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Paraense fala sobre desafios e oportunidades vindas com Lei de Cotas criada há uma década

Antônio Risonaldo Moura, de 28 anos, formado três anos atrás pela Universidade Federal do Pará (UFPA), é um exemplo de quanto uma vida pode mudar com essa oportunidade

Amanda Martins

Sancionada em 29 de agosto de 2012, a Lei federal 12.711, conhecida como Lei de Cotas, completa nesta segunda-feira (29), dez anos de existência. Desde então, muitos estudantes têm ou tiveram a oportunidade de ingressar nas universidades públicas escolhidas. O engenheiro de computação Antônio Risonaldo Moura, de 28 anos, formado há três anos pela Universidade Federal do Pará (UFPA), é um exemplo de quanto uma vida pode mudar com essa oportunidade. E, no caso dele, transformar também a realidade da sua família e servir como exemplo de persistência.

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Estudante de escola pública durante toda a vida, Risonaldo saiu de Capitão Poço (PA) quando passou no vestibular e veio para Belém, deixou mãe e os irmãos para viver o sonho - e também um dos seus maiores objetivos - ingressar no ensino superior. Na época, por não ter condições de custear um cursinho preparatório, ele precisou estudar sozinho, mas não conseguiu a aprovação de primeira. Decidiu, então, realizar um curso técnico de computadores no Instituto Federal do Pará (IFPA). 

“Ao final do curso, eu tentei novamente o vestibular na UFPA, foi quando consegui a vaga pelas cotas de raça, renda e escola. O sistema de cotas teve o papel fundamental no ingresso da minha faculdade, principalmente quando eu vi o nível de conhecimento escolar das pessoas que eram de escolas particulares e fazia cursinho, e estavam, ali, na mesma sala, na mesma turma que eu”, afirmou o engenheiro de computação. 

Ainda segundo ele, muitos professores chegaram a desacreditá-lo a passar no vestibular por ter vindo de uma escola pública e vivenciar na pele a defasagem de ensino, e também morar no interior do Estado. Contrariando as expectativas negativas, Risonaldo não só conseguiu uma vaga na universidade como trouxe um grande orgulho para os familiares, inclusive, por ser a primeira geração que tem ensino superior completo.

“Minha mãe me apoiou tanto, sempre acreditou em mim, torcia pelo meu sucesso. Ela não teve oportunidade de estudar assim como eu e os meus irmãos tivemos. Ela estudou as primeiras séries escolares. Mas sempre fez de tudo para que nós pudéssemos buscar o nosso melhor, mesmo que fossemos de uma família de baixa renda e do interior. Saber do ingresso da universidade foi muito gratificante para mim quando realizador para a minha família”, disse visivelmente contente pela conquista.

‘Desistir nunca foi uma opção’

Em 2014, quando decidiu sair de casa, ficar longe da família e morar na capital, sem condições financeiras de se manter durante muito tempo, o engenheiro de computação - que na época era estudante- não sabia, que ali, estava o primeiro de muitos desafios que iriam surgir ao longo da trajetória acadêmica. 

image Local onde Risonaldo estudava para o vestibular Reprodução/ Arquivo pessoal)

Para ele, não foi fácil e exigiu horas de dedicação, além de muito esforço  "Nenhuma escola pública havia me preparado para a faculdade. Então, eu tive que estudar muito mais para me equiparar a turma e concluir a tempo. Desistir nunca foi uma opção. O que mais me fortaleceu no meio disso tudo era o apoio da minha família e entregar valor para a sociedade a partir dali”, disse Risonaldo.

Transformação de vidas

Hoje, já formado e empregado, o engenheiro Risonaldo consegue ajudar financeiramente a mãe e os irmãos. Mas, muito mais do que esse ganho em espécie, ele afirmou que o que fica é esse poder de transformação social que o sistema de cotas possui.  Para muitos, pode ser apenas um diploma, mas para o paraense, que veio de Capitão Poço (PA) e enfrentou muitos desafios, a entrega na universidade foi de grande valia.

image Risonaldo ao lado da mãe no dia da formatura Reprodução/ Arquivo pessoal)

“Desde a qualidade de vida até você saber que você concluiu uma etapa importante de sua vida com sucesso, sabe? Além disso, a gente aprende mais, a gente consegue ensinar mais a outras pessoas, entregar aquele olhar crítica que a universidade te proporciona. Eu consigo entregar valor a minha família e ajudar quem quer começar sua carreira na tecnologia”, disse. 

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