Mãe de 'feto de pedra' criou 7 filhos, 30 netos e 5 bisnetos

Dona Daniela descobriu, aos 81 anos, que carregava um feto calcificado no ventre. Ela veio a óbito pouco tempo após a cirurgia

Carolina Mota

O caso mais recente do feto calcificado, conhecido como "bebê de pedra", viralizou após médicos suspeitarem que o feto tenha ficado por mais de cinco décadas no ventre de Daniela Almeida Vera, indígena de 81 anos. A idosa procurou atnedimento médico com queixas de dores abdominais e descobriu o feto mumificado. Dona Daniela veio a óbito pouco tempo depois da cirurgia de retirada do bebê de pedra, em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul.

Moradora de uma agrovila em Aral Moreira, município a 376 km de Campo Grande, Daniela, de etnia indígena Kaiowá, teve sete filhos, 30 netos e cinco bisnetos, e os criou na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai.

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Vanderlei Avalo Almeida, um dos filhos de Daniela, contou que a mãe sempre teve medo de médico e ignorava uma leve dorzinha que sentia no ventre desde sempre, que a incomodava. No entanto, uma semana antes da descoberta, Daniela sofreu uma queda e, a partir disso, passou a sentir dores fortes na região abdominal e do útero. "Começou a ficar tonta, fraca, até que foi se consultar no posto de saúde”, relatou.

Daniela era conhecida como Teimosa e Guerreira

Vanderlei diz que a mãe sempre foi muito teimosa com tudo e não ligava para os pedidos dos filhos, que sempre diziam para ela buscar um médico. "Ela tomava algum remédio e passava a dor, e assim ela continuava. Não queria ir ao médico porque ela achava que era tumor, tinha medo de cirurgia”. 

O jovem afirma que receber a notícia da morte da matriarca foi a pior da vida dele. “Um dia antes, ela falou que melhorou, mas no outro dia recebemos a notícia que ela tinha falecido. Eu estava no serviço, mas deixei tudo pra trás. Quando cheguei aqui em casa, encontrei todas minhas irmãs chorando”, lamentou.

Protocolo de transferência

De acordo com o secretário de saúde de Ponta Porã, a idosa morava em Aral Moreira, que fica a 84 quilômetros do município. Ela já tratava uma infecção urinária na cidade onde residia. Devido à piora no quadro clínico, a idosa teve que ser transferida para o HR da cidade vizinha, onde a equipe médica chegou a suspeitar de um câncer.

Após a idosa dar entrada no HR de Ponta Porã, em 14 de março, uma tomografia 3D foi solicitada para precisar o diagnóstico. O exame identificou o feto calcificado no abdômen da mulher, de acordo com as informações da secretaria de Saúde de Ponta Porã.

O secretário de Saúde de Ponta Porã, Patrick Derzi, explicou que o nome da condição é litopedia. Derzi, que também é médico, comentou que o quadro clínico da idosa é considerado um tipo raro de gravidez, que só ocorre quando o feto de uma gravidez abdominal não reconhecida morre e se calcifica dentro do corpo da mãe.

"A litopedia é um tipo raro de gravidez ectópica [tipo de gravidez quando o óvulo fertilizado se desenvolve fora do útero], e ocorre quando o feto de uma gravidez abdominal não reconhecida morre e se calcifica. O 'bebê de pedra' é resultante, pode não ser detectado por décadas e pode causar complicações futuras", comentou o secretário.

*Carolina Mota, estagiária sob supervisão de Tainá Cavalcante, editora web de OLiberal.com

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