram a equipe este ano, 80% formado por veteranos no grupo, que se revezam 24 horas por dia para atender os devotos. A equipe tem uma missão fundamental de hidratar o romeiro que chega à Basílica Santuário e encaminhá-lo para receber mais cuidados na Casa de Plácido. “O nome já diz tudo, é sobre acolher. Retomamos o trabalho ontem atendendo os primeiros romeiros e o sentimento é de muita emoção”, finaliza Margarida.