Mudanças climáticas podem reduzir PIB do Brasil em até 20%, aponta relatório da Moody’s
Levantamento aponta impactos em agricultura, energia e Amazônia; desmatamento pode atingir ponto de não retorno
As mudanças climáticas podem causar uma queda de até 20% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil até 2050, segundo um relatório divulgado na última terça-feira (11), pela Moody’s Ratings, empresa que faz pesquisas globais de mercado de títulos, abrangendo dívidas corporativas e soberanas. O estudo alerta que inundações, secas e incêndios florestais representam riscos crescentes para a agricultura, a geração de energia hidrelétrica e o ecossistema amazônico — elementos essenciais da economia e da estabilidade climática do país.
Agricultura é o setor mais afetado
De acordo com o relatório, o setor agroalimentar é o mais exposto aos riscos físicos do clima. Ele representa cerca de 8% do PIB, 16% dos empregos e 40% das exportações brasileiras. Somando as etapas de processamento e distribuição, o agronegócio responde por até 30% da economia nacional.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que seria necessário investir entre 0,25% e 0,5% do PIB por ano em adaptação agrícola para evitar perdas de produtividade.
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Sem medidas concretas, a produção agrícola brasileira pode cair até 2%, o que aumentaria as importações de alimentos e pressionaria a inflação. Os impactos devem ser mais severos nas regiões mais pobres, como o Nordeste, mas também já afetam o Sul e o Sudeste, onde enchentes como as do Rio Grande do Sul em 2024 causaram prejuízos bilionários.
Amazônia pode atingir ponto de não retorno
A Moody’s também faz um alerta sobre o desmatamento da Amazônia, que já perdeu 17% da sua área original. Se o desmatamento ultrapassar 20%, o bioma pode chegar a um ponto de não retorno, transformando-se em savana e alterando o regime de chuvas em toda a América do Sul.
Essa mudança teria efeitos devastadores sobre a agricultura, a geração de energia e o abastecimento de água no continente.
Investimento é essencial para cumprir metas climáticas
Além dos riscos físicos, o relatório destaca a necessidade de investimentos em energia limpa. Segundo a Moody’s, o Brasil precisará aplicar entre 1% e 2% do PIB por ano até 2030 para alcançar a meta de emissões líquidas zero em 2050.
Desse total, 40% dos recursos devem vir do governo, e 60% do setor privado. O país está entre os dez maiores emissores globais de gases de efeito estufa, com 60% das emissões ligadas à agricultura e ao uso da terra, e 5% ao setor de energia — que tem potencial de crescimento em fontes solar e eólica.
Metas climáticas ainda são vistas como insuficientes
Na atualização da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês), apresentada em novembro de 2024, o governo brasileiro se comprometeu a reduzir entre 59% e 67% das emissões até 2035, em relação aos níveis de 2005.
Mesmo assim, observatórios independentes consideram as metas insuficientes. Um estudo da Universidade de Oxford aponta que eliminar o desmatamento seria a medida mais eficaz e econômica para o Brasil atingir o carbono zero até 2050.
(Riulen Ropan, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Vanessa Pinheiro, editora web de oliberal.com)
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