CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Dia Mundial sem Tabaco alerta para os perigos do fumo há 32 anos

No Pará, 563 pessoas desenvolveram câncer na traqueia, brônquios e pulmões

Redação Integrada

O Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio) foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A instituição aponta que o Brasil é o 8º país do mundo em número de fumantes: 18 milhões, em dados de 2018, apesar de uma queda constante desse índice. Isso representa, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14,7% da população nacional. A data tem o objetivo de permanecer alertando sobre os perigos do tabagismo. Os riscos não afetam apenas o fumante. Quem fica próximo também está sujeito a adoecer. E o meio ambiente é igualmente afetado.

Tabagismo é doença, com registro do Código Internacional de Doenças (CID). Para alguns profissionais da medicina, como o pneumologista Cleonardo Augusto da Silva — professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e médico do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) — o fumante é quase uma pessoa com deficiência. E não existe fumo seguro, em nenhuma dose, afirma. Fumar sempre causa problemas ao organismo. Até mesmo os "cigarros eletrônicos".

Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus) revelam que, em 2017, no Pará, 563 pessoas desenvolveram câncer na traqueia, brônquios e pulmões. No ano passado, o número de internações de pacientes com esses três tipos de neoplasias malignas chegou a 205 — das quais 142 só em Belém — e, nos três primeiros meses de 2019, a 64 internações.

Na mais recente pesquisa realizada pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, o índice de fumantes em Belém, por exemplo, cresceu. O percentual, que era de 5.5% em 2015, saltou para 7.6%, em 2017. Pelo levantamento feito somente nas capitais brasileiras, a frequência de pessoas que declararam fumar 20 ou mais cigarros por dia é de 2,4% na cidade. 

Todos os seres humanos, diz Cleonardo, possuem uma pequena quantidade de nicotina (uma das milhares de substâncias do cigarro) no organismo. Mas o dependente químico do cigarro precisa sempre de mais e mais dela. Sem essas doses crescentes, não consegue desempenhar determinadas atividades que pessoas não-dependentes desempenham normalmente. É uma das principais causas de morte totalmente evitável.

"O tabagismo é uma drogadicção, igual a dependência a álcool e drogas ilícitas. Mas foi tanto tempo que as pessoas foram estimuladas a fumar, que nem percebem que se trata de uma doença. Não é um hábito. E o difícil não é parar de fumar, é decidir parar. A sensação de recompensa de um cigarro é muito intensa. Algumas pessoas podem tentar de cinco a seis vezes parar antes de realmente conseguir. Há medicações e tratamento para ajudar a deixar de fumar. Só funciona se o fumante estiver disposto a parar mesmo", observa o médico e professor.

Durante um cigarro, o fumante ingere e expele as 4.720 substâncias tóxicas presente na droga, das quais 70 são comprovadamente cancerígenas. Essas substâncias serão ingeridas pelos fumantes passivos — os que apenas estão no alcance da fumaça expelida — e afetam o meio ambiente. É uma forma de poluição semelhante à descarga de um carro, atesta Cleonardo. "Todo dia é dia de combater o tabagismo", reforça.

Quem compra cigarros autorizados e legalizados já deve estar acostumado a ver, nas embalagens, o tipo de prejuízos que terá por consumir o produto. Mas o pneumologista reforça: perda de paladar; irritação dos pulmões; produção de secreção; falta de ar; tosse; diversos tipos de câncer; risco de derrames; risco infartos; envelhecimento precoce; suor fétido; escurecimento dos dentes; mau-hálito; impotência sexual; e um tremendo prejuízo financeiro.

Na avaliação do professor e médico, os impostos que incidem sobre os cigarros já são baixos demais. Quaisquer alívios fiscais são arriscados porque podem facilitar o acesso. Por outro lado, impostos elevados demais vão levar os dependentes químicos a buscar cigarros contrabandeados e ilegais, que são mais baratos e causam ainda mais prejuízos que os produtos legalizados no Brasil.

"Quando se para de fumar, em pouco tempo é possível perceber benefícios.  Quanto mais tempo sem fumar, melhor. Porém, o risco de câncer só é reduzido, de fato, depois de 20 anos sem fumar. E começa a economizar. Fumar é caro. Principalmente para quem já chegou a três maços por dia. A legislação restritiva ajuda e precisa sempre avançar", conclui Cleonardo.

Saiba o que fazer se quiser parar de fumar no Pará

As pessoas interessadas em parar de fumar no Pará devem procurar informações na unidade de saúde mais próxima de sua casa. O programa funciona em 80 municípios do Estado, com profissionais habilitados para conduzir o tratamento. 

A Prefeitura Municipal de Belém oferece, em 12 Unidades Municipais de Saúde e em duas Estratégias de Saúde da Família, o Programa de Controle do Tabagismo, que auxilia os fumantes a alcançar o objetivo de parar de fumar, fornecendo todas as informações e estratégias necessárias para direcionar seus próprios esforços nesse sentido.

O programa faz o acompanhamento do paciente durante um ano e oferece atendimento multiprofissional com médico, enfermeiro, psicólogo, nutricionista, assistente social e orientação odontológica.

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) mantém o Centro de Referência em Abordagem e Tratamento ao Fumante, disponível para a população no térreo da Unidade de Referência Especializada (URE) da avenida Presidente Vargas, nº 512, próximo à esquina com a rua Riachuelo. No interior do Estado, o serviço funciona a partir da iniciativa de cada Secretaria Municipal de Saúde.

A Sespa oferece um tratamento gratuito à pessoa que quer parar de fumar, atendendo cerca de 45 novos dependentes por mês. Em 16 anos, já foram atendidas mais de 7 mil pessoas e outros cerca de 5 mil estão com matrícula ativa no serviço.

O procedimento inicia com os exames que vão identificar o quadro clínico e de tabagismo do paciente, segue com a sua admissão em um grupo com outros dependentes para uma abordagem cognitiva comportamental, que busca entender o porquê de ele se tornar fumante e os motivos pelos quais ele quer parar. Avaliados os níveis de dependência, eles podem ser tratados com medicamentos receitados ou com o TRN, a Terapia de Reposição de Nicotina.

 Confira os locais onde é oferecido o Programa de Controle do Tabagismo pela Sesma, em Belém:

- Unidade Municipal de Saúde Guamá

- Unidade Municipal de Saúde do Jurunas

- Unidade Municipal de Saúde da Tavares Bastos

- Unidade Municipal de Saúde da Terra Firme

- Unidade Municipal de Saúde da Sacramenta

- Unidade Municipal de Saúde do Tapanã

- Unidade Municipal de Saúde da Marambaia

- Unidade Municipal de Saúde Benguí II

- Unidade Municipal de Saúde do Telégrafo

- Unidade Municipal de Saúde de Maracajá

- Unidade Municipal de Saúde de Icoaraci

- Unidade Municipal de Saúde do Paraíso dos Pássaros

- Estratégia de Saúde da Família do Aeroporto (Mosqueiro)

- Estratégia de Saúde da Família de Fídelis (Outeiro)

O atendimento acontece de segunda a sexta, de 14h às 17h, nas unidades municipais de saúde do  Guamá, Jurunas, Tavares Bastos, Terra Firme ,Sacramenta, Tapanã,  Marambaia, Benguí II, Telégrafo, Maracajá, Icoaraci, Paraíso dos Pássaros e Pratinha, além das Estratégias de Saúde da Família do Aeroporto (Mosqueiro) e de Fídelis (Outeiro).

Os benefícios progressivos de parar de fumar:

20 minutos: a pressão volta ao normal

8 horas: as taxas de nicotina e de monóxido de carbono caem pela metade e o oxigênio volta ao normal

24 horas: o monóxido de carbono é eliminado do corpo

48 horas: a nicotina é eliminada, melhorando o olfato e o paladar

72 horas: a respiração fica melhor

2 a 12 semanas: a circulação melhora. Caminhar torna-se mais fácil e a função pulmonar melhora em até 30%. A circulação sanguínea melhora consideravelmente.

3 a 9 meses: tosse, barulhos na respiração e problemas respiratórios diminuem na medida que a função pulmonar melhora

6 meses: caem as infecções respiratórias e melhora a circulação

1 ano: o risco de morte por doença cardiovascular cai pela metade

5 anos: Menor risco de AVC, além do risco de infarto do miocárdio e morte por ataque cardíaco se aproxima daquele que nunca fumou.

10 anos: o risco de morte por câncer de pulmão cai entre 30% e 50%. Redução dos riscos de câncer na boca, garganta, esôfago, bexiga, rim e pâncreas.

20 anos: o risco de tumores entre um ex-fumante é similar a quem nunca fumou

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Belém
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BELÉM

MAIS LIDAS EM BELÉM