Caso Tainara: Amigo diz que Douglas puxou freio de mão para 'tentar matá-la'
O advogado de Douglas Alves da Silva afirmou o jovem se arrepende pelos atos praticados
O amigo de Douglas Alves da Silva, homem que atropelou e arrastou Tainara Souza Santos, de 31 anos, na Marginal Tietê no último sábado, 29, afirmou em depoimento à Polícia Civil que Douglas teve a intenção de atropelar a jovem e puxou o freio de mão do veículo para aumentar a força de atrito sobre o corpo e tentar matá-la.
Kauan Silva Bezerra estava no passageiro no momento em que Douglas atropelou e arrastou Tainara por cerca de um quilômetro. A jovem, mãe de dois filhos, teve as duas pernas amputadas em decorrência dos ferimentos. Ela segue internada na UTI do Hospital Municipal Vereador José Storopolli e passará pela quarta cirurgia.
Em nota, Marcos Tavares Leal, advogado de Douglas Alves da Silva, afirmou o jovem se arrepende pelos atos praticados e "responderá na medida de sua culpabilidade e na forma da lei, com base em provas e na investigação, não sob a ótica do ódio". Questionado sobre o depoimento de Bezerra, ele disse que não teve acesso a tais informações.
Em depoimento, Kauan contou que Douglas e Tainara namoravam, mas tinham terminado o relacionamento há pouco tempo. Segundo ele, Douglas viu a jovem com outro rapaz no Bar do Tubarão e iniciou uma discussão. Depois da briga, ele chamou Kauan para ir embora e, ao entrarem no carro, Douglas deu uma volta e jogou o carro na direção de Tainara.
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O amigo contou ainda que, quando Tainara estava embaixo do carro, Douglas puxou o freio de mão aumentando a força de atrito do veículo sobre o corpo da vítima para tentar matar a jovem. Kauan alegou que ele tentou impedir o amigo, mas não conseguiu porque ele "estava transtornado".
A cena também foi vista pelo manobrista do bar, Fernando da Costa Ferreira. O funcionário disse à Polícia que viu Douglas atropelar Tainara, passar por cima da jovem intencionalmente, e puxar o freio de mão para machucá-la.
Em seguida, Douglas saiu em alta velocidade. Depois de alguns metros, Kauan percebeu que havia "algo prendendo o carro" e entrou em desespero brigando para que o amigo parasse o veículo para que ele pudesse sair. A jovem foi arrastada por 1,4 quilômetros até o Douglas parar o carro na Marginal Tietê.
Quando conseguiu descer do carro, Kauan viu Tainara caída no chão e uma multidão chegando para ajudar a jovem. Ele e Douglas se conheciam há quatro anos e, depois do atropelamento, afirmou que não entrou mais no carro do amigo.
Defesa de Douglas diz que ele não conhecia a vítima
O depoimento de Kauan contradiz a defesa de Douglas, que afirmou que ele não conhecia a vítima e que não percebeu que o corpo dela estava preso embaixo do seu carro. Segundo o advogado, a briga no bar aconteceu para defender Kauan, que teria se desentendido com Lucas, homem que acompanhava a Tainara.
Ao Estadão, o irmão da vítima, Luan Santos, contou que Douglas morava nas proximidades e era conhecido por se envolver em brigas na região. Segundo Santos, a irmã era solteira e não mantinha relacionamento com ele.
Familiares contam ainda que a mãe de Tainara, Lucia Aparecida Souza, encontrou Douglas em outro estabelecimento pouco antes dele atropelar a filha. Ele teria cumprimentado Lucia, que não reconheceu o jovem.
Câmeras de monitoramento próximas ao bar onde o atropelamento foi iniciado mostram Douglas e Tainara discutindo na rua antes de ele avançar com o veículo sobre ela.
Douglas foi preso no domingo, 30, um dia depois do crime, em um hotel da Vila Prudente, na zona leste da capital. De acordo com o boletim de ocorrência, Ele teria entrado em luta corporal com um agente durante a abordagem e sofrido um tiro no braço. Ele foi hospitalizado antes de ser levado à delegacia para prestar depoimento. A Polícia Civil suspeita que Douglas pretendia fugir para o Ceará.
O advogado de Douglas, no entanto, afirmou em nota que ele continua com "com ferimentos abertos, sem o devido atendimento médico". Na nota, a defesa ainda afirma que os pais de seu cliente estariam sendo ameaçados e hostilizados.
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