Idosa é sequestrada pela filha e internada em clínica psiquiátrica
Ela havia denunciado os maus-tratos cometidos pela filha aos netos

Uma mulher foi presa em flagrante após sequestrar e internar à força a própria mãe em uma clínica psiquiátrica, na Região Serrana, do Rio de Janeiro. Segundo as investigações, a vítima não tinha nenhuma doença ou necessidade terapêutica. O objetivo da internação era coagir a idosa a se retratar de uma notícia crime que ela havia feito denunciando maus-tratos sofridos pelos dois netos, de 2 e 9 anos, na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), dias antes.
A aposentada de 65 anos foi abordada por dois homens, que a colocaram dentro de uma ambulância, quando saía de uma agência bancária, no início da tarde de 6 de fevereiro. Na ocasião, a idosa acreditava estar sendo vítima de uma “saidinha de banco” ou um sequestro relâmpago, mas logo percebeu que a violência acontecia a mando da filha, já que um dos homens disse que “era coisa de família”.
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Quando chegou na clínica, teve a bolsa e o celular confiscados pelos funcionários. Ela foi colocada em um quarto sem janela nem ventilação por três dias. A idosa relatou ter sofrido com fome e sede, e gritou diversas vezes por socorro. A vítima também contou que em seguida foi levada para um espaço coletivo, onde passou a ser obrigada a ingerir medicações.
No depoimento, a idosa disse que indagava os médicos pela alta, mas eles nunca a respondiam. Durante o carnaval, ela contou ter recebido a visita da filha, Patrícia de Paiva Reis, e do companheiro dela, Raphael Machado Costa Neves.
O casal teria confessado à idosa que tentariam desqualificar o registro feito por ela na Dcav demonstrando que ela sofria de “desequilíbrio mental”.
Maus-tratos
A aposentada narrou que os dois netos, um deles com deficiência mental, sofrem maus-tratos. Segundo ela, as crianças não recebem alimentação nem asseio adequados. Após alguns dias de internação, ela diz que foi colocada, novamente, à força em uma ambulância e levada para outra unidade psiquiátrica. No local, ela narrou a uma médica o desejo de sua filha em ficar com a integralidade da pensão que ambas dividem.
Na tarde da última quinta-feira, após descobrirem o paradeiro da idosa com a própria filha, agentes da 9ª DP estiveram na clínica e a libertaram. Ao delegado, ela contou ter escrito diversas cartas no período de internação para “desabafar sua tristeza e seu medo” por estar ali sem sua anuência nem necessidade médica.
Prisão
Patrícia e Raphael foram presos em flagrante e indiciados pelos crimes de sequestro triplamente qualificado e coação no curso do processo. Eles não quiseram prestar depoimento.
(*Emilly Melo, estagiária, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política)
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