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VÍDEO: cadeirante Edvaldo Martins resume luta diária por direitos e acessibilidade

Associação Paraense das Pessoas com Deficiência diz ser fundamental boa vontade de gestores

Dilson Pimentel
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Cadeirante, Edivaldo Santos Martins, 49 anos, enfrenta, todos os dias, muita dificuldade para se locomover pelas ruas de Belém. Um dos obstáculos é na hora de embarcar nos ônibus urbanos. “O ‘motora’ não quer abaixar o elevador, diz que não presta”, desabafa. “Eu reclamo, digo que esperei (pelo ônibus) mais de meia hora. Aí, o pessoal ajuda e diz para o motorista me levar. Eu faço onda. Tenho o meu direito”, acrescentou ele, que, na manhã desta segunda-feira (21), se deslocou do bairro de São Brás até o Guamá, onde mora. Hoje, é o Dia Nacional da Luta das Pessoas com Deficiência. Veja:

Outra dificuldade enfrentada por Edivaldo é ao andar pelas calçadas. “A calçada é alta e tenho que que pedir ajuda. Quando não tenho ajuda, tem que ir na mão mesmo”, afirmou, fazendo referência ao esforço físico para andar pela calçada. Nas ruas, ele tem que desviar dos veículos e dos buracos e contar com o bom senso das pessoas. “Têm que melhorar os ônibus, as calçadas, o nosso acesso”, afirmou Edivaldo, que é cadeirante desde criança, pois teve paralisia infantil.

Edivaldo Martins, 49 anos, é cadeirante desde criança. Ele teve paralisia infantil. Enfrenta, todos os dias, muitas dificuldades para se locomover pelas ruas de Belém. Um dos obstáculos é o embarque nos ônibus urbanos. “O ‘motora’ não quer abaixar o elevador, diz que não presta”, desabafa. “Eu reclamo, digo que esperei mais de meia hora. Aí, o pessoal ajuda e diz para o motorista me levar. Eu faço onda. Tenho o meu direito”, resume. “A calçada é alta e tenho que que pedir ajuda. Quando não tenho ajuda, tem que ir na mão mesmo. Tem que melhorar os ônibus, as calçadas, o nosso acesso"

image É preciso melhorar vias para todos, diz Edivaldo (Igor Mota / O Liberal)

Entidade cita espera de quatro décadas


Neste Dia Nacional da Luta das Pessoas com Deficiência, o presidente da Associação Paraense das Pessoas com Deficiência (APPD), Amaury de Souza Filho, diz que, ao longo dos anos, houve conquistas, mas que é preciso ainda avançar muito.

“Se formos olhar do ponto inicial, de 1981, quando começou o Ano Internacional das Pessoas Deficientes, e a data de fundação da APPD, que fará 39 anos em novembro, os avanços foram muitos, principalmente em relação  às legislações, que estão bem completas”, diz ele, que é conhecido como Amaury da APPD.

Mas, para garantir o que está no papel, e que foi conquistado com muita luta e mobilização, ele disse ser fundamental a “boa vontade dos gestores”, nas esferas municipal, estadual e federal. “Precisamos de vontade política”, afirmou. “E nós, do movimento de pessoas com deficiência, sempre tivemos atentos, sempre tivemos mobilizados no sentido de fazer estas cobranças”, acrescentou ele, que é deficiente visual e vereador por Belém.

"Cota não é favor. É conquista"


Ao citar avanços que considera importantes, ele mencionou as gratuidades nos transportes e nos espaços de lazer. “Isso foi fundamental para o nosso coletivo, em razão das dificuldades de segregação. Isso nos deu liberdade de conseguirmos nos locomovermos”, disse.

Amaury Também citou as cotas no mercado de trabalho. Uma conquista importante, afirmou, para que essas pessoas pudessem ser inseridas no mercado de trabalho. “Precisamos de muito compromisso ainda por parte dos empresários. Mas não queremos cota só para dizer que a empresa cumpriu aquilo que determina a legislação. Queremos, de fato e de direito, a pessoa incluída no mercado do trabalho, ajudando na transformação da sociedade”, afirmou.

