Mulheres ocupam cada vez mais espaço nas áreas tecnológicas
Desigualdade de gêneros ainda é grande na área
Um estudo realizado em 128 países pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), mostra que somente 35% do público nas instituições de ensino superior na área de exatas são mulheres. Essa realidade abrange os cursos de ciências, tecnologia, matemática e engenharia. O estudo mostra ainda que mulheres correspondem a somente 28% dos pesquisadores nesses países. E, segundo a pesquisa, o motivo disso é a influência do ambiente social e cultural.
A analista de Sistemas, Adelaide Evangelista, 39, atua na área tecnológica há 18 anos. Ela lembra que a maior dificuldade da sua profissão foi o reconhecimento. "Temos que provar a todo momento que nós somos competentes o suficiente para ocupar os cargos que nós exercemos. Sempre tive que demonstrar que tenho plenos conhecimentos sobre os assuntos", conta.
Adelaide deu aula de informática no início de sua carreira profissional, com aproximadamente 21 anos de idade. Ela conta que os homens desconfiavam de sua capacidade. "Eu era bem jovem e, já graduada, percebia que quando eu entrava em sala de aula alguns alunos, homens mais velhos, estranhavam o fato de uma moça jovem ensinar algo que ainda era predominante do público masculino. Conforme iam avançando os treinamentos, eles admitiam que eu tinha segurança no que estava fazendo e começavam a me respeitar. Eu tive que me esforçar muito para ser reconhecida", afirma.
Dentre as atividades executadas hoje por Adelaide na empresa em que trabalha, está a criação de aplicativos. Um deles é o "KD a Berlinda?", utilizado por devotos de Nossa Senhora de Nazaré durante o Círio, em Belém, para saber onde está a berlinda no trajeto da procissão. "Eu sempre fui muito curiosa e na época do pré-vestibular essa era uma área inovadora. Fiz um teste e dentre os resultados estava Tecnologia em Processamento de Dados. Decidi optar pela área tecnológica por ser mais desafiador", explica.
A analista afirma que é importante que as mulheres estejam presentes e tenham seu lugar nas áreas de tecnologia e engenharia. "É necessário que as mulheres estejam inseridas nesse contexto para amenizar a questão do gênero e diminuir a cultura de que algumas profissões são masculinas. Isso não existe mais. Temos mulheres notáveis na história da tecnologia", argumenta.
Adelaide conta que existem grupos que instigam outras a entrarem no mundo tecnológico. "Alguns grupos como Pyladies Brasil e Rails Girls Belém 2018 são voltados para meninas e mulheres que gostam da área, querem conhecer mais e desenvolvem projetos. O objetivo desses grupos é mostrar que não existe limite para as mulheres".
O empoderamento da mulher e a confiança no potencial que cada uma possui é a chave para que todas conquistem sucesso independente da área escolhida. Para a engenheira civil e analista de sistemas, Lena Veiga, a tendência para o futuro é a igualdade de gêneros. "Sabemos que vivemos em um mundo virtual. A tecnologia da informação está muito presente na nossa vida diária e a representação feminina é importante", afirma a Lena.
A engenheira afirma que ainda existe um preconceito natural em relação a mulher nessa área, principalmente na engenharia, quando há uma personalidade feminina gerenciando uma obra, por exemplo. "É preciso manter a firmeza, confiar no seu trabalho e se manter tranquila porque as mulheres possuem um olhar cuidado e detalhista, além de uma sensibilidade maior capaz de resolver qualquer demanda", afirma.
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