Operação “Tapa-buracos” já mapeou quase 500 pontos que exigem ações em vias na capital

Departamento de Obras Viárias (Deov) já identificou 433 pontos críticos em ruas de Belém. Esforço de manutenção ampliou equipes de 3 para 8 para atuar em diversos bairros. Entenda por que em uma cidade amazônica esse desafio é maior

Victor Furtado

A Região Metropolitana de Belém é um aglomerado urbano marcado pelo trânsito intenso - e também pela presença de muitos buracos nas pistas. Motoristas sabem: é quase impossível percorrer algum grande corredor viário da Grande Belém sem encontrá-los. E a convivência com crateras nas vizinhanças menos disputadas pelos carros também é algo comum, há muito tempo, na capital e nos demais municípios da zona metropolitana.

Parte desse problema vem do desgaste natural devido ao peso de veículos, parte pela falta de manutenção preventiva. O clima afeta, com chuva e sol em intensidades irregulares. Há ainda os problemas de encanamento, de materiais usados na pavimentação e até erros de execução da obra. Muitos são os motivos para um buraco abrir e começar a causar transtornos e riscos a motoristas, ciclistas, motociclistas e até mesmo a pedestres. E esteticamente, as crateras também não ajudam em nada a cidade. Financeiramente, podem gerar gastos inesperados a quem caiu numa "armadilha" do asfalto e danificou o veículo.

image Cratera no Comércio: buracos são um problema para muito além da mobilidade (Cláudio Pinheiro)

A rodovia Mário Covas é uma importante via, pois conecta outros grandes corredores entre Belém e Ananindeua. É uma rota de veículos pesados, rota de ônibus, rota de ciclistas entre os vários residenciais do entorno. E é uma via cheia de falhas, indo da capital até o município vizinho. À noite, alguns trechos ficam escuros e se torna difícil ver buracos antigos ou novos.

"Quem trafega pela Mário Covas com frequência sabe que é uma pista complicada. São muitas curvas, pontos estreitos, à noite fica escuro e parece que alguns buracos mais antigos só receberam remendos temporários. Sempre abrem outra vez e até maiores. É uma pista de certa velocidade e buracos são um perigo", pondera o motorista Elson Batista, que trabalha em uma empresa de logística e costuma passar pela rodovia.

"Quem trafega pela Mário Covas com frequência sabe que é uma pista complicada. São muitas curvas, pontos estreitos. À noite, fica escuro e buracos mais antigos, que só receberam remendos temporários, sempre abrem outra vez, e até maiores. É uma pista de certa velocidade. São um perigo", critica o motorista Elson Batista

image Passagem Dois de Junho está cada vez mais danificada por veículos de carga (Akira Onuma)

Na passagem Hortinha, entre as travessas Angustura e Barão do Triunfo, os moradores precisaram sinalizar o buraco com um sofá. Uma medida desesperada, apesar do tom jocoso, para chamar a atenção de um problema antigo.

"Já são pelo menos uns três ou quatro meses assim. E ainda tem as valas que já danificaram vários carros. Se bem que não é só aqui. Belém toda está assim e precisamos de uma solução", diz Johnantan Dias Brito, morador da área.

image Um sofá foi colocado para sinalizar a falha na passagem Hortinha (Thiago Gomes / O Liberal)

Outras vias possuem problemas crônicos com buracos. A rodovia dos Trabalhadores, próximo ao shopping center, teve uma falha abrindo cada dia mais. Agora é um buraco grande, capaz de causar danos sérios a qualquer veículo.

No cruzamento da travessa Angustura com a avenida Duque de Caxias, antes e depois do semáforo, há buracos que abrem com frequência, são fechados e abrem outra vez. Na passagem Dois de Junho, que conecta a Augusto Montenegro com o retorno da BR-316 para o Entroncamento (por dentro das feiras e supermercados da área), a pista está repleta de falhas devido ao peso de veículos para uma via não projetada para fluxo intenso de cargas.

"Já são pelo menos uns três ou quatro meses assim. E ainda tem as valas que já danificaram vários carros. Se bem que não é só aqui. Belém toda está assim e precisamos de uma solução", diz Johnantan Dias Brito, morador da passagem Hortinha

Sesan mapeou 433 pontos que exigem recuperação do asfalto em Belém

 

A redação integrada de O Liberal procurou a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), responsável pelos trabalhos na maior área urbana entre as administrações municipais da Grande Belém, para debater esses problemas, e saber que tipo de providências podem ser tomadas pelo poder público municipal para enfrentar os desafios dos buracos e crateras da capital e da RMB.

