Isolamento pode agravar transtornos da mente

Diante do avanço do novo coronavírus e da necessidade de isolamento, é preciso manter a calma para lidar com as diversas mudanças que estão ocorrendo. Do contrário, não há saúde mental e organismo que resista ao medo e ao desespero. Porém, quem tem um transtorno da mente já convive com uma batalha permanente contra sofrimentos emocionais e gatilhos de nervosismo. Bem sabem quem já foi diagnosticado com ansiedade, síndrome do pânico, hipocondria ou transtorno obsessivo compulsivo (TOC).

Nos tempos do novo coronavírus, o melhor é buscar formas de amenizar os gatilhos para esses transtornos. Para começar, o mundo inteiro vive uma época de intenso consumo de informações. Nem todas são de credibilidade, sobretudo as que circulam sem fontes oficiais confirmadas e apenas chegam via redes sociais digitais.

O melhor é se acalmar, selecionar bem os conteúdos que serão consumidos, recomenda a psicóloga e psicoterapeuta Michele Oliveira Goulart. Sobretudo, conteúdos de canais oficiais ou veículos confiáveis. "Todas as medidas são para conter picos de contaminação. Não é preciso ver o isolamento, o fechamento de estabelecimentos, as quarentenas como uma ameaça de morte ou risco absurdo. É temporário", reforça.

Michele ainda ressalta que este é um momento novo. O vírus é novo e é como trocar o pneu com o carro ainda em movimento. Muito está sendo aprendido e testado neste momento. Há cientistas, em todo o planeta, se debruçando nas pesquisas por uma cura. Logo, a pandemia estará controlada e, possivelmente, com medicação para tratar. Basta seguir as orientações dos órgãos de saúde, que são amplamente divulgadas. E a maioria dos casos é leve e há cura dos pacientes.

"Como não somos indiferentes aos discursos que nos cercam, nossas emoções podem ser afetadas pelo teor das comunicações correntes. As fake news são permeadas por discursos de caráter conspiratório, projetam cenários catastróficos e disseminam medidas de cuidado falsas. Informação prestada de maneira séria, sóbria, eficaz, pautada em bases sólidas e confiáveis pode ser um fator de controle salutar da ansiedade. A imprensa séria tem essa responsabilidade também. Não podemos ceder ao pânico", analisa o psicólogo Alan Lima, professor do curso de Psicologia da Unama.