Agostinianos levam fé e promovem trabalho social com os mais vulneráveis em Belém

A Ordem de Santo Agostinho surgiu oficialmente em 1256. Em Belém, embora não haja uma sede dessa ordem, quem leva adiante esse carisma são os frades da Ordem dos Agostinianos Recoletos

Gabriel Pires
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Antes de chegar ao papado, o novo pontífice Leão XIV foi membro da Ordem de Santo Agostinho (OSA), uma tradição religiosa marcada pela vida comunitária, espiritualidade interior e serviço aos pobres. Em Belém, embora não haja uma sede dessa ordem, quem leva adiante esse carisma são os frades da Ordem dos Agostinianos Recoletos (OAR), que desenvolvem um trabalho social e missionário na Paróquia São José de Queluz, no bairro de Canudos.

A Ordem de Santo Agostinho (OSA) surgiu oficialmente em 1256, quando o Papa Alexandre IV uniu várias comunidades eremíticas italianas que seguiam a Regra de Santo Agostinho, como explica o frei Luís Carlos Albim, da Paróquia São José de Queluz, membro da ordem recoleta. Essas comunidades foram organizadas em uma única ordem mendicante, dedicada à vida comunitária, à oração e ao apostolado, inspiradas nos ensinamentos de Santo Agostinho de Hipona (séculos IV-V).

Os agostinianos compartilham pontos centrais como a vida em comunidade, a oração, o estudo e o trabalho pastoral. A ordem tem presença internacional e atua em várias frentes da Igreja, como a educação e as missões. Já a Ordem dos Agostinianos Recoletos (OAR), com um formato diferente da tradição original agostiniana, surgiu com o propósito de adotar uma vida mais austera e recolhida, com maior rigor na observância da Regra. Os recoletos valorizam mais o isolamento, o silêncio e a contemplação — embora também atuem em missões e na educação.

“O que mantém a vida agostiniana, seja recoletos, Ordem de Santo Agostinho e outros como os agostinianos descalços e as monjas de clausura, é ler essa regra uma vez na semana. A vida de cada agostiniano é comunitária. E ainda, a oração comum, as refeições comuns, a recreação comum, é partilhar também as suas experiências pastorais e tudo mais. E ainda, temos o lema de Santo Agostinho que é ciência e caridade, seja qual for a família agostiniana. Estudar e mais também agir com caridade”, explica o padre.

No Pará, a espiritualidade da ordem agostiniana recoleta está presente em diversos locais. “Na região amazônica, temos três comunidades que estão nas missões em Salvaterra, Breves e Portel, onde nós temos capelas, digamos assim, pela selva, pelos rios. E nessas regiões, temos também um atendimento social. Em Belém, como é já uma região mais central, capital, nós temos o prédio do Centro Social Santo Agostinho, já expandimos, já não atendemos só o bairro de Canudos onde estamos”, pontua.

Caridade

A caridade também é um valor central para os agostinianos, sendo fundamental para a vida religiosa e a prática apostólica de seus membros, como destaca o frei Luís: “Toda família agostiniana tem esse viés da caridade, que é uma obra de Cristo, como diz em seu mandamento: ‘Amai-vos uns aos outros como eu vos amei’. A igreja católica, apesar de não ser tão divulgada, é a maior rede de caridade que existe no planeta. Cada congregação, ordem religiosa, instituto, cumpre seu papel”.

Na capital paraense, o trabalho social dos agostinianos se concretiza no Centro Social Santo Agostinho, em uma área central da cidade. Em uma área anexa à Paróquia São José de Queluz, a comunidade tem acesso a serviços de saúde, cursos profissionalizantes, entre outros, levando adiante a missão da ordem. “Em Belém, quando completamos 100 anos da presença agostiniana no Brasil, o grupo de recoletos decidiu escolher um lugar no Norte do Brasil para ter um local de obra social e atender a população mais carente”, relata o frei Luís.

“O centro social tem convênio com médicos, professoras de algumas universidades, estudantes de universidade, fisioterapeutas, enfermeiros, técnico de enfermagem e outros ramos da saúde, dentista e tudo mais. Também atendemos na área cultural, oferecemos cursos. Atendemos a caridade no sentido de educar, de cuidar da saúde e da instrução”, acrescenta o frade, ao lembrar que o centro foi fundado em 2002 e, todos os dias, oferece esses serviços a preços simbólicos — ou gratuitamente, em alguns casos.

Missão

Para a coordenadora administrativa do Centro Social Santo Agostinho, Eliana Kemper, o serviço prestado é “uma expressão do amor de Deus pelos freis agostinianos recoletos”. Segundo ela, o Centro Social atua atualmente em três dimensões: “Atendemos a área da saúde; oferecemos cursos profissionalizantes, capacitando jovens e adultos para o mercado de trabalho; e desenvolvemos projetos sociais de inclusão, que visam animar e fortalecer essas pessoas em sua caminhada, como o projeto de karatê voltado para crianças e adolescentes.”

Ela acrescenta: “Também promovemos atividades como o futebol de areia para crianças e adolescentes. Os idosos participam de atividades como dança, ginástica aeróbica, entre outras. Esse é o compromisso do Centro Social: contribuir com a sociedade na superação de seus desafios, sejam eles relacionados à saúde, ao bem-estar psicológico ou às dificuldades financeiras. Oferecemos apoio por meio de doações, como a complementação alimentar com cestas básicas. Contamos com voluntários que atuam junto com nossos funcionários, colaboradores e parceiros.”

A coordenadora ainda destaca, ao falar sobre os atendimentos no local: “Todos que chegam ao Centro Social são acolhidos, orientados e encaminhados aos serviços adequados. Aquilo que não conseguimos resolver internamente, encaminhamos para as nossas redes parceiras. Esse é o nosso compromisso: em nome da Ordem e de toda a equipe, contribuir para a valorização da vida”.

Assistência

Um dos assistidos pelo projeto é o técnico em eletrônica Paulo Marçal, que relata a importância social do centro. Frequentador da Paróquia de São José de Queluz e morador do bairro da Terra Firme, ele realiza atendimentos de fisioterapia. “Já na segunda ou terceira sessão de fisioterapia, eu já me sinto bem melhor, já consigo até dirigir. Sempre me dei bem com os atendimentos. Sempre fui muito bem recebido por todos os funcionários que trabalham aqui”, comenta.

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