Belém celebra Dia Mundial do Meio Ambiente com refúgios verdes no coração da cidade
Um desses espaços é o Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna, que tem 1.393 hectares de área verde conservada
O Dia Mundial do Meio Ambiente é celebrado nesta quinta-feira (5) e Belém, que se prepara para a COP 30, em novembro deste ano, conta com áreas verdes no coração da cidade. Um desses refúgios é o Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna, que é gerenciado pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) e pela Organização Social (OS) Pará 2000.
Gerente de Biodiversidade do Ideflor-Bio, a bióloga Mônica Furtado disse que é imensa a importância do parque para Belém. “Somos agraciados por termos uma unidade de conservação de proteção integral localizada no centro da região metropolitana, o que proporciona aos moradores de Belém, aos visitantes, turistas e ao Estado do Pará como um todo a possibilidade de interagir com um espaço ecologicamente conservado”, comentou.
O parque oferece um ambiente ecologicamente equilibrado, representando um pedaço do bioma amazônico preservado dentro da cidade. “Ele revela e preserva espécies nativas da flora amazônica, bem como fauna associada, como as macrófitas aquáticas (plantas aquáticas) e outros animais presentes nos ecossistemas locais. Também é essencial a conservação dos mananciais, como o Lago Água Preta e o Lago Bolonha, fundamentais para o abastecimento hídrico da cidade”, destacou.
O espaço tem 1.393 hectares de área verde conservada e com gestão eficiente, observou. Trata-se, portanto, de um verdadeiro refúgio ecológico, que representa a biodiversidade da região amazônica e do Estado do Pará. O Parque do Utinga foi criado em 1993 e integra a Área de Proteção Ambiental (APA) da Região Metropolitana de Belém. Essa APA abrange, além do Parque do Utinga, a APA do Combu e o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, localizado em Marituba.
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“Somadas, essas três unidades estaduais de conservação totalizam aproximadamente 16 mil hectares de áreas conservadas na região metropolitana. Isso representa serviços ecossistêmicos de grande relevância, como qualidade ambiental, qualidade de vida, ar purificado, e a presença de fauna e flora em meio à urbanização - elementos valiosos não só para Belém, mas para o Brasil e o mundo inteiro”, destacou.
Refúgio verde no coração de Belém
A bióloga destacou que o Parque do Utinga foi criado com o objetivo de promover o turismo ecológico e educação ambiental. Também é um espaço destinado à pesquisa científica, mediante autorizações prévias. Ela acrescentou que o parque proporciona à população a oportunidade de conviver com a natureza e de desfrutar de um ambiente de qualidade ecológica.
O maior desafio, observou, é manter esse espaço conservado dentro de uma área metropolitana como Belém. Para isso, é essencial conscientizar o público sobre o valor do meio ambiente. “O Dia Mundial do Meio Ambiente é nesta quinta-feira, mas é importante lembrar que o cuidado com a natureza deve ser diário. Cada um de nós, como cidadãos do planeta terra, precisa contribuir. É fundamental o envolvimento da população, das instituições públicas e privadas, universidades, escolas, ONGs, associações e comunidades. Todos fazemos parte desse planeta e precisamos assumir a responsabilidade de cuidar dele”, disse.
Entre os principais desafios também estão o combate ao desmatamento, ao tráfico de animais silvestres, ao aprisionamento indevido de espécies que deveriam estar livres e à biopirataria de plantas. “A melhor forma de enfrentar esses problemas é por meio da educação ambiental, da sensibilização e da informação sobre o valor da fauna e da flora, tanto da Amazônia quanto dos demais biomas brasileiros”, disse.
Mônica Furtado também comentou a importância de se ter esse refúgio verde no coração de Belém. “É importante termos esse refúgio verde, que é o Parque Estadual do Utinga, no coração de Belém para que possamos nos orgulhar como paraenses e belenenses. Muitos estados brasileiros já não desfrutam mais áreas verdes preservadas em meio à urbanização como nós temos aqui”, disse. “Temos não apenas o Parque Estadual do Utinga, mas diversas outras unidades de conservação no entorno da região metropolitana. Em nível estadual, já são cerca de 29 unidades de conservação criadas no Pará, preservando nossas florestas, fauna e flora. Isso é motivo de orgulho e compromisso”, afirmou.
Frequentadores destacam importância do parque
O advogado Leonildo Souza, 59 anos, é frequentador do Utinga e também falou sobre a importância desse espaço. “Eu viajo muito, pratico teatro e conheço todo o país. É fácil perceber que o Parque do Utinga representa uma espécie de resgate de uma contradição. Estamos em plena região amazônica, numa grande capital, uma metrópole como Belém, e basta ler um pouco, estudar um pouco, para perceber que temos poucas áreas verdes disponíveis para a população utilizar, praticar exercícios, interagir com o meio ambiente”, disse.
“Eu vejo o Parque do Utinga como um resgate - não só por parte do governo, mas também da população - diante dessa distorção. Em plena região amazônica, uma metrópole da Amazônia, e, graças a Deus, temos o Parque do Utinga para favorecer e prestigiar essa interação entre o cidadão belenense (e o paraense da grande metrópole) com a natureza”, afirmou. Ele também deixou uma mensagem à sociedade: “As futuras gerações dependem muito do que fizermos hoje. O que fizermos hoje para preservar a natureza atingirá diretamente nossos descendentes, nosso futuro. Então, vamos cuidar hoje para que possamos ter um amanhã - para nossos netos, bisnetos - uma natureza que interaja com o ser humano e que prolongue nossa existência neste planeta”.
O coronel PM da reserva Edir da Silva Oliveira, 56 anos, também se exercitava no parque na manhã desta quarta-feira. “O Parque do Utinga é uma área maravilhosa. É um lugar para contemplar, para correr, para se divertir. É uma área muito importante e que precisa ser preservada”, disse. “As pessoas precisam cuidar do parque. Não tragam lixo para dentro do parque. Se virem algum lixo, peguem e joguem na lixeira. Também é importante comunicar qualquer alteração observada aqui no parque à administração”, completou.
Prefeitura de Belém intensifica ações ambientais para a COP
A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), informa que intensifica suas ações ambientais em preparação para a COP 30, com foco na recuperação, preservação de áreas verdes e conscientização socioambiental, a partir da educação. Entre as iniciativas, destaca-se o plantio de mais de 7 mil mudas de espécies nativas em espaços públicos, dentro do programa Cidade Verde, a requalificação de praças e canteiros com paisagismo sustentável e a gestão técnica das podas e supressões vegetais.
Na área educacional, a Prefeitura informa que vem desenvolvendo programações alinhadas ao calendário ambiental, com ações que envolvem escolas e a comunidade. Projetos como o "Jardim Botânico vai à Escola" levam oficinas e atividades lúdicas a instituições de ensino, enquanto campanhas educativas abordam temas como resíduos sólidos, reciclagem e poluição sonora em diversos bairros de Belém. Em parceria com o Departamento de Áreas Verdes Públicas (DAVP), também são promovidas ações comunitárias de plantio e conservação. Ainda segundo a prefeitura, essas iniciativas refletem o compromisso da gestão municipal com uma Belém mais verde, sustentável, resiliente e preparada para os desafios das mudanças climáticas.
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