Por causa da pandemia, Festival de Iemanjá não será realizado este ano

Mas, com precaução, os terreiros farão suas homenagens nas praias de Belém

Dilson Pimentel
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Por causa da pandemia, não haverá, este ano, o tradicional Festival de Iemanjá, que começou a ser realizado há 50 anos. Aproximadamente 70 mil pessoas participavam das homenagens feitas na orla de Outeiro.

“Esse ano, e de maneira acertada, a associação que hoje está respondendo pela articulação e organização do festival tomou uma decisão acertada em não realizar o evento por causa da pandemia”, disse, nesta sexta-feira (4), Kátia Hadad, filha de uma das fundadoras do Festival de Iemanjá, Mãe Nazaré Andrade, falecida em 2008.

As homenagens são realizadas na noite de 7 para 8 de dezembro. “O festival começou na década de 70, em dezembro. Um evento voltado para a umbanda e, hoje, ele tomou proporções em que todas as práticas afro-religiosas, de matriz africana, de umbanda, tambor de mina e as nações de candomblé se sentem como referência através dessa grande manifestação, que é o festival de Iemanjá”, explicou.

Mas Kátia explicou que, neste ano, alguns terreiros, oriundos de vários locais do Estado do Pará, vão fazer as suas homenagens a Iemanjá, à Janaína, à Mamãe Oxum, às ondinas, às sereias. Enfim, às entidades aquáticas, que têm como domínio a água, o mar, os rios, os igarapés”.

Ela acrescentou: “Para nós, afro-religiosos, não acontecer o evento é lamentável. No entanto, somos defensores da vida, defensores da natureza, prezamos pelo bem-estar das pessoas. E esse momento ainda é de defesa, de prevenção, de precaução”, afirmou. “Alguns terreiros estão indo para a praia do Crispim, em Marudá. Outros vão para o Atalaia, em Salinas. Outros tantos vão para Outeiro (da praia da Brasília até a praia de Barro Branco, uma extensão enorme). E, ali, com seus adeptos, simpatizantes, clientes, vão fazer a sua manifestação”, disse.

“Esse ano, e de maneira acertada, a associação que hoje está respondendo pela articulação e organização do festival tomou uma decisão acertada em não realizar o evento por causa da pandemia.  Para nós, afro-religiosos, não acontecer o evento é lamentável. No entanto, somos defensores da vida, defensores da natureza, prezamos pelo bem-estar das pessoas. E esse momento ainda é de defesa, de prevenção, de precaução”, reforçou Kátia Hadad, filha de uma das fundadoras do Festival de Iemanjá, Mãe Nazaré Andrade

image Festejos de Outeiro terão pausa, mas manifestações podem ocorrer (Cristino Martins)

'A falta do festival não interfere em nossa fé', diz Kátia


O mesmo irá ocorrer em Icoaraci, na praia do Cruzeiro, e também em Cotijuba e Mosqueiro. “As pessoas vão se deslocar, nessa noite, de 7 para 8 de dezembro, para cumprir suas obrigações, levarem suas homenagens, e celebrarem a rainha do mar em agradecimento a esse ano tão difícil que a gente passou, de tantas perdas. E também para renovar seus votos, de pedidos para o ano vindouro, que a gente tenha muita saúde”, afirmou.

Kátia Hadad disse que não acontecer a realização do evento “não impede de maneira nenhuma e nem interfere na nossa fé e na nossa tradição. Tradição é algo que você mantém e faz de acordo com a tua condição, a tua necessidade e a tua fé. Não vai impedir que as pessoas mantenham suas tradições e a sua fé em Iemanjá, em Mamãe Oxum”, afirmou. Ela explicou que alguns templos fazem suas homenagens em seus espaços sagrados de terreiro, sem precisar ir à praia. “E esse ano não será diferente. Mas com  toda a cautela e prevenção”, completou.

“As pessoas vão se deslocar, nessa noite, de 7 para 8 de dezembro, para cumprir suas obrigações, levarem suas homenagens, e celebrarem a rainha do mar em agradecimento a esse ano tão difícil que a gente passou, de tantas perdas. E também para renovar seus votos, de pedidos para o ano vindouro, que a gente tenha muita saúde. Tudo isso não impede de maneira nenhuma e nem interfere na nossa fé e na nossa tradição. Tradição é algo que você mantém e faz de acordo com a tua condição, a tua necessidade e a tua fé. Não vai impedir que as pessoas mantenham suas tradições e a sua fé em Iemanjá, em Mamãe Oxum”, reitera Kátia Hadad

image Kátia Hadad: tradição mantida (divulgação)

Kátia lembrou o Festival de Iemanjá foi fundado, em 1970, por mães, “que tinham em comum a sua devoção à mãe Janaína, Mãe Iemanjá e Mamãe Oxum. Mãe Marina, Mãe Celina, Mãe Lucimar Valdez, Mãe Nazaré Andrade, Mãe Marinete, Mãe Odiza e Mãe Dica são algumas das fundadoras do festival. Infelizmente, elas não estão mais entre nós. Mas deixaram uma semente plantada que hoje é uma árvore frondosa com raízes fortes, com muitos galhos e muitos frutos, para ser a nossa referência, que é o Festival de Iemanjá”, afirmou.

 

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