Diabetes na gravidez: conheça os tipos e como prevenir a doença
Durante a gestação, as metas de controle dos níveis de glicose no sangue são mais rígidas
Na novela ‘Vale Tudo’, da TV Globo, a personagem Solange Duprat tem diabetes tipo 1. Em uma das cenas, grávida de gêmeos e visivelmente cansada, acaba passando mal. Preocupada, ela mede a glicose e descobre que está acima do recomendado. Para além da ficção, a diabetes é uma das doenças que podem afetar as mulheres ao longo do período gestacional. Segundo especialistas, em casos mais graves, o quadro pode favorecer más formações fetais e até mesmo aumentar o risco de aborto espontâneo, o que reforça a importância do acompanhamento por profissionais da saúde.
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De acordo com a médica endocrinologista Cecília Coimbra, de Belém, existem vários tipos da doença. O tipo 1 é a forma autoimune, onde há a destruição das células beta do pâncreas e necessidade de insulina para o tratamento. O desenvolvimento desse tipo da doença é comum na infância e não é associado com a obesidade.
“O diabetes tipo 2 é caracterizado por uma resistência à insulina com uma progressão para deficiência de insulina a longo prazo, sendo mais comum em adultos com histórico familiar, obesidade e sedentarismo. Já o diabetes gestacional aparece apenas na gravidez, pela resistência insulínica induzida pelos hormônios gestacionais e geralmente desaparece após o parto, porém aumenta risco de DM2 no futuro”, explica.
Os riscos do diabetes são mais críticos a partir do terceiro semestre de gestação, quando as chances de parto prematuro, aumento excessivo do peso fetal e aumento do líquido amniótico crescem. “A mulher que deve engravidar e tem diabetes mellitus deve buscar primeiro o controle da glicose, pois quando descompensada, pode impactar negativamente na regularidade dos ciclos menstruais e na ovulação. O diabetes mellitus também aumenta o risco de aborto espontâneo e más formações fetais”, diz a endocrinologista.
Ao longo da gestação, as metas de controle de glicemia se tornam mais rígidas. As gestantes precisam realizar exames laboratoriais com maior frequência. “Para pacientes com diagnóstico prévio de diabetes, se faz necessário a retirada da maioria das medicações orais e substituição para insulina quando indicado. A insulina é o tratamento de escolha, pois não atravessa a placenta em quantidades significativas. As medicações orais não são estudadas em grávidas”, informa Cecília.
Cuidados
No caso da diabetes gestacional, é possível prevenir com uma dieta equilibrada, já que mães sem sobrepeso e obesidade tendem a ter menor risco de diabetes, segundo o médico ginecologista e obstetra Carlos Eduardo Oliveira, de Belém. A recomendação é que as gestantes mantenham uma alimentação equilibrada e individualizada para o desenvolvimento do bebê, com a inserção de carboidratos complexos, proteínas magras e boas fontes de gorduras boas. Além disso, é necessário eliminar açúcar simples e processado, no caso das gestantes com quadro de diabetes.
O acompanhamento com uma equipe multiprofissional, com obstetra, endocrinologista e nutricionista faz toda a diferença para o sucesso do tratamento e acompanhamento da gestante. “O obstetra tem papel fundamental no sentido de monitorar a saúde da mãe e do bebê, ajustar o tratamento e prevenir complicações para o binômio mãe-bebê”, pontua o médico.
Já o endocrinologista irá tratar doenças metabólicas — como é o caso do diabetes — e ajustar as doses de medicação para o melhor controle glicêmico, sendo necessário quando as medidas como alimentação equilibrada e medicamentos não são suficientes para regular os níveis.
“Ao darem início ao pré-natal, as gestantes passam por avaliação nutricional e são orientadas em relação à dieta e risco que correm de desenvolver diabetes na gestação e suas complicações. Já as diabéticas são reforçadas a cumprir as medicações, sem pular horários, e também realizar o controle na dieta para prevenir complicações mãe-feto”, informa Carlos.
O médico ressalta que o risco de diabetes pode permanecer mesmo depois do parto. “Principalmente em gestantes com obesidade. O controle é feito logo após o parto com medições seriadas da glicemia, tanto da mãe quanto do bebê. Depois da alta hospitalar, ela é encaminhada para consulta puerperal no posto de saúde. Se ela mantiver níveis elevados de glicemia, será encaminhada ao endocrinologista para seguimento e o bebê encaminhado para acompanhamento pediátrico”, detalha.
Saiba como prevenir a diabetes na gravidez
- Estar com peso adequado
- Realizar atividade física regular
- Ter uma alimentação equilibrada
- Realizar planejamento familiar com exames pré-concepcionais
- Suplementar vitaminas quando necessário, com orientação médica
- Reavaliar uso de medicamentos
Fonte: Cecília Coimbra, médica endocrinologista
*Estagiárias de Jornalismo, sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do Núcleo de Atualidades
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