Família de indígenas Warao improvisa acampamento em praça de Belém
São 36 venezuelanos, dentro adultos, crianças e idosos

Uma família com 36 venezuelanos da etnia Warao está vivendo em um acampamento improvisado na praça da avenida Romulo Maiorana, quase na esquina da travessa Humaitá, no bairro do Marco, em Belém. De acordo com o líder do grupo, Fred Cardona (33), eles saíram da cidade de Maturín, do estado de Monagas, porque sua comunidade também foi vítima da miséria causada pela crise econômica no País.
Fred chegou à capital há cerca de um ano, mas sem seus parentes. Sua primeira estadia foi em um abrigo na travessa do Chaco, no Marco, até se mudar para uma residência alugada no município de Ananindeua. Após esse tempo arrecadando dinheiro como pedinte nos semáforos da cidade, ele conseguiu bancar a viagem de vinda da esposa, dos cinco filhos, sobrinhos, sogros, primos, dentre outros familiares, que chegaram a Belém no último domingo (31).
"Tentei levar toda minha família para morar comigo em Ananindeua, mas a dona da casa não deixou. Ficamos nessa praça, mas estamos precisando de ajuda. Sem comida, sem roupa, sem água. Precisamos do apoio de Belém. As crianças precisam de consulta médica. E um lugar para morar. Aqui na rua não é seguro", contou Fred.
Eles cobriram os arcos da praça com um grande plástico preto como se fosse uma barraca. Embaixo, várias redes, cobertores, mochilas, sacolas e até um sofá. Também estão vendendo artesanato e contam com a ajuda de alguns moradores da área para arrecadação de roupas e outros utensílios de necessidade pessoal, além de água, que fica armazenada em baldes.
Segundo a dona de casa Regina Neide, que mora no Chaco, próximo da praça, a família Warao já foi vítima da insegurança e do ataque de criminosos. "Apontaram armas para eles nesse canteiro mesmo. Ficaram morrendo de medo. A gente ajuda como pode. Deixo que eles temem banho da minha casa. Dou algumas roupas também", contou.
MONITORAMENTO
A Prefeitura de Belém, por meio meio da Fundação Papa João XXIII (Funpapa), informou que está monitorando o grupo instalado na avenida Romulo Maiorana. A Funpapa confirma que o grupo chegou recentemente à capital, vindo do município de Santarém, região Oeste do Pará.
"A Prefeitura segue em busca de residências para abrigar os refugiados que estão em Belém. Recentemente, foram apresentados três imóveis para a análise do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), que acompanha a situação dos Waraos na capital, mas os locais não atendiam as recomendações do órgão. A PMB esclarece que a verba repassada pelo Governo Federal ao município é para atender 300 indígenas", explicou em nota.
"Com relação ao abrigo, a Prefeitura possui um local, na avenida Perimetral, que acolhe os indígenas Warao. Atualmente, o abrigo municipal atende aproximadamente 100 refugiados. São fornecidos alimentos tanto para os venezuelanos que estão no abrigo do município, quanto para grupos que estão no bairro da Campina e no distrito de Icoaraci", acrescentou a nota.
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