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Injeção para emagrecer: entenda o que é e como funciona o medicamento à base de semaglutida

Injetável semanal especifico para tratamento da obesidade é o primeiro a ser aprovado pela Anvisa

Laís Santana

Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta semana, o Wegovy (semaglutida 2,4mg), primeiro medicamento injetável de uso semanal para sobrepeso e obesidade, chegará ao mercado brasileiro trazendo esperança para pacientes e especialistas.

O médico endocrinologista Rubens Toffolo, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, explica que o princípio ativo da injeção é a semaglutida, substância semelhante ao hormônio GLP-1 produzida naturalmente pelo intestino. A diferença é que o hormônio natural possui ação de 10 minutos, enquanto que a ciência conseguiu sintetizar a substância e ampliar a eficácia para 7 dias.

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“Todo mundo produz esse hormônio e ele possui várias características. Toda vez que a pessoa ingere alguma coisa que tenha glicose ele vai ser estimulado, passando a atuar no pâncreas para a produção de insulina, no figado diminuindo a produção de glicose, mas ele tem uma ação no hipotálamo, essa é a mais importante, já que estimula a saciedade e diminui a fome. Na verdade, ele até diminui a inflamação do hipotálamo responsável por causar mais fome do que saciedade nos pacientes com obesidade”, pontua o especialista.

 

Além da medicação tratar a obesidade e o controle da glicose, o endocrinologista ressalta outros três benefícios da semaglutida: melhora a função renal do paciente, evita infarto e evita acidente vascular cerebral.

O tratamento com a semaglutida já é encontrado no mercado farmacêutico brasileiro nas apresentações de 0,25, 0,5 e 1 mg, indicadas para pacientes com diabete, mas que apresentam perda de peso importante em pacientes obesos que utilizam o medicamento “off label” para tratamento da doença. Atualmente, cada caneta com quatro aplicações da molécula custa em torno de R$ 800 a R$ 1.000 por mês. A venda da nova apresentação de 2,4 mg, indicada especificamente para tratamento da obesidade, está prevista para começar no prazo de 90 dias, período necessário para que o laboratório farmacêutico responsável pela fabricação realize o registro de preço. O medicamento promete reduzir até 17% do peso corporal em um ano e meio de tratamento. A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo são obesas.

Na avaliação do endocrinologista Rubens Toffolo, a aprovação traz esperança para o combate à obesidade no Brasil. “Nós já trabalhamos com obesidade há muito tempo e vivemos um hiato muito grande com relação ao tratamento da doença, então, o que vemos hoje em dia é que existe uma luz no final do túnel em relação à obesidade. É uma esperança nova para uma doença que ainda é um estigma para a maioria dos cientistas. Ainda não conseguimos vislumbrar a cura, mas temos esperança de que isso possa mudar a vida dos pacientes que sofrem de obesidade”, afirma.

image Há 11 meses, o médico endocrinologista Rubens Toffolo (a esq.) acompanha o tratamento de Bernardo Heleno (a dir.) que já perdeu mais de 60 kg (Thiago Gomes / O Liberal)

Medicamento e mudanças de hábito resultaram na perda de 60 quilos

Desde a adolescência, Bernardo Heleno, de 22 anos, briga com a balança e luta contra a obesidade. Ele conta que já passou por diversos tipos de tratamentos para perder peso, mas foi com a semaglutida que, há 11 meses, o jovem passou a caminhar em direção a uma vida mais leve e com mais saúde.

“A minha experiência foi ótima com as injeções, tive uma ótima aceitação, não tive muitos efeitos colaterais, o que eu mais senti foi o enjoo na parte da manhã logo ao acordar, no dia após a aplicação, mas tirando isso a experiência com ela tem muito boa, principalmente pela sensação de saciedade bem grande durante o dia, além de me ajudar a controlar a minha vontade de comer em horários que não precisava comer”, conta.
 

As doses da medicação injetável foram sendo ajustadas ao longo dos meses pelo médico endocrinologista que acompanha Bernardo, começando com 0,25 mg até chegar mais recentemente a 2,4 mg. Quando chegou no consultório médico, Bernardo pesava 165,7 kg e sofria com complicações da doença. De lá pra cá, ele já perdeu 61,7 kg, chegando a marca de 104 kg. A meta é chegar a marca abaixo dos 100 kg com o tratamento que também associa reeducação alimentar e atividade física.

"Como já estou bastante próximo [de bater a meta], eu espero continuar usando até alcançar o meu objetivo. Eu tenho que dizer com toda certeza que a medicação foi fundamental porque como um obeso eu já tentei várias vezes, de várias formas, já tentei sozinho e posso dizer que não é uma coisa fácil, que com força de vontade você consegue, quem diz isso está mentindo porque, por mais que você tente, chegue a chorar, se dedicar, logo aquela vontade passa e fica só aquela sensação de derrota", avalia o paciente. 

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