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Intoxicação por metanol: bebidas em lata têm menor risco de contaminação

Conforme informações do Ministério da Saúde, há 217 notificações de casos no Brasil

Lívia Ximenes

O Brasil tem, até o momento, 217 notificações de casos de intoxicação por metanol, conforme informações divulgadas pelo Ministério da Saúde. Desse total, 17 são confirmados e 200 estão sob investigação, sendo São Paulo o estado com mais ocorrências (82,49%). A contaminação de bebidas destiladas e comercializadas em garrafas de vidro provocou duas mortes constatadas, além de outras 12 em análise.

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Enquanto isso, não há registros de que bebidas vendidas em latas estejam adulteradas. Entretanto, ressalta-se que não há divulgação de quais produtos foram consumidos antes da apresentação dos sintomas. Segundo Antonio Cabral, engenheiro e coordenador do programa de pós-graduação em engenharia de embalagem do Instituto Mauá de Tecnologia (São Paulo-SP), em entrevista à Folha de S. Paulo, a falsificação das latinhas é mais difícil do que de garrafas.

“Não é qualquer um que consegue piratear e falsificar latas de alumínio. Você só consegue fechar [as embalagens] tendo equipamento essencial, que custa muito caro e exige uma aprendizagem técnica aprofundada”, explica. Antonio afirma que o custo para adulterar não faria sentido aos criminosos, pois não haveria lucro. Outro fator é a presença do gás, que só ocorre com a inserção de gás carbônico e vedação da lata com um equipamento próprio — e, em caso de violação, ele se perde.

Além da embalegem, o produto também é mais difícil de adulterar: cerveja e chope teriam uma aparência diferente caso fossem contaminados, diferente de bebidas destiladas. De acordo com Rodrigo Catharino, farmacêutico e doutor em ciência de Alimentos, a cerveja tem uma concentração de metanol muito inferior. “Uma alta concentração de metanol em um grande volume de cerveja pode precipitar o produto, ou seja, deixá-lo estranho”, fala.

“Todo e qualquer produto nunca está livre de contaminação, tanto de origem química quanto microbiológica, mas os riscos são bem estudados e delimitados. Quando observadas as condições de boas práticas de fabricação, não importa se a produção é artesanal ou industrial — haverá segurança e níveis de risco controlados em relação ao metanol”, destaca Rodrigo.

Entre as operações da Polícia Federal, descobriu-se fábricas candlestinas de bebidas destiladas. As garrafas eram reutilizadas e com tapas, selos e rótulos falsificados. A Polícia Civil apreendeu mais de 100 mil bebidas em São Paulo, em um único estabelecimento, nessa terça-feira (7).