Justiça Federal suspende autorizações de novos cursos EAD na saúde; Cofen celebra determinação

A decisão, em ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), aumenta a pressão para a melhoria dos processos de regulação e fiscalização dos cursos de graduação EAD

Gabriel Pires
fonte

A Justiça Federal determinou, em decisão liminar, a suspensão de novos processos de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos de graduação na área da saúde, na modalidade de Educação à Distância (EAD). A decisão, em ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), aumenta a pressão para a melhoria dos processos de regulação e fiscalização dos cursos de graduação EAD. A informação foi divulgada, nesta sexta-feira (20), pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).

Presidente do Cofen, Betânia Santos, celebrou a determinação, enfatizando que é um ponto positivo para a categoria. Ela critica, também, a ampliação massiva de cursos da saúde ofertados remotamente em todo o país. “É, sem dúvida, uma grande vitória para a enfermagem e para os conselhos profissionais da área da saúde, que vêm alertando o Ministério da Educação (MEC) sobre a proliferação desordenada de cursos sem condições mínimas de funcionamento”, afirma.

Já a representante do Cofen, Dorisdaia Humerez, afirmou, em audiência pública, realizada pela Câmara dos Deputados, que o Brasil está apostando em um ensino superior à distância de baixa qualidade. "Nossa crítica é a cursos pensados para gerar lucro mais fácil e rápido por empresas que precisam gerar dividendos a seus acionistas", pontua. “A área da saúde, em especial a enfermagem, exige habilidades teórico-práticas e relacionais, que não podem ser desenvolvidas sem contato com professores, pacientes e equipamentos de Saúde”, reforça.

VEJA MAIS 

image MEC: Proposta de graduação no modo EAD gera polêmica; entenda
Instituições ligadas ao Direito, Enfermagem, Odontologia e Psicologia preferem aulas presenciais, enquanto instituições particulares apoiam iniciativa do ministério

image Brasileiros preferem cursos online de curta duração para qualificação profissional
Pesquisa Skills Outlook Employee View ouviu trabalhadores de vários países

Coren Pará reitera posicionamento contrário à modalidade EAD

A presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-PA), Danielle Cruz, avalia que a ampliação da educação a distância é negativa. "Reiteramos nosso posicionamento contrário ao ensino na modalidade a distância para a formação de trabalhadores da saúde, em especial, da Enfermagem. Defendemos o ensino presencial de qualidade e voltado às necessidades de saúde do SUS e da população brasileira. Lutamos pela formação de enfermeiras e enfermeiros competentes e comprometidos com a qualidade do cuidado e da saúde da população", diz.

A presidente do Coren Pará afirma, ainda, que as tecnologias da informação e as metodologias ativas podem potencializar a formação, mas que não devem substituir o ensino presencial. "É fundamental que tenhamos currículos coerentes com as demandas de uma formação que valorize e privilegie a articulação entre a teoria e a prática, a vivência na comunidade e nos serviços de saúde. a interdisciplinaridade e a interprofissionalidade, o trabalho colaborativo, as experiências clínicas, educativas, de pesquisa e de gestão", afirma Danielle.

image Pará tem a segunda menor taxa de escolarização líquida de jovens de 18 a 24 anos
Pará possui 71 IES que ofertam cursos presenciais e 77, cursos EAD

Dados

Dados do Censo da Educação Superior 2022, divulgados na semana passada pelo MEC, revelam que 72% dos calouros do ensino superior privado estão matriculados em cursos não-presenciais. O ministro da Educação, Camilo Santana, classificou o cenário como “alarmante e desafiador”. No mesmo período, as matrículas no ensino superior presencial se reduziram 13,9%.

Consulta Pública

Está aberta, até 20 de novembro, consulta pública sobre graduação a distância em Enfermagem, Direito, Psicologia e Odontologia. A consulta está disponível on-line e é fruto da articulação dos conselhos profissionais, em defesa do ensino presencial e de qualidade. Em resposta a nota conjunta dos quatro conselhos, o ministério criou um grupo de trabalho, que recomendou “um limite de cursos ofertados que corresponda à capacidade regulatória, a fim de que se evite a proliferação de cursos de baixa qualidade”.

(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão de Lázaro Magalhães, coordenador do Núcleo de Atualidades)

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Belém
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BELÉM

MAIS LIDAS EM BELÉM