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Pará pode ter primeira deputada federal indígena

A pré-candidatura de Nice Tupinambá foi lançada ontem (25), em Belém

Fernando Assunção
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Foi lançada, no último sábado (25), em Belém, pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol), a pré-candidatura da indígena Nice Tupinambá ao cargo de deputada federal. Essa é a primeira candidatura de uma mulher indígena do Pará à Câmara dos Deputados no Estado. Segundo a organização do evento, cerca de sete mil pessoas passaram pelo Insano Marina Club para o lançamento da pré-candidatura, incluindo o prefeito de Belém Edmilson Rodrigues (Psol), vereadores, deputados, secretários municipais, lideranças indígenas, integrantes de