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VÍDEO: Funcionária de farmácia é vítima de racismo no 1º dia de trabalho: 'Escurecendo a loja'

Rede Raia Drogasil teve de pagar R$ 56 mil de indenização à ex-funcionária

Gabrielle Borges

Após sete anos, a rede Raia Drogasil foi condenada pela Justiça do Trabalho por danos morais sofridos pela ex-funcionária Noemi Ferrari, que denuncinou a empresa logo após ter sofrido ofensas de cunho racista em um vídeo gravado por uma ex-colega de trabalho.

O registro foi gravado durante o primeiro dia de trabalho de Noemi, em uma farmácia da rede em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. O caso viralizou nesta semana nas redes sociais, após Noemi publicar o vídeo do ocorrido, que aconteceu no ano de 2018. Entretanto, foi somente em este ano que ela recebeu R$ 56 mil de indenização.

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O objetivo do vídeo era "apresentar Noemi para os outros funcionários" no grupo do WhatsApp."Essa daqui é a Noemi, nossa nova colaboradora. Fala um oi, querida. Tá escurecendo a nossa loja? Tá escurecendo. Acabou a cota, tá? Negrinho não entra mais", diz a agressora, enquanto ri. 

Logo em seguida, em tom de ironia, a funcionária passa a listar as tarefas que deveriam ser feitas por ela no local de trabalho: "Nossa, vai ficar no caixa? Que incrível. Vai tirar lixo? Que incrível. Paninho também, passar no chão? Ah... E você disse sim, né?".

Veja o vídeo


Noemi afirmou que ficou sem reação na hora, mas posteriormente, chorou no banheiro. 

Após o episódio, Noemi relatou que continuou na empresa porque havia perdido o pai adotivo, precisava trabalhar e entendeu que podia fazer a diferença no ambiente, tanto que foi promovida a supervisora em 2020. Em 2022, entretanto, ela afirmou que um supervisor a agrediu verbalmente e quase fisicamente, foi quando ela foi mandada embora e decidiu ir atrás dos seus direitos de forma legal.

Decisão da Justiça

Em primeira instância, a juíza Rosa Fatorelli considerou que o vídeo e a confissão da autoria pela funcionária comprovaram as alegações de falas racistas. A responsabilidade da empresa foi estabelecida pela conduta de omissão em zelar por um ambiente de trabalho respeitoso. Além do dano moral, a Justiça reconheceu que a funcionária fazia turnos mais extensos do que os registrados no ponto.

Após anos de batalha judicial, atualmente Noemi é gestora na área da saúde.

Em nota, a rede Raia Drogasil disse:

"Lamentamos profundamente o episódio que ocorreu em 2018. Reiteramos o compromisso da RD Saúde com o respeito, a diversidade e a inclusão. Nossa empresa não compactua com nenhum tipo de discriminação. Diversidade e respeito são valores primordiais. Temos investido de forma consistente em desenvolvimento de carreiras e iniciativas de promoção e de equidade racial. Em 2024, encerramos o ano com mais de 34 mil funcionários pretos e pardos e nos orgulhamos de ter atualmente 50% das posições de liderança ocupadas por pessoas negras, resultado direto de programas estruturados de inclusão e valorização. Nosso propósito é continuar investindo em ações concretas para garantir ambientes de trabalho diversos e inclusivos e contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária".

(*Gabrielle Borges, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Felipe Saraiva, editor web de OLiberal.com.)