HIV: informação, testagem e tratamento são essenciais para uma vida saudável; vídeo

O acompanhamento é feito por uma equipe de multiprofissionais e inclui alimentação rica em nutrientes, sessões com psicólogos e exercícios diários

Camila Azevedo
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Belém possui atualmente 11.354 casos confirmados de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), incluindo adultos, crianças e gestantes. A incidência é maior em homens de até 29 anos, conforme mostram dados divulgados no painel epidemiológico disponibilizado pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Receber o diagnóstico de uma condição que ainda não tem cura conhecida, nem uma vacina preventiva, pode ser encarado como uma sentença, mas projetos sociais voltados para o acolhimento e testemunhos diários de luta e superação trazem um novo olhar de esperança para as 1.000 pessoas atendidas por mês que precisam de forças para encarar o tratamento e a rotina. 

O HIV é uma infecção sexualmente transmissível (IST) que pode também ser contraída por meio do contato com sangue infectado - através do uso de seringas compartilhadas -, ou verticalmente, quando é passado de mãe para filho durante a gravidez. Beijos, abraços, aperto de mãos, suor, lágrimas, etc, não são fatores de contágio. O vírus ataca diretamente o sistema imunológico da pessoa com a perda dos linfócitos T e os primeiros sintomas se desenvolvem cerca de um ou dois meses depois da exposição, sendo parecidos com os de resfriado. Ser soropositivo não significa ter aids; o quadro só evolui se não houver o cuidado necessário. 

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O preconceito e a falta de informação são grandes entraves na luta contra o HIV, tanto para quem é portador do vírus, quanto para a família e toda a sociedade. Entender que o dia a dia tem continuação e pode ser vivido de forma digna e saudável é o trabalho desenvolvido pela Organização Não Governamental (ONG) Arte pela Vida, que atua há 26 anos em Belém com a missão de promover maior qualidade no tratamento e na rotina da pessoa, além de políticas públicas que alcancem os que precisam. 

As atividades envolvem acompanhamento, rodas de conversa, acolhimento, assistência e doações, tudo pensado para promover a conscientização da importância de levar a sério as medicações. Davidson Porteglio, coordenador do espaço, explica que mostrar que é possível viver com o HIV de forma prática, com exemplos reais e de solidariedade, tem feito a diferença. “É um trabalho de aceitar a patologia e dizer: ‘Agora eu preciso viver, preciso seguir’. A pessoa não pode retroceder, ela pensa que o mundo acabou e mostramos com exemplos reais que temos. A vida continua, o estigma existe, a desconstrução deve ser real. Muitas vezes, eles precisam disso, de um sorriso, de um apoio para se sentirem com força”, afirma.

O tratamento, quando feito da forma certa e seguindo as recomendações, torna o vírus indetectável no organismo. Esse é o momento de maior comemoração para todos, pois reflete bem o resultado da luta. “Quando a gente leva a informação, o conhecimento e a pessoa começa a se tratar e a ficar bem, o vírus já não é mais detectado, aí a pessoa parece que descobre um novo mundo, você vê um sorriso diferente, a capacidade de luta dela, você a vê falando com facilidade”, diz Davidson. 

image A Arte pela Vida luta por políticas públicas que forneçam dignidade à pessoa que vive com HIV. O trabalho envolve, ainda, acolhimento e assistência (Márcio Nagano / O Liberal)

E foi pela busca de saúde em todos os âmbitos da vida que o fotógrafo e voluntário da Arte pela Vida Naldo Silva, de 48 anos, conseguiu superar as dificuldades que o HIV trouxe. Ele foi diagnosticado em 1994 e conta que a sensação que teve logo no início da descoberta foi de tensão, mas logo se reergueu para encarar a situação como deve ser encarada: com os cuidados constantes. “No início é difícil para todo mundo, as pessoas dizem que está tudo bem e não está, parece que o estigma de morte nos acompanha. É complicado, mas vamos seguir, a luta diária continua, a gente passa a ser mais cuidadoso, começa a se atentar para tudo”, ressalta.

O tratamento inclui atividades físicas, acompanhamento com nutricionista para uma dieta balanceada, sessões com psicólogo e uma total adesão aos fármacos indicados. Ou seja, é preciso uma equipe multiprofissional no processo. O vírus não está ativo no Naldo, que considera ter uma expectativa de vida boa e saúde integral. “Para ter sucesso e saúde, é importante a adesão total ao tratamento em todos os aspectos da vida. Eu não estou doente, estou vivendo com o vírus como quem vive com diabetes, hipertensão. Hoje eu vivo feliz, não me considero uma estatística, me considero uma pessoa feliz vivendo com HIV. O HIV passou a ser uma missão de vida”, conclui o fotógrafo. 

Testagem e tratamento podem ser feitos da rede pública

Só dá para saber se a pessoa é portadora do HIV por meio de testagem, já que os sinais não são tão fortes. Em Belém, a população pode contar com o serviço em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA). 

O coordenador da área técnica de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)/Aids e Hepatites Virais da secretaria, Edgar Barra, destaca que além de testar a população, o trabalho abrange prevenção e orientação. “Se o resultado for não reagente, ou seja, negativo para o HIV, é importante continuar se cuidando. A gente orienta para que usem preservativo. No caso de resultado positivo, ela é encaminhada para a Casa Dia e é recebida por uma equipe, realiza alguns exames gerais e exames para ver o nível do HIV e de células de defesa. É tudo gratuito”.

Serviço

Testagem de HIV em Belém:
- Todas as Unidades de Saúde
- Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) 

Endereço: Tv. Rui Barbosa, 1059, entre Rua Boaventura da Silva e Av. Gov. José Malcher
Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 7h às 12h e das 13h às 18h.
Contato para dúvidas: 99232-2725

- Casa Dia
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, 3371 - Sacramenta
Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h
Contato: (91) 3236-3155

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