Quatro em cada cinco mulheres não sabem definir o que é consentimento, aponta pesquisa

Levantamento afirma que boa parte das mulheres não sabem definir consentimento e não conseguem entender quando este está sendo desrespeitado

Carolina Mota

Apesar de parecer óbvio para muitos, um levantamento concluiu que grande parte das mulheres não entendem do que se trata o consentimento e nem sabem definir quando este está sendo desrespeitado. O levantamento foi organizado pelo Instituto Data Popular e ouviu 2 mil brasileiras, de 18 a 44 anos. Dessas, 41% não souberam definir o que é consentimento em uma relação.

Já um estudo da Plan International, realizado em 14 países, mostrou que 58% das mulheres não tiveram qualquer tipo de orientação sobre o assunto. Além disso, 4 em cada 5 mulheres afirmaram não ter autonomia sobre o próprio corpo e suas escolhas dentro de relacionamentos.

“Por desinformação, educação ou estereótipos de gênero, milhões de mulheres não reconhecem sinais de qualquer tipo de abuso, o que exige medidas eficazes de enfrentamento para promover a autonomia feminina”, diz, em nota, a sexóloga Claudia Petry. "O consentimento é o ato de permissão para toques e atos sexuais. E tão importante quanto saber o que é, é saber que ele pode ser retirado a qualquer momento".

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“Um dos principais argumentos dos abusadores é: ‘a pessoa quis, ela disse que queria antes, ela foi até o motel comigo, já havia transado com ela antes’ etc. Consentimento não é marcado em pedra. Existem milhares de motivos para uma pessoa mudar de ideia sobre fazer sexo: estar incomodada com algo, constrangimento ou simplesmente ter perdido o desejo. E tudo bem”, afirma o terapeuta sexual André Almeida.

É essencial lembrar que o consentimento, muitas vezes, vai além do “não é não”, uma vez que um “sim” sob pressão ou mesmo o silêncio também pode ser um não, e deveria ser respeitado. Muitas vezes, o silêncio é confundido com consentimento. Mas não é.

“O fato de você hesitar não significa um ‘pode ser, talvez’. O seu consentimento, seja para uma relação sexual ou uma ida ao cinema, tem que ser explícito e autêntico, com demonstração genuína de interesse”, pontua Claudia.

A especialista também faz um adendo importante para os casos de mulheres casadas ou em um relacionamento. Mesmo que ainda exista um pensamento de que, com o enlace, o homem tem poder ou controle sob o corpo de sua parceira, a mulher tem o direito de não querer ser tocada.

“Esse quesito é indiscutível e inegociável. Nunca esqueça: não importa se é seu marido de 20 anos ou um relacionamento casual. Se você não está disposta a ter relação sexual, seja qual for o motivo, o ‘não’ é sua palavra final. O corpo é seu, e jamais deve ser ‘cedido’ para satisfazer o outro”, elucida.

*Carolina Mota, estagiária sob supervisão de Tainá Cavalcante, editora web de OLiberal.com

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