Peixes sentem sede? Descubra como eles sobrevivem em água doce e salgada
Entenda por que peixes de água doce e salgada precisam gerenciar ativamente a água e o sal em seus corpos para sobreviver
A ideia de um peixe com sede pode parecer um paradoxo, já que vivem imersos em água. No entanto, a ciência revela que essa questão é central para a sobrevivência deles. A resposta, que surpreende, é: sim, peixes precisam gerenciar ativamente o equilíbrio de água e sal em seus corpos. O segredo está na osmose e no ambiente em que vivem: água doce ou salgada.
Essa gestão interna é vital e conhecida como homeostase, onde cada espécie desenvolve táticas únicas para manter o equilíbrio essencial entre sais e líquidos no organismo. Como explica o biólogo marinho Tim Grabowski, em entrevista à Live Science: "É preciso pensar em um peixe como uma espécie de barco com vazamentos na água. Há constantemente um movimento de água ou de sais entre o corpo do peixe e o ambiente externo."
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Peixes de água salgada: sede constante
O mar é muito mais salgado que o sangue dos peixes marinhos. Devido à osmose (o movimento da água através da membrana celular em busca de equilíbrio), a água do corpo do peixe é constantemente "puxada" para o ambiente externo, mais salgado.
- Estratégia: Para evitar a desidratação, o peixe de água salgada está sempre com sede e bebe água continuamente.
- Regulagem de sal: Para lidar com o sal extra ingerido, eles possuem células especializadas nas brânquias, chamadas células de cloreto, que funcionam como bombas para expulsar o excesso de sal.
- Urina: A urina é rara e altamente concentrada para conservar o máximo de água possível.
Peixes de água doce: o excesso é o problema
Em rios e lagos, o cenário é invertido. O corpo do peixe é mais salgado que a água ao redor. A bióloga Melanie Stiassny explica, em entrevista à Live Science: "Se você é um peixe de água doce, tem um problema porque a água está constantemente entrando no seu corpo."
- Estratégia: Para lidar com o constante influxo de água, o peixe de água doce evita beber (só engole incidentalmente ao se alimentar).
- Eliminação: Eles precisam eliminar o excesso urinando sem parar, produzindo grandes volumes de urina diluída.
- Conservação de sal: Mantêm mecanismos fisiológicos para concentrar sais dentro de seus corpos, compensando o que é perdido na urina.
Salmões e trutas: especialistas em adaptação
Algumas espécies, como salmões, trutas e enguias, são notáveis por sua capacidade de migrar entre o mar e a água doce. São chamados de peixes eurialinos por tolerarem grandes variações de salinidade.
Durante a migração, o corpo destes peixes passa por uma transformação complexa para inverter seus mecanismos de regulação, ao entrar no rio (água doce), eles param de beber grandes quantidades de água e aumentam drasticamente a micção. Se não fizessem isso, suas células iriam inchar e se romper, como explica a bióloga marinha Helen Scales. Ao retornar ao mar (água salgada), eles voltam a beber e a economizar água.
Essa complexa dança de equilíbrio entre beber e urinar é o resultado de milhões de anos de evolução e permite que os peixes sobrevivam em habitats radicalmente diferentes.
(Riulen Ropan, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Vanessa Pinheiro, editora web de oliberal.com)
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