Ciop registrou cerca de 200 trotes por dia em 2020
Ligações falsas causam diversos prejuízos à população
O Centro Integrado de Operações (Ciop) registrou, no ano passado, uma média de seis mil trotes por mês, o que representa cerca de 200 ligações falsas diariamente.
Em 2020, entre as ligações atendidas na central 190, verificou-se que 239.884 (21%) foram ocorrências geradas na região metropolitana de Belém e 71.596 foram ligações falsas (6,36%), os chamados trotes. Em 2019 foram registradas 97.406 ligações falsas (trotes) ao Ciop.
Já em 2020 foram computadas 73.670 ocorrências falsas, o que representa uma redução de 24%, informou a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup).
Em entrevista à Redação Integrada, nesta segunda-feira (11), o diretor do Ciop, coronel Francisco Nóbrega divulgou os números de 2020 e comentou os problemas ocasionados pelos trotes.
“São prejuízos sociais que decorrem quando há trotes para chamadas de urgência/emergência, como perda de tempo no serviço dos atendentes; perda de recursos disponíveis ao deslocar viaturas para um caso inexistente; e perda social, pois deixa-se de atender um caso verídico (uma pessoa que realmente necessita ser atendida pelo sistema)”, disse.
A partir dos dados registrados nas ocorrências e avaliados os casos de ligações classificadas como falsas (trotes), ele informou que os atendentes percebem, pela voz e pelo desenvolvimento da conversa, que são crianças, pré-adolescentes e até mesmo pessoas com problemas psiquiátricos os que mais fazem esse tipo de chamada, afirmou o coronel Nóbrega.
Atendentes são treinados para atendimento de urgência e emergência
Ele acrescentou: “Fazemos uma análise das chamadas de trotes e encaminhamos aqueles contatos de maior frequência à Polícia Civil, que realiza o inquérito policial e/ou termo circunstanciado de ocorrência (TCO). Os referidos processos são encaminhados, ao final, ao Poder Judiciário para as medidas legais previstas em lei”, explicou.
Os atendentes são pessoas treinadas para atendimento de urgência e emergência em segurança pública. Eles fazem perguntas estratégicas e rápidas para atender o mais rápido possível o cidadão.
Essas pessoas, ao atenderem uma chamada, fazem perguntas orientadas (protocolo de atendimento), pois são informações necessárias e rápidas que precisam ser anotadas para proceder com o despacho - isto é, repassar o caso para o representante do órgão específico (Sistema de Segurança) para cada situação, como Polícia Militar, Polícia Civil, Detran, Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária), Corpo de Bombeiros e Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. E, para a ocorrência ser feita, é preciso o nome do cidadão, para uma identificação, diferente do disque-denúncia (181), que é sigiloso.
Autores de trotes ficam nervosos ao responder as perguntas
“Diante dessas perguntas, algumas pessoas não sabem responder, ficam nervosas, respondem algo sem contexto e até desligam o telefone. Então, esses são alguns pontos que ajudam a identificar uma pessoa quando realiza uma chamada falsa”, acrescentou o diretor do Ciop.
Há três tipos de casos de trotes. O primeiro são os trotes clássicos, que são aqueles casos que contam uma piada, riem, gritam etc.). O segundo são as ligações falsas em que as pessoas não sabem responder ao que o atendente pergunta, a pessoa fica perdida. E o terceiro tipo são aquelas ligações em que a pessoa cria uma história, responde todas as perguntas como se fosse verdade.
E, neste caso, o atendente repassa a chamada para o despachante e a equipe e viaturas são deslocadas para o lugar – e, somente chegando ao local indicado, é que percebem que era uma chamada falsa, pois o caso não existe.
“A partir disso, registra-se essa ligação como trote. Então, verifica-se no sistema operacional do Ciop os números de telefones que geraram essas ligações falsas, e são repassadas para a Polícia Civil para apuração”, contou.
O coronel Nóbrega explicou que a ligação falsa para órgãos públicos é classificada como crime. “Então, trote para o 190 é crime, de acordo com o artigo 340 do Código Penal Brasileiro, e tem como penalidade multa e detenção de até seis meses.
Também foi criado um projeto de lei para punir também esses atos com suspensão e cancelamento definitivo da linha telefônica e multa de R$ 500,00 pela infração”, explicou.
“São medidas que acreditamos que buscam ajudar, pois é uma maneira de falarmos mais sobre o assunto, conscientizarmos a população para o uso real do serviço público e ver a punição ocorrendo diretamente ao autor da linha telefônica. Assim, acreditamos que o cidadão vai ficar mais vigilante e temeroso”, acrescentou.
Há alguns anos, o Ciop tem realizado campanhas de conscientização contra o trote ao 190. “A ideia é conscientizar a população, por meio das redes sociais, projetos e até com a imprensa, pois busca-se interagir para sensibilizar jovens, e também os pais, responsáveis e professores para todos serem agentes de opinião e levarem para seu filhos/alunos a importância real do serviço do Ciop 190, a fim de que evitarmos brincadeiras e ligações falsas para o 190”, afirmou o coronel Nóbrega.
“Além disso, pedimos também o bom senso e conscientização nas escolas e nas famílias, para que os pais e educadores responsáveis nos ajudem a mostrar a importância do serviço de urgência e os malefícios de um trote ao sistema de segurança e a demais órgãos públicos”, completou.
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