Fronha suja acumula mais bactérias que sanitário; dermatologista explica riscos
Estudo científico mostrou que, em apenas uma semana, número de micro-organismos acumulados na roupa de cama é quase 20 mil vezes maior do que no banheiro e pode trazer malefícios à pele e cabelos
Você demora a trocar a fronha do seu travesseiro? Se a resposta for sim, você sabia que sua fronha de travesseiro pode estar mais suja do que o assento de um vaso sanitário? Parece algo chocante, mas estudos alertam: dormir em uma fronha suja pode representar riscos sérios à saúde da pele e ao bem-estar geral.
Pensando nesse assunto, o OLiberal.com conversou com uma dermatologista para explicar mais sobre a relação entre higiene da roupa de cama e saúde da pele. Leia a seguir:
O que diz o estudo?
Um estudo feito recentemente por uma empresa fabricante de colchões nos Estados Unidos revelou que em apenas uma semana, as fronhas acumulam uma quantidade absurdamente maior de bactérias do que a encontrada em um assento de vaso sanitário. Foram analisadas fronhas e lençóis mantidos na cama por períodos que variavam de uma a quatro semanas.
O resultado foi surpreendente: as fronhas com mais de uma semana continham cerca de 3 milhões de UFC, que são unidades formadoras de colônias, uma medida usada cientificamente para estimar o número de bactérias. Esse número representa 17,4 mil vezes mais do que o encontrado em uma tampa de privada (172 UFC).
Já as usadas por quatro semanas consecutivas sem serem higienizadas, as fronhas acumularam quase 12 milhões de UFC — 39 vezes mais do que há em um pote de ração para animais domésticos.
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Como a sujeira prejudica a pele?
Os pesquisadores analisaram quais eram as bactérias mais frequentes em roupas de cama que não são trocadas e lavadas com frequência: O tipo mais comum (41%) eram bastonetes gram-negativos, que podem causar, por exemplo, pneumonia. Mas também foram encontradas as gram-positivas, que podem causar, por exemplo, infecções de pele. Além das bactérias, fronhas e lençóis acumulam também ácaros e fungos.
A dermatologista titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia e especialista em infectologia, Marília Xavier, explica a relação da sujeira acumulada em roupas de cama e infecções e inflamações na pele, mesmo que eles não sejam a causa direta da acne, mas que pode piorar o quadro
"A fronha suja é o local onde a gente encosta a cabeça, onde a gente encosta o rosto, então se ela fica suja, lógico que ao deitar você pode passar para a fronha óleos, restos de maquiagem, sujeira do dia, tanto pelo cabelo quanto pelo rosto. E aí, vai se acumulando essa sujeira, suor e criando um ambiente muito favorável à proliferação de bactérias, de fungos e de ácaros. E essas bactérias, esses microorganismos, bactérias, os ácaros, eles podem causar infecções e irritações, inflamação na pele. Então, embora, por exemplo, eles não causem diretamente a acne, esses microorganismos lá proliferam essa sujeira, elas contribuem para obstruir poros ou piorar mesmo o quadro de acne", informa.
Não somente a questão da fronha suja, também é necessário ter atenção ao travesseiro utilizado e o tempo de "vida útil" dele, como também ressalta a dermatologista:
"O travesseiro também é uma coisa que a gente esquece muito, mas ele se relaciona da mesma forma que a fronha, ele contém um ambiente muito favorável à proliferação desses microorganismos, principalmente dos ácaros e fungos e a gente também deve lembrar de trocar travesseiros. A gente não pode ficar eternamente com um travesseiro e também a gente tem que lembrar que alguns travesseiros, a gente pode higienizar mesmo, lavar e temos que expor ao sol exatamente para prevenir que esses organismos fiquem proliferando neste ambiente que fica extremamente favorável a ele. Procurar realmente um material como o algodão, até a seda que são materiais onde fica muito mais fácil a higiene e diminui um pouco a possibilidade do acúmulo, porém devem ser lavados constantemente", ressalta.
A limpeza constante da pele, com uma rotina de cuidados de pele, como também do cabelo e do couro cabeludo, também são fundamentais, conforme aponta a dermatologista Marília Xavier: "Então daí a relevância de mantermos essa higienização adequada, essa troca constante e a limpeza do rosto e também do coro cabeludo para poder diminuir essa transferência de microorganismos "
Com que frequência devo trocar a fronha?
É recomendado trocar a fronha de travesseiro de duas a três vezes por semana, especialmente se você tem pele sensível ou usa muitos produtos cosméticos antes de dormir. Também é importante optar por tecidos respiráveis, como o algodão, e evitar dormir com o cabelo molhado, que contribui ainda mais para a proliferação de fungos.
Dicas para manter a higiene do travesseiro e roupa de cama
- Lave fronhas com água quente e sabão neutro;
- Evite amaciantes muito perfumados, que podem causar irritações;
- Use uma capa protetora impermeável e lavável no travesseiro;
- Deixe os travesseiros arejarem ao sol sempre que possível;
- Troque os travesseiros a cada 1 a 2 anos, conforme o uso.
(*Gabrielle Borges, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Felipe Saraiva, editor web de OLiberal.com.)
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