Com exclusividade, a Sesan esclareceu que, desde o início da atual gestão de Belém, o Departamento de Obras Viárias (Deov) já identificou e mapeou 433 pontos críticos em ruas com buracos na capital. É um número surpreendente: se um buraco fosse tapado por dia, a partir de hoje, o poder municipal levaria um ano, dois meses, uma semana e mais 24 horas, em termos aproximados, para resolver essa demanda da população.

image Cratera fechada na Estrela com Rua Nova, na Pedreira: chuvas são desafio ao asfalto (Thiago Gomes)

Frente a esse desafio, a Prefeitura de Belém diz que parte destes pontos já estão passando por manutenção, e o restante consta no cronograma de serviços do município, com um prazo de até 90 dias para recuperação. "O cronograma da Sesan parte do Tapanã até a Cidade Velha, cobrindo vários bairros como a Pedreira, Marco, Condor e Cremação, que eram os bairros em pior situação quando assumimos", detalha a secretária titular da Secretaria Municipal de Saneamento, Ivanise Gasparin.

"Vale ressaltar que esse quantitativo informado é variável, de acordo com o fluxo de veículos e volume de chuvas nas vias, podendo elevar esse número diariamente", lembra a secretária de saneamento. Para dar conta desse desafio, a Sesan lembra que ampliou para oito o número de equipes que fazem as ações de tapa-buracos na capital. Na gestação passada, elas eram apenas três.

A Sesan já trabalha na elaboração de um programa de ações para a cidade nos próximos quatro anos. "O programa contará com drenagem, pavimentação, revitalização, tapa-buraco e obras especiais (pontes e estivas de madeira). O planejamento estratégico do programa será concluído em até 30 dias", planeja a administração municipal

image Buraco na Angustura com a Lomas é histórico e só vem aumentando (Akira Onuma)

Com relação a projetos a longo prazo, a Sesan adiantou que já trabalha na elaboração de um programa de ações para a cidade nos próximos quatro anos. "O programa contará com drenagem, pavimentação, revitalização, tapa-buraco e obras especiais (pontes e estivas de madeira). O planejamento estratégico do programa será concluído em até 30 dias", planeja a administração municipal.

Sobre os locais apontados pela reportagem, a Sesan garantiu que a situação da passagem Hortinha, da passagem Dois de Junho e da rodovia dos Trabalhadores já estão programadas para reparos. A situação da Angustura terá uma análise técnica no local, diz a prefeitura. 

Setran diz que Mário Covas está em manutenção


Em resposta encaminhada a O Liberal sobre a manutenção da rodovia Mário Covas, a Secretaria de Estado de Transportes (Setran) disse à redação que está, desde a última quarta-feira (5), mantendo com três equipes de manutenção e conservação em toda a extensão da via.

"Os trabalhos ocorrem em toda a extensão da rodovia, que tem mais de sete quilômetros, compreendendo a interseção com a BR-316 até a avenida Augusto Montenegro. Estão sendo feitos serviços de remendo profundo, tapa-buraco e limpeza lateral da pista", detalhou a Setran.

Entenda por que o asfalto é um desafio na Amazônia


"Estudos mostram que um dos principais inimigos da pavimentação é a água", esclarece Antônio Pegado, diretor do Departamento de Obras Viárias (Deov) da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan). "Quando ela se movimenta no interior do pavimento e alcança a base, essa água satura as camadas adjacentes, principalmente se estas camadas forem de material impermeável e a situação só piora quando as laterais do pavimento estão bloqueadas, evitando o escoamento da água", ressalta Antônio Pegado.

"Um dos principais inimigos da pavimentação é a água", esclarece Antônio Pegado, diretor do Departamento de Obras Viárias da Sesan. "Quando ela se movimenta no interior do pavimento e alcança a base, essa água satura as camadas adjacentes, e a situação só piora, evitando o escoamento da água"

Assim, para ser estável numa condição de umidade, a pavimentação, explica a Sesan, precisa ser estruturada para isso desde o início da construção. "Quando isso não é feito, basta um período de intensas chuvas, somado a elevadas cargas de tráfego, para aparecerem os buracos que trazem transtornos a toda a população".

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