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Mato e sujeira tomam conta dos cemitérios públicos de Belém e causam indignação nos visitantes

No maior deles, o “Santa Izabel”, há muitas sepulturas quebradas; no do Tapanã o matagal cobre os túmulos

Dilson Pimentel

O mato e a sujeira tomam conta dos três principais cemitérios públicos de Belém. No maior deles, o Santa Izabel, no Guamá, também há sepulturas quebrados. No do Tapanã, o matagal cobre as sepulturas. E, no São Jorge, na Marambaia, também há muito mato. A situação só não é mais crítica porque as famílias contratam zeladores para fazer a limpeza e a manutenção das sepulturas nesses cemitérios.

Construído em 1878, o "Santa Izabel" é o mais antigo e o maior cemitério de Belém, e ocupa uma grande área onde estão sepulturas de importantes personalidades paraenses, entre as quais as do médico Camilo Salgado e do governador Magalhães Barata.

O cemitério registra quase 48 mil sepulcros, entre catacumbas, jazigos, mausoléus, ossuários e jardineiras, segundo a prefeitura de Belém. Ao perceber a presença da equipe de O Liberal no local, um trabalhador comentou: “Amigo, não livra a cara do cemitério. Aqui é só carapanã e aranha caranguejeira”. A reportagem conversou com outros trabalhadores, que também pediram para não ser identificados, pois trabalham há muito tempo no local.

Eles disseram que as ações de limpeza são intensificadas apenas em datas como o Dia das Mães, o Dia dos Pais e o Dia de Finados. Dependendo do tamanho da sepultura, eles cobram R$ 100 para fazer a limpeza do jazigo, deixando-o, como disseram, “branquinho”. E, para fazer a manutenção mensal, esse valor também oscila - entre R$ 50 e R$ 100.

"Cemitério só é cuidado às vésperas de algum evento", diz aposentado

Uma zeladora, que tem 40 anos de idade, metade dos quais trabalhando no Santa Izabel, reclamou da precariedade do cemitério. "A campina é só lá na frente. Aqui para trás é só porcaria. O cemitério está sujo”, disse.

O contador aposentado Rui Gonçalves, 82 anos, tem os pais e irmão sepultados nesse cemitério. “É uma situação deprimente”, contou. “Esse cemitério só é cuidado às vésperas de algum evento, como no Dia das Mães, dos Pais e de Finados”, disse.

Ainda segundo ele, a prefeitura deveria ter um “olhar especial" para o cemitério. Esse é um cemitério tradicional, antigo, onde muitas autoridades estão sepultadas. Então merece um certo zelo e cuidado das autoridades. Um dia eles estarão por aqui também”, afirmou.

Seu Rui disse que as pessoas que frequentam o cemitério se queixam muito da falta de segurança, apesar de ele afirmar nunca ter sido vítima de furto no local. Durante o período em que a reportagem esteve no local, não encontrou nenhum guarda municipal no cemitério.

image Contador aposentado Rui Gonçalves, 82 anos. “Esse cemitério (Santa Izabel) só é cuidado às vésperas de algum evento, como no Dia das Mães, dos Pais e de Finados”, disse (Ivan Duarte/O Liberal)

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"Como a gente vai entrar para visitar um parente nosso?”, perguntou técnico em conserto de celulares

Quem chega ao cemitério do Tapanã, no bairro de mesmo nome, tem a sensação de estar em um local abandonado. O mato, grande, cobre as sepulturas. As pessoas têm dificuldades de encontrar os túmulos. E, quando os localizam, o problema é chegar até o jazigo.

Técnico em conserto de celulares, Samuel Elias, 26 anos, tem um tio cujo corpo está sepultado no cemitério do Tapanã. “Está um descaso. A gente chega para visitar os familiares e a situação é essa que todos estão vendo: só mato. Não tem limpeza”, afirmou. “Como a gente vai entrar para visitar um parente nosso?”, questionou.

Samuel disse ter ficado surpreso com a altura do mato. “Égua, é um mangal? Só mato. Abandono mesmo com essa sociedade que já partiu. É triste”, contou. No cemitério São Jorge, também há muito mato, que cobre as sepulturas. E, nessa época de muita chuva, o mato cresce rápido. Também há sepulturas quebradas. E, na alameda Nossa Senhora da Conceição, parte do piso cedeu.

Localizado na rua da Mata, o São Jorge foi fundado em 1959 e ficou famoso por guardar a sepultura de Diene Ellen, "a Menina da Mala". O pai matou e esquartejou a garota, em novembro de 1973. Ela, que morreu na véspera do Dia de Finados, tinha dois anos de idade. Os pedaços do corpo da criança foram colocados dentro de uma mala.

image No cemitério do Tapanã, o matagal cobre as sepulturas (Ivan Duarte/O Liberal)

O que diz a Prefeitura de Belém

A Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) informou que nos dois cemitérios públicos administrados pelo órgão, o Santa Izabel, no Guamá, e o São Jorge, na Marambaia, são realizados diariamente serviços de roçagem, capinação, retirada de entulho e lixo nas alamedas e nos arredores das sepulturas.

Desde o início da nova gestão, a Prefeitura de Belém, por meio da Seurb, trabalha diariamente na limpeza dos cemitérios, para oferecer um ambiente digno para os visitantes durante o ano todo. A Secretaria reforça que a responsabilidade sobre a manutenção e zelo pelas sepulturas é dos proprietários. Em caso de violação ou dano, a administração do cemitério deve ser acionada para as providências cabíveis.

A Agência Distrital de Icoaraci (Adic), responsável pela administração do cemitério Parque do Tapanã, informou que, nos próximos dias um grande mutirão será realizado no cemitério, com os serviços de roçagem, capinação nas alamedas e nos arredores das sepulturas.

A Guarda Municipal de Belém informou que realiza diariamente rondas preventivas e ostensivas com motos e viaturas nos cemitérios municipais de Belém, que inclui o Santa Izabel, São Jorge e Tapanã. O serviço é feito na parte interna, com motos, e na área externa, com viaturas.

A Guarda pede a colaboração da população para contribuir com o serviço de segurança municipal denunciando ocorrências de depredação, roubos e furtos, pelo telefone 153 ou 190. Ao receber a denúncia, feita gratuitamente, uma viatura é encaminhada ao local. Depredação do patrimônio público é crime, sujeito a pena de reclusão, de seis meses a três anos, e multa.

 

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