Amaury também mencionou a cota nas universidades. “Foi uma luta nossa muito grande. Embora, para muitos, seja um favor, para nós foi conquista. As cotas são fundamentais”, disse. Mas, apesar dos avanços, ele diz que a acessibilidade ainda é uma grande bandeira de luta. O acesso, por exemplo, aos ônibus. Ele diz que não basta adaptar esses veículos. É preciso que eles já venham preparados de fábrica. “Na acessibilidade do transporte, penso que tínhamos que renovar a frota. Trazer ônibus acessíveis de fábrica. Não queremos adaptação. Botar refrigeração em um ônibus velho não adianta. Tem que vir de fábrica”, afirmou.

Outra dificuldade é o deslocamento pelas calçadas, muitas das quais irregulares. “Nós temos uma legislação, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), e temos legislação aqui no município de Belém que nos garante a construção de obras com acessibilidade. Não dá para achar que sem nenhum estudo os técnicos da prefeitura vão resolver o problema sem que tenha o conhecimento a ABNT, que determina tudinho”, disse.

“Precisamos de muito compromisso ainda por parte dos empresários. Mas não queremos cota só para dizer que a empresa cumpriu aquilo que determina a legislação. Queremos, de fato e de direito, a pessoa incluída no mercado do trabalho, ajudando na transformação da sociedade”, afirma Amaury de Souza, presidente da APPD. "As cotas nas universidades foram uma luta nossa muito grande. Embora, para muitos, seja um favor, para nós foi conquista. As cotas são fundamentais”

 

APPD segue na luta por direitos na pandemia


O presidente da APPD afirma que se a prefeitura e o governo do Estado, ao executarem a Macrodrenagem da Bacia do Una (a Bacia do Una é composta de 20 bairros), tivessem observado a acessibilidade, “teríamos 30 ou 40% da cidade acessível”.

Amaury disse que as obras nas escolas, nas vias e nos espaços públicos devem garantir o direito de ir e vir das pessoas com deficiência. “Mas o turismo para idoso e pessoa com deficiência não tem. Os portos não são acessíveis. As lanchas (quando atracam) ficam atrás de duas ou três embarcações para as pessoas acessarem”, afirmou. Ou seja, como as lanchas não param perto do trapiche, isso torna ainda mais difícil o acesso para as pessoas com deficiência.

“Temos que lutar para garantir a execução da legislação, seja mercado de trabalho, na educação, saúde, transporte”, afirmou. “Queremos espaço onde possamos estar incluídos, espaço para todos, onde tenhamos o direito de estar incluídos e participando com as demais pessoas da sociedade”, completou.

Amaury defende que sejam dadas as devidas condições para que as pessoas com deficiência possam usar o direito que conquistaram com muita mobilização. “Nada veio de graça. Tudo veio fruto de uma luta”, afirmou. Ele acrescentou que, por causa da pandemia, a APPD não está, nesta segunda-feira (21), fazendo uma mobilização nas ruas de Belém. “Há mais de 20 anos que, todo 21 de setembro, íamos para a rua”, contou. Mas este ano não foi possível.

image Entidade lembra que avanços só acontecem com lutas (Igor mota / O Liberal)

“A maioria de nós é grupo de risco - ou pela idade ou por alguma doença”, explicou. “Mas, mesmo com a pandemia, estamos na luta. Fazendo o nosso papel, postulando políticas voltadas para o nosso segmento”, disse.

Ele destacou que “a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência é a nossa Bíblia. Só não faz se não quiser: Educação, transporte, mobilidade urbana, saúde”. Datada de julho de 2015, a lei é destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.

A APPD foi fundada 23 de novembro de 1981. E tem 45 mil associados. Por e-mail, a Redação Integrada solicitou um posicionamento da Prefeitura de Belém e do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belém (Setransbel).

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