Projeto de faculdade de odontologia devolve sorriso a crianças Warao em Belém

No segundo semestre, adultos e idosos também devem passar pelos procedimentos odontológicos

Caio Oliveira
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Esta quarta-feira, 26, foi dia de devolver o sorriso para crianças de etnia Warao que foram atendidas na Faculdade de Odontologia da Faculdade Uninassau, no bairro de Nazaré, em Belém. O projeto, que tem como objetivo cuidar da saúde dos imigrantes de origem venezuelana, segue um cronograma de atendimentos que começou pelos mais jovens. No segundo semestre, adultos e idosos também devem passar pelos procedimentos odontológicos.

“Os principais problemas de saúde que estamos observando nessas crianças - a adultos, que estamos já atendendo alguns - são lesões de cárie. Eles chegam com a boca extremamente comprometida, justamente por conta de uma alimentação inadequada e a falta de higienização bucal”, conta a professora Leila Hanna, odontopediatra e diretora acadêmica da faculdade. Ela explica que a situação de alguns pacientes é tão grave que a única opção é a exodontia: extração total do dente. Segundo a professora, esse trabalho de higiene bucal é fundamental para a prevenção de problemas ainda mais graves.

“A gente sabe que muitas de lesões cariosas têm bactérias que podem se alojar no coração, pois a boca é uma porta de entrada para várias alterações sistêmicas no organismo. Inclusive, já existem estudos que apontam que o AVC pode ser causado por lesões cariosas”, diz Leila, que destaca que o trabalho feito junto aos Warao e demais populações em vulnerabilidade social é importante não apenas para os pacientes, mas também para os alunos e sociedade como um todo. Além dos procedimentos odontológicos, a Uninassau presta atendimento jurídico, de fisioterapia e psicológico.

“Todo cidadão sai de seu país por um motivo muito forte. Então, a gente ter esse lado humanizado é fundamental, para que os nossos próprios alunos possam ver que a gente precisa estar pronto a ajudar. Isso foge do cotidiano, dos muros das universidade, e os alunos têm uma vivência diferente. Como eles não falam português, estamos mostrando que, independente da língua, você tem como ajudar outro ser humano, independente dele te entender ou não”, diz a professora, que conta que o trabalho realizado pela faculdade é fruto de uma parceria com a Defensoria Pùblica.

“Fizemos um levantamento de quantos indígenas estão tanto em acolhimento (sob tutela da prefeitura e do Estado) quanto em moradias independentes em Belém e região metropolitana, que são acompanhados pela ONG Adra (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais)”, explica Emiko Alves, pedagoga que atuou no projeto junto à Defensoria Pública e, hoje, está como assessora técnica na Casa Civil.

“A ONG informou que havia vários indígenas com dores de dente e, como a gente já fazia um trabalho com os ribeirinhos, a gente fez um levantamento nos abrigos com os Warao. No abrigo do Tapanã, por exemplo, temos cerca de 70 indígenas que precisavam de atendimento, entre crianças, adultos e idosos”, conta a pedagoga, que explica o que representa esse acolhimento para ela. “O objetivo é dar a oportunidade dessas pessoas se adaptarem, de terem uma qualidade de vida diferente do país delas. Temos que ensiná-los a ter uma independência, mas dando um subsídio para isso”, diz Emiko.

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