Sob Governo Lula, Cerrado passa Amazônia e se torna o bioma mais desmatado, aponta MapBiomas
Se considerado todo o país, o desmatamento teve queda de cerca de 12%. No total, foram 1,8 milhão de hectares devastados

Durante o primeiro ano do governo Lula (PT), o Cerrado ultrapassou a Amazônia e somou a maior área desmatada entre todos os biomas do Brasil em 2023, segundo dados do novo Relatório Anual de Desmatamento (RAD) divulgados nesta terça-feira (28) pela rede MapBiomas. O total de desmatamento nesse bioma equivale a 61% de todo o desmatamento registrado no país no ano passado, ou seja, mais de metade da devastação do país está centrada nessa área. Foram mais de 1,1 milhão de hectares devastados.
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O desmatamento no Cerrado aumentou 67,7% em 2023, na comparação com o ano anterior. Já a Amazônia teve queda de 62,2% no mesmo período. Dos outros quatro biomas brasileiros, dois tiveram alta no desmatamento e outros dois apresentaram queda: Pantanal com uma alta de 59%; Caatinga (alta de 43%); Pampa (queda de 50%); e Mata Atlântica (queda de 60%). Entretanto, os dois maiores biomas do Brasil – Amazônia e Cerrado – somam mais de 85% da área total desmatada no país.
Se considerado todo o país, o desmatamento teve queda de cerca de 12%. No total, foram 1,8 milhão de hectares devastados. No entanto, o levantamento aponta, mostrou, também, que, nos últimos cinco anos, o Brasil perdeu 8.558.237 hectares de vegetação nativa. E ainda, a organização informa que foi a primeira vez que a Amazônia não ocupou a primeira colocação nesse ranking.
Foco
O estado que mais desmatou no ano passado foi o Maranhão — que pela primeira vez aparece no topo da lista. Foram 331,2 mil hectares suprimidos em 2023, representando um aumento de 95,1%. Em seguida aparecem dois estados que também tiveram muito cerrado destruído: Bahia (290,6 mil) e Tocantins (230,2 mil). Os três estados fazem parte da região considerada o novo vetor de desmatamento no país, o Matopiba — que corresponde à área do cerrado dos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Com 73 milhões de hectares, o Matopiba responde por aproximadamente 10% da produção de grãos e fibras no país, com destaque para soja, milho e algodão. Também em 2023, pela primeira vez desde que o MapBiomas faz o levantamento, houve predomínio de desmatamento em formações savânicas (54,8%), que é aquele tipo de vegetação que se acomoda a climas secos, típicos da caatinga e do cerrado.
As florestas, que lideraram em anos anteriores, responderam por 38,5% do total desmatado no país no ano passado. Ainda segundo o RAD, o desmatamento por pressão da agropecuária responde por mais de 97% de toda a perda de vegetação nativa no Brasil nos últimos cinco anos.
Ilegalidade
Segundo o estudo, 93% da área desmatada no Brasil em 2023 teve pelo menos um indício de ilegalidade, com a sobreposição a: areas autorizadas para supressão da vegetação nativa; Terras Indígenas ou Unidades de Conservação de proteção integral; Reserva Legal ou APP (Área de Proteção Permanente); Áreas de Planos de Manejo Florestal Sustentável; e Áreas embargadas. Em 2023, o cerrado foi o bioma com maior aumento de área desmatada dentro de reservas locais, com 136% de aumento.
Contando entre 2019 e 2023, foram 8,5 milhões de hectares de vegetação nativa desmatados em todo o Brasil — sendo 52% deles na Amazônia e 39% no cerrado. A área total equivale a quase duas vezes o território do estado do Rio de Janeiro. Para os pesquisadores, o desmatamento ocorreu de forma mais livre no cerrado, o que impulsionou o desmatamento.
Na Bahia, 51,8% de tudo que foi desmatado nos últimos cinco anos foi autorizado por órgãos ambientais. No Tocantins, essa média foi 47,7%. Para efeito de comparação, em Mato Grosso do Sul, o desmatamento autorizado foi de apenas 0,01%.
A Redação Integrada de O Liberal solicitou um posicionamento ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima para explicar quais medidas e ações governamentais são efetivadas como resposta ao desmatamento no país. A reportagem aguarda retorno.
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