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Exame de saliva é alternativa para controle da covid-19 em crianças

Entenda porque o método é opção eficiente e menos invasiva para várias situações

João Thiago Dias

Bem mais simples e menos invasiva, a testagem molecular da saliva, como método eficiente para diagnóstico da covid-19 em crianças sintomáticas, foi validada por pesquisadores do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP), em colaboração com o Serviço Especial de Saúde de Araraquara (SP). Em adultos, a análise da saliva para esse tipo de diagnóstico já havia apresentado uma sensibilidade variando de 80% a 100%, mas ainda não havia um estudo que corroborasse tal procedimento em pediatria.

As informações foram divulgadas no dia 13 de abril, por meio da agência de notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que apoiou o estudo. Ao todo, foram investigadas 50 crianças que procuraram atendimento em Unidade Básica de Saúde (UBS) com sintomas leves relacionados à covid-19. Os pesquisadores coletaram amostras e secreção nasofaríngea e de saliva e submeteram ambas ao teste de RT-PCR, considerado padrão-ouro para o diagnóstico da doença.

“Obtivemos a mesma performance diagnóstica, com sensibilidade de aproximadamente 90%, para amostras de saliva e esfregaço [swab] de nasofaringe”, explicou Braz-Silva, um dos coordenadores do estudo, que está disponível na plataforma medRxiv, ainda sem revisão por pares. “Dez crianças apresentaram resultados positivos para o SARS-CoV-2. E o diagnóstico por amostras de saliva mostrou-se tão eficaz quanto o diagnóstico por esfregaço de nasofaringe”, informou Braz-Silva.

“Obtivemos a mesma performance diagnóstica, com sensibilidade de aproximadamente 90%, para amostras de saliva e esfregaço [swab] de nasofaringe”, explica Braz-Silva, um dos coordenadores do estudo. “Dez crianças apresentaram resultados positivos para o SARS-CoV-2. E o diagnóstico por amostras de saliva mostrou-se tão eficaz quanto o diagnóstico por esfregaço de nasofaringe”

“O uso da saliva para diagnóstico da covid-19 em crianças abre uma perspectiva de entendimento de como a circulação do SARS-CoV-2 se dá nessa faixa da população, ainda mais com a reabertura de escolas. A obtenção da amostra é tão simples que, dependendo da idade, pode inclusive ser adotada a autocoleta”, acrescentou o pesquisador, em entrevista à Agência Fapesp. 

image Uso do teste salivar mostrou bons resultados (Cláudio Pinheiro / O Liberal)

Alternativa aos swabs nasofaríngeos


Desde o início da pandemia, a reação em cadeia da polimerase de transcrição reversa (RT-PCR) para detectar o SARS-CoV-2 foi considerado o teste padrão ouro, e até agora, é o método principal para o diagnóstico da covid-19 aguda, utilizando amostras do trato respiratório superior por swabs nasofaríngeos. Agora, também conta com a opção de ser realizado na saliva.

De acordo com o médico e biomédico David Bichara, especialista em patologia clínica, de Belém, o uso de amostras de saliva tem uma série de “vantagens clínicas”, é menos invasivo e mais conveniente para os pacientes em comparação com a coleta de material pelo nariz. Em segundo lugar, com instruções claras, os próprios pacientes podem coletar a saliva, minimizando assim o risco de transmissão do vírus para profissionais de saúde e evitando o uso de equipamentos de proteção individual. Além de ser um grande benefício principalmente para crianças, pois muitas das vezes não existiam swabs para coleta infantil.

"O uso potencial da saliva é cientificamente comprovado, uma vez que foi demonstrado que na saliva encontramos vírus vivos, possivelmente contendo um pool proveniente de material do trato respiratório inferior, nasofaringe e glândulas salivares infectadas", explicou Bichara.

Vários estudos mostraram que as cargas de vírus salivares corresponderam à gravidade da doença e diminuíram após a recuperação do paciente. Semelhante aos estudos com amostras de nariz ou garganta, esses relatórios mostraram que o SARS-CoV-2 ainda pode ser detectado na saliva em um terço dos pacientes 20 dias ou mais após o diagnóstico inicial, apoiando, assim, a ideia de que a saliva pode representar uma amostra para triagem de pacientes com infecção pelo SARS-CoV-2, conforme detalhou o especialista.

"Já existem vários kits comerciais aprovados e utilizados em Belém, para realização de testes covid-19 utilizando como material biológico a saliva, como o RT-PCR e o Teste de Antígenos. Os testes de saliva geralmente exigem que os pacientes cuspam em um tubo, o que os torna muito menos invasivos do que os métodos atuais de coleta com cotonete pelo nariz e garganta. O lado positivo é o imenso benefício em nível populacional de não ter que ficar cara a cara com um profissional de saúde, o que coloca duas pessoas em risco", ponderou.

David Bichara observou que o teste salivar começou a ser realizado na capital há alguns meses, em pessoas de várias faixas etárias. "Está recomendado do primeiro ao sétimo dia do início dos sintomas ou para contactantes ou, ainda, como pré-operatório de cirurgias eletivas ou viagem internacional. Recomendação é não beber água 10 minutos antes e não comer 30 minutos antes. O paciente é orientado a salivar e cuspir no frasco fornecido pelo laboratório. Mais ou menos 2ml de saliva é o necessário. Se for RT-PCR rápido, o resultado será em até 2h. Teste de antígeno, resultado em até 15 minutos", detalhou.

De acordo com o médico e biomédico David Bichara, especialista em patologia clínica, de Belém, o uso de amostras de saliva tem vantagens clínicas, é menos invasivo e mais conveniente para os pacientes em comparação com a coleta de material pelo nariz. "Os testes de saliva geralmente exigem que pacientes apenas cuspam em um tubo. Outro lado positivo é o imenso benefício em nível populacional de não ter que ficar cara a cara com um profissional de saúde, o que coloca duas pessoas em risco", pondera

image David Bichara: técnica torna mais segura a coleta (Cláudio Pinheiro / O Liberal)

Diferenças


O especialista em patologia clínica também comentou que o diagnóstico rápido e preciso da covid-19 é vital para a contenção da doença tanto no hospital quanto na comunidade. A coleta utilizando cotonetes que são introduzidos pelo nariz, requer contato próximo com os pacientes, profissionais de saúde treinados, tempo suficiente e, portanto, um "trabalho de alto risco".

Já a coleta de amostras salivares não é invasiva e pode ser autocoletada a qualquer momento e repetidamente e minimiza muito a exposição dos profissionais de saúde a covid-19. "Além disso, a saliva também pode ser um biofluido sensível e apropriado, uma alternativa aos swabs de nasofaringe para a triagem de infecções assintomáticas ou pré-sintomáticas pelo SARS-CoV-2 e também desejável para o monitoramento sequencial da carga viral", disse Bichara.

"Em conclusão, as amostras de saliva podem ser usadas em vez de amostras coletadas com cotonetes para detecção de SARS-CoV-2. Investigar o novo coronavírus com a saliva é mais barato, mais fácil para o paciente, e o mais importante, apresenta muito menos risco de contaminação do SARS-CoV-2 para os profissionais de saúde", pondera Bichara.

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