Dezenas de indígenas Warao voltam a ocupar praça no Marco
O grupo é formado por 72 indígenas, entre os quais 40 crianças

Mais dois grupos de indígenas Warao refugiados da Venezuela chegaram a Belém recentemente. Eles somam 72 pessoas, das quais 40 são crianças, e fazem moradia em uma praça na avenida Romulo Maiorana com a travessa Humaitá, no bairro do Marco, há pelo menos três semanas. No último dia 12, outro grupo, formado por 24 indígenas da mesma etnia vivia no lugar e foi encaminhado para abrigos pela Prefeitura de Belém.
Os atuais ocupantes do espaço improvisaram o lugar para servir de abrigo com coberturas de lonas. Eles contam, ainda, com as sombras das árvores do logradouro. Ali fazem todas as tarefas domésticas e necessidades pessoais. As crianças se divertem com os brinquedos em madeira existentes na pracinha.
Os Warao demonstram timidez com as pessoas que não conhecem. Mas sempre sorriem e brincam quando estão em contato uns com outros. Pedro Martinez, 40 anos, foi um dos que aceitaram conversar com a reportagem. Ele fala português misturado com espanhol e contou a razão do grupo a que ele pertence, formado por 25 pessoas da mesma família, vir para Belém.
“Saímos da Venezuela por conta da crise política e econômica. Lá não tem água, energia, não tem nada. Precisamos de ajuda do Brasil como remédio, comida, trabalho e ajuda para nossas crianças. Sabemos trabalhar com agricultura. Para chegarmos aqui passamos por Santa Helena, Boa Vista e Manaus. Resolvemos vir para Belém porque aqui as pessoas são boas, humanas, têm coração bom, nos tratam melhor”, disse Martinez, que atuava como educador familiar e físico junto aos Warao na Venezuela.
Agora ele trabalha como sapateiro pelas ruas. Com a nova atividade, consegue entre R$ 30 e R$ 80 por dia para ajudar o grupo, principalmente na compra de alimento e medicação. Na pracinha, alguns produzem artesanato para a venda. Martinez pretende conseguir um emprego e ficar na cidade. “Quero trabalhar com pintura ou como ajudante de pedreiro. Não tenho muito interesse de ir para abrigo, pois quero conseguir melhorar minha vida para trazer minha filha, que tem 25 anos, da Venezuela pra morar em Belém”, afirmou.
A Prefeitura de Belém já esteve na praça para conversar com os grupos e teria dito que vai encaminhá-los a um abrigo nos próximos dois meses. Na pracinha, ainda segundo Martinez, crianças e adultos já receberam vacinas. Algumas crianças estão gripadas. A reportagem procurou a Prefeitura de Belém para saber quais medidas serão tomadas para ajudar os refugiados, mas, ainda não obteve resposta.
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