Macaxeira frita: empreendedorismo conecta mandioca, mulheres e dignidade
Hoje, os produtos do Empório São Miguel circulam em feiras, restaurantes, lanchonetes e, mais recentemente, chegam também direto às casas dos consumidores, por meio do delivery
Conhecido pelos bolinhos de macaxeira e pela mandioca frita feita na hora, o agrônomo Miguel Lopes, proprietário do Empório São Miguel, tem chamado atenção não só pela qualidade dos produtos regionais que oferece, mas, sobretudo, pelo modo como estrutura sua rede de fornecimento, que é baseada em solidariedade, valorização do trabalho feminino no campo e reconstrução de vidas por meio da agricultura.
O projeto começou logo após a pandemia da covid-19. Diante de produtores rurais com estoque encalhado e sem para quem vender, Miguel decidiu agir. “O que a gente viu naquele momento era a necessidade de ajudar essas pessoas. Então a gente garantiu a compra da produção deles, 100%. Hoje o produtor não precisa mais sair de casa: a gente vai até ele, compra tudo e leva para nossa área de processamento, em Castanhal”, conta o agrônomo.
Mas o impacto vai muito além do escoamento da produção. Mulheres com mais de 50 anos, antes excluídas do mercado de trabalho, hoje ocupam posições centrais na cadeia de beneficiamento da mandioca. São elas que recebem a matéria-prima, fazem a limpeza, o preparo e participam da criação de novos produtos. “Elas são a nossa joia rara”, afirma Miguel. “A gente dá todo o suporte, tem todo o cuidado, e elas retribuem isso com um trabalho de excelência. É muito gratificante ver famílias sendo beneficiadas com o que fazemos”, completa.
Recomeço após a depressão
Entre as histórias que Miguel acompanha, há muitas de superação. Agricultoras que enfrentaram depressão, luto e situações de vulnerabilidade encontraram na terra uma forma de recomeço. O cultivo da mandioca se tornou mais do que uma fonte de renda: virou ferramenta de cura emocional e resgate da autoestima.
Hoje, os produtos do Empório São Miguel circulam em feiras, restaurantes, lanchonetes e, mais recentemente, chegam também direto às casas dos consumidores, por meio do delivery. “Muita gente provava nosso produto na feira, elogiava, mas queria poder comprar no dia a dia. Agora estamos conseguindo atender esse público também”, comemora.
A mandioca, base da culinária amazônica, ganha nova vida nas mãos dessas mulheres e no trabalho coletivo articulado por Miguel. Uma raiz que, para além do alimento, oferece também sustento, inclusão e afeto.
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