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4º caso de cura de HIV acende a esperança de pacientes; veja locais de testes e tratamento em Belém

Ciência precisa avançar para que a cura chegue a todos, diz paciente em tratamento contra o HIV há 25 anos

Camila Guimarães

A cura de um homem diagnosticado há 34 anos com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) fortaleceu a esperança das 24.664 pessoas em tratamento contra o HIV no Pará, dado do último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde (MS). O mesmo documento informa que mais de 700 mil pessoas têm HIV no Brasil. Em Belém, 9.537 já foram diagnosticadas com HIV, sendo 845 notificadas apenas em 2022, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

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O último caso de cura foi apresentado na conferência Aids 2022, em Montreal, no Canadá. Trata-se de um paciente do sexo masculino, de 66 anos, que fazia tratamento contra leucemia e realizou um transplante de medula óssea, tendo como doador uma pessoa naturalmente resistente ao HIV. Ele parou de tomar medicamentos contra o vírus e, mesmo 17 meses depois, o vírus não foi mais encontrado em seu corpo.

Para o aposentado Francisco Vasconcelos, 57, diagnosticado com HIV há 25 anos, a notícia renova as esperanças de que a ciência progrida em direção à cura. Ele lembra que, quando ele descobriu seu diagnóstico, o sentimento comum era de receber uma sentença de morte.

“Era como um aviso de que você ia morrer. Não tinha um tratamento adequado. Os medicamentos eram muito agressivos, davam dor de cabeça, enjoo e muito mal-estar. Algumas pessoas tinham que tomar mais de 10 medicamentos todos os dias. Era muito cruel”, relembra.

Mesmo com o avanço das pesquisas, que hoje em dia proporcionam um tratamento menos agressivo e mais eficiente, Francisco diz que a expectativa de cura é a grande esperança, ou de uma vacina que seja eficaz para a imunização contra o vírus.

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“Hoje em dia a gente faz o tratamento com antirretroviral que é três em um. Apenas um comprimido por dia. Mas bom mesmo seria ter uma vacina que pudesse prevenir contra o HIV. A Aids já existe há 40 anos e ainda não se tem nenhuma vacina eficaz, enquanto que a covid-19, em menos de um ano, conseguiram fazer uma vacina”, indaga Francisco.

Hoje em dia, Francisco diz que, graças ao tratamento disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ele já alcançou a menor carga viral no organismo, de modo que o vírus já é indetectável em seu corpo e não mais transmissível. “Como eu sigo o tratamento à risca, consegui zerar minha carga viral. Mas seria maravilhoso chegar à cura. Esperamos que a ciência avance para que a cura chegue a todos”.

Número de casos de HIV cresce entre os jovens em Belém

De acordo com dados do Sinan, do total de pessoas com HIV em Belém, a maioria (41,6%) são jovens entre 19 e 29 anos, percentual que corresponde a 3.973 pessoas soropositivas. Destas, 80,9% são do sexo masculino. Os três bairros com maior número de notificações são Pedreira (226), Guamá (206) e Sacramenta (177).

Para o coordenador da área técnica de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)/ Aids e Hepatites Virais da Sesma, Edgar Barra, estes números revelam um problema estrutural sustentado pelo tabu sobre sexo e sexualidade que dificulta o acesso dos mais jovens à informações de qualidade para prevenção das ISTs.

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“Nós temos a cultura do tabu em relação ao sexo, em que não se fala sobre o assunto com os jovens. Até mesmo nas escolas há uma resistência. Considerando isso em um contexto em que o acesso a conteúdos sexuais na internet, por exemplo, é facilitado - conteúdos que educam de forma inadequada - nós temos essa consequência: jovens que começam a vida sexual de maneira pouco segura, sem preservativo, se relacionando com vários parceiros sem saber informações prévias importantes”, avalia Edgar.

Outra preocupação, destaca o coordenador, seria o índice de mortalidade por HIV, atualmente em 37,4%, que coloca Belém como a segunda capital do país em que mais morrem pessoas em decorrência dos agravos do HIV. Por trás disso, Edgar destaca o início tardio e o abandono do tratamento:

“Uma pessoa com HIV pode passar por uma fase de negação, o que leva ao início tardio do tratamento e aumenta o risco de morte por complicações do vírus. O organismo com HIV fica mais suscetível a outras doenças, como pneumonia e tuberculose, então, quando elas não começam ou abandonam o tratamento, o risco de morte aumenta muito”, explica Edgar.

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Por isso, Edgar enfatiza que a Sesma vem trabalhando para combater os indicadores por meio de acesso facilitado ao diagnóstico e tratamentos do HIV. Em Belém, todas as unidades de saúde estão aptas a fazer a testagem. Além disso, na capital funciona o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) Rayssa Gorbachofh, voltado ao cuidado integral de pessoas com HIV/Aids, hepatites virais e outras doenças infecciosas.

No caso de pessoas positivadas, o tratamento é feito no Centro de Atenção à Saúde em Doenças Infecciosas Adquiridas (Casa Dia), que dá acesso a exames e medicações gratuitas pelo SUS.

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ONG oferece suporte a pessoas com HIV em Belém

Em Belém atua também o Comitê Arte Pela Vida, organização não governamental (ONG) que oferece suporte a pessoas com HIV. Um dos coordenadores da ONG, Davidson Porteglio, diz que, em média, 600 pessoas são atendidas por mês pelo comitê.

“Nós oferecemos acolhimento para aqueles que recebem o diagnóstico e não sabem por onde começar. Damos toda a orientação necessária ao indivíduo e apoio à família, que geralmente também fica abalada. Arrecadamos doações e fazemos a distribuição para pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica”, informa Davidson.

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O Arte Pela Vida possui uma loja sustentável na qual objetos, também obtidos por meio de doações, são vendidos e o lucro é revertido para a assistência de pessoas com HIV. Roupa, sapatos, bolsas, artigos de decoração e vários outros materiais podem ser doados. Além disso, a ONG também faz a arrecadação de itens e higiene, alimentos e cestas básicas. Segundo Davidson, cerca de 20 cestas chegam a ser doadas diariamente.

Serviço

Testagem de HIV em Belém:

- Todas as Unidades de Saúde

- Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) 
Endereço: Tv. Rui Barbosa, 1059, entre Rua Boaventura da Silva e Av. Gov. José Malcher
Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 7h às 12h e das 13h às 18h.
Contato para dúvidas: 99232-2725

- Casa Dia
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, 3371 - Sacramenta
Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h
Contato: (91) 3236-3155

 

Tecnologias de combate e prevenção ao HIV disponíveis:

- Autoteste de HIV: gratuito no CTA
- Atendimento de Profilaxia Pós-Exposição (PEP) - medicamento de emergência em casos de possível infecção, que pode ser tomado em até 72h: disponível nas 5 UPAS de Belém, nos 2 Pronto Socorros, no Hospital Geral de Mosqueiro, no CTA e na Casa Dia 
- Atendimento de profilaxia pré-exposição (PrEP) - medicamento preventivo para pessoas em risco de contrair HIV: disponível no CTA e Casa Dia.

 

Doações ONG Arte pela Vida
Local: Espaço Sustentável Arte pela vida
Endereço: tv. Rui Barbosa, 1023, entre José Malcher e Boaventura da Silva
Funcionamento: das 10h às 18h

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