Brasil terá Universidades Indígena e do Esporte e aumenta o número de federais para 71

O Brasil ganhará duas novas instituições de educação superior: a Universidade Federal Indígena (Unind) e a Universidade Federal do Esporte (UFEsporte). A novidade foi anunciada nesta quinta-feira (27), em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). Na ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado dos ministros da Educação, Camilo Santana; do Esporte, André Fufuca; e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, assinou os projetos de lei que criam as novas universidades e os enviará ao Congresso Nacional.

Com a criação da Unind e da UFEsporte, o Brasil passa a contar com 71 universidades federais, consolidando uma das maiores redes de ensino superior público do mundo. A iniciativa marca um passo histórico na ampliação do acesso à educação superior pública e gratuita, alinhada às prioridades do governo para equidade, inclusão e desenvolvimento humano. Os grupos técnicos interministeriais atuarão no projeto ao longo de 2026.

Para Lula, a criação das instituições é fundamental para a dignidade dos povos indígenas e para a valorização do esporte nacional. “Eu não tive oportunidade de fazer um curso superior e, justamente por isso, tenho consciência do que representa um diploma universitário”, afirmou. Para ele, é dever da União ajudar as pessoas, e a criação das universidades é expressão direta desse compromisso.

O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou: “É um dia histórico para os povos indígenas e para o esporte do Brasil. Vamos construir juntos, com todos os ministérios, para garantir o sucesso dessas novas universidades”.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que o lançamento é resultado dos esforços de professores indígenas que há décadas lutam por uma educação pública que valorize os saberes ancestrais sem excluir os saberes não indígenas.

O ministro do Esporte, André Fufuca, celebrou a criação da nova instituição. “Graças a pessoas que ousaram ser diferentes, como o presidente Lula, teremos agora uma Universidade do Esporte. Uma universidade para capacitar atletas, gestores e lideranças do esporte brasileiro.”

Conheça as novas universidades

Unind — Universidade Federal Indígena

A Universidade Federal Indígena (Unind) será sediada em Brasília, com estrutura multicampi voltada à formação superior de povos indígenas de todas as regiões do país. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e ao Ministério dos Povos Indígenas (MPI), a universidade nasce de amplo processo de escuta e consulta a lideranças, educadores, jovens, anciãos e organizações indígenas.

A Unind terá processos seletivos próprios, ampliando o ingresso de candidatos indígenas conforme a diversidade linguística e cultural. A oferta inicial será de 10 cursos, com previsão de chegar a 48 graduações, atendendo cerca de 2,8 mil estudantes indígenas nos primeiros quatro anos.

As áreas contempladas incluem:

• gestão ambiental e territorial,
• políticas públicas,
• sustentabilidade socioambiental,
• línguas indígenas,
• saúde,
• direito,
• agroecologia,
• engenharias e tecnologias,
• formação de professores e outras áreas estratégicas para os povos indígenas.

A Unind tem como pilares a autonomia indígena, a interculturalidade, a valorização das línguas e saberes tradicionais, a produção de conhecimento científico em diálogo com práticas ancestrais e o estímulo à sustentabilidade socioambiental.

A criação da universidade é fruto de um processo articulado entre MEC, MPI, Funai, universidades parceiras, FNE, Fneei, Cneei, Andifes, além de fóruns e seminários regionais que subsidiaram a construção do projeto.

O professor indígena da UnB, Gersem Baniwa, celebrou: “É um marco histórico construído a partir da luta de gerações de educadores e pesquisadores indígenas”.

UFEsporte — Universidade Federal do Esporte

A Universidade Federal do Esporte (UFEsporte) nasce da articulação entre o MEC e o Ministério do Esporte, fundamentada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e na Lei Geral do Esporte. O objetivo é integrar formação acadêmica, qualificação profissional e desenvolvimento esportivo em âmbito nacional.

A UFEsporte busca:

• democratizar o acesso à educação gratuita e de qualidade,
• formar profissionais qualificados para a gestão de políticas públicas de esporte,
• atender demandas dos setores esportivos,
• promover equidade de gênero no esporte,
• enfrentar a misoginia,
• ampliar o acesso para pessoas negras e indígenas,
• combater o racismo no esporte,
• formar quadros capazes de atuação crítica e inclusiva.

A atleta paralímpica Verônica Hipólito emocionou o público ao relatar sua trajetória após sofrer um AVC e enfrentar mais de 200 tumores. “O esporte é transversal — é educação, saúde, mobilidade e sustentabilidade. Esperamos que essa universidade seja inclusiva, acessível e diversa.”

Dados reforçam a urgência da proposta: segundo o Levantamento sobre Diversidade no Futebol Brasileiro (2023), 41% das pessoas negras e 31% das indígenas relatam ter sofrido racismo no exercício de suas funções. Estudos da USP mostram que, apesar de 57% dos jogadores da elite serem pretos ou pardos, apenas 12,5% dos treinadores das Séries A e B, em 2024, eram profissionais negros. 

*Com informações da Assessoria de Comunicação Social do MEC, Secretaria de Educação Superior (Sesu) e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi)