Urnas eleitorais viram sola de sapatos

Com vida útil de dez anos, cerca de quatro mil urnas eleitorais utilizadas nos mais recentes pleitos no Pará terão parte de seu material transformado em sola de sapato. Os equipamentos de todos os regionais do País estão sendo encaminhados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que dará, entre esta, outras finalidades ao material. Até dezembro do ano passado, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Pará descartou 4.398 urnas eletrônicas. Além de materiais agregados, como disquetes, cabinas, flash cards e caixas.

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Atualmente, no estado, são utilizadas mais de 20 mil urnas eleitorais – já contanto com as urnas de contingência. Sendo peça fundamental para o exercício da cidadania, passado o seu período de utilização a Justiça Eleitoral segue desempenhando, agora, o seu papel socioambiental, por meio do descarte desse material de forma consciente. 

“A medida que esses materiais vão sendo depreciados e já não tem mais utilidade para Justiça Eleitoral, ele é recolhido por uma empresa especializada contratada pelo TSE. Nós encaminhamos também uma série de outros materiais que também são utilizados na eleição como, por exemplo, as cabinas de votação, caixas e baterias. Muitas pessoas nem imaginam, mas podem estar, neste momento, calçando uma urna eleitoral”, explica Felipe Brito, Secretário de Tecnologia da Informação do TRE do Pará.

Essa possibilidade surgiu a partir da reutilização dos cabos de energia que ligam o terminal do eleitor ao terminal do mesário. Feitos de borracha misturada com plástico, os cabos depois de moídos, passam por um processo de decantação para separar os dois tipos de materiais. A borracha que em geral fica na superfície e que seria destinada a um aterro sanitário adequado ganha uma nova utilidade – proteção ao pé.

Ainda de acordo com o secretário, o primeiro passo nesse processo de reutilização do material é a descaracterização. “Por se tratar de um material oficial ele não pode ser reutilizado de qualquer forma. Após essa etapa de descaracterização e dependendo do tipo de material, ele consegue ser transformado em bolsas, sapatos ou mesmo plástico que volta para indústria para ser utilizado de diversas maneiras. O mais importante de todo esse processo, é assegurar que esse material volte para a sociedade de forma sustentável, o que demonstra o zelo e cuidado que a Justiça Eleitoral tem com o meio ambiente”, ressalta ainda Felipe.

Todo material coletado dos regionais é doado para uma cooperativa que fica localizada em Goiânia. A matéria prima passa por todo processo de separação e descaracterização. Dessa forma, os cooperados conseguem reutilizar a borracha na fabricação de sandálias femininas. O que além de impactar de forma positiva para o meio ambiente ainda possibilita uma nova renda para as famílias cadastradas na cooperativa.