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‘Golpe do Tinder’ corresponde a mais de 90% dos sequestros em São Paulo; entenda

Em 2022, a Divisão Antissequestro do estado esclareceu 94 ocorrências desse tipo, prendeu 251 suspeitos e apreendeu 9 adolescentes infratores

O Liberal
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Mais de 90% dos sequestros registrados em São Paulo são feitos a partir de relacionamentos formados a partir de perfis falsos criados em aplicativos como o Tinder, segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP). Só neste ano, por exemplo, a Divisão Antissequestro do Departamento de Operações Policiais Estratégicas da Polícia Civil (Dope), esclareceu 94 ocorrências desse tipo, prendeu 251 suspeitos e apreendeu 9 adolescentes infratores. As informação são da BBC News Brasil.

O Tinder é principal aplicativo de namoro citado por policiais e vítimas de sequestro. Segundo um tenente da Polícia Militar que atua na zona norte de São Paulo e pediu para não ser identificado, geralmente, as vítimas são homens mais velhos e financeiramente bem-sucedidos.

"São pessoas acima de 40 anos, solteiras, que geralmente são comerciantes ou possuem pequenas empresas. São pessoas com alguma posse. A maior parte atrai a vítima pelo Tinder, com mensagens sedutoras e um pedido de encontro o mais rápido possível", diz ele.

Ele relata ainda que essas pessoas são escolhidas pelo aplicativo de acordo com as informações que passam, como fotos e profissão. Os principais alvos são aqueles que publicam fotos em viagens internacionais e ao lado de carros de luxo.

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Ainda de acordo com o PM, os encontros, na maioria das vezes, são marcados em bairros mais afastados, entre o fim da tarde e início da noite. “Um dos casos que atendi, um homem tinha tentado marcar o encontro com uma mulher em um shopping, mas ela disse que estava doente e lamentava não poder sair de casa para encontrá-lo. Ele acabou se iludindo com a situação e foi até o local encontrar o par romântico, mas foi sequestrado", conta.

A maneira de agir de cada quadrilha pode variar acordo com o perfil da vítima vítima, que normalmente não está atrás de um romance, mas apenas de um encontro rápido, sem compromisso. "Pelo que a gente conversou com as vítimas, o encontro presencial acontece depois de um ou dois dias após o primeiro contato no aplicativo. O cara acredita que a mulher vai para o 'vamos ver' com ele sem muita frescura”.

Para o policial, existe subnotificação desses crimes por diversos motivos, entre eles a vergonha em registrar o boletim de ocorrência por estar em um relacionamento ou por ter sido ingênuo em cair no golpe.

Segurança

Segundo o especialista em segurança digital da Safernet, Guilherme Alves, os aplicativos de namoro são usados por criminosos para cometer principalmente crimes de estelionato fora da plataforma. "Um ponto importante é entender o que é responsabilidade da plataforma. O que acontece fora dela foge da esfera da empresa, mas é possível solicitar na Justiça dados sobre o perfil golpista, caso haja algum crime, como localização", afirmou.

Guilherme Alves explica que o Marco Civil prevê que as empresas armazenem as informações dos usuários e conversas por ao menos 6 meses. Em alguns casos, os golpistas não usam fotos e perfis falsos, mas sim pessoas reais para atrair as vítimas. Mandam áudios e fotos reais da pessoa com quem a vítima conversa. Porém, há alguns sinais comuns entre os golpistas.

"Se for um golpe de catfishing [em que uma identidade falsa é criada na internet], o perfil é sim falso e há situações em que o criminoso tenta levar a pessoa para outra plataforma, como WhatsApp, saindo do aplicativo de paquera. Em alguns casos, o golpista alega que excluiu o perfil da plataforma com a justificativa de que quer algo sério", afirmou.

Ele aponta comportamentos que são um sinal de alerta para quem está conhecendo uma pessoa na plataforma e pretende marcar um encontro presencial.

"Excluir o perfil da plataforma após o primeiro encontro pode sinalizar que a pessoa queira esconder informações. Outro ponto são pessoas que querem marcar encontros muito rápido e saírem da plataforma para conversar no WhatsApp. Encontros em locais privados também devem ser evitados", disse o especialista em segurança cibernética.

O ideal, segundo ele, é sempre guardar registros das conversas, do perfil e marcar encontros sempre em locais públicos de grande movimentação de pessoas, como um shopping. O golpe pode ocorrer mesmo após os primeiros encontros.

"Em um caso que atendi, a vítima teve dois encontros com o criminoso, mas só no terceiro que ele roubou a moça e sumiu", conta à reportagem.

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