Vice-PGR defende uso de tecnologia e inteligência para combater crime organizado no Mercosul
Em Belém, encontro reúne representantes de oito países para discutir cooperação internacional e uso de dados no enfrentamento ao crime transnacional

O vice-procurador-geral da República, Hindenburgo Chateaubriand, defendeu nesta terça-feira (21), em Belém (PA), o uso de tecnologia e ações de inteligência como instrumentos fundamentais para combater o crime organizado transnacional e a lavagem de dinheiro. A fala ocorreu durante a abertura da 38ª Reunião Especializada de Ministérios Públicos do Mercosul, que reúne autoridades de oito países sul-americanos.
O encontro, que segue até o fim da semana, conta com a presença de procuradores-gerais e representantes dos Ministérios Públicos do Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Uruguai e Suriname. O objetivo é definir estratégias conjuntas e fortalecer a cooperação internacional no combate às redes criminosas que atuam na região.
Segundo Chateaubriand, o uso de bases de dados confiáveis e ferramentas tecnológicas de análise permite identificar padrões e antecipar ameaças, tornando as investigações mais eficientes. “Sem inteligência nunca avançaremos no combate às grandes questões criminais”, afirmou.
O vice-PGR explicou que o Ministério Público Federal (MPF) vem investindo na criação de uma área própria de inteligência e em sistemas de análise de dados criminais, que darão suporte às investigações conduzidas por procuradores e pelos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos).
Cooperação e integração no Mercosul
Além do avanço tecnológico, Chateaubriand destacou a importância da cooperação jurídica internacional. Ele citou como exemplo um pedido de informações feito pela Argentina ao Brasil, que auxiliou na investigação de suspeitas de tráfico internacional de pessoas.
Outro tema central do encontro foi a integração dos sistemas de investigação entre os países do Mercosul. O procurador-geral do Paraguai, Emiliano Rolón, defendeu o desenvolvimento de uma “linguagem comum em matéria criminal” e o uso de inteligência artificial para cruzamento de dados financeiros e patrimoniais de investigados.
Já o procurador-geral do Equador, Wilson Toainga, alertou que o crime organizado tem adotado estruturas empresariais complexas, o que exige atuação especializada dos órgãos de investigação. “A inteligência criminal deve ser um procedimento sistemático para gerar conhecimento e antecipar ameaças”, destacou.
Ética e proteção de dados
Os participantes também reforçaram que o uso de tecnologias deve respeitar a privacidade dos cidadãos e as leis nacionais de cada país. O procurador-geral da Bolívia, Roger Montenegro, defendeu que o combate ao crime ocorra “de forma estratégica, humana e ética, com mecanismos seguros e eficazes”.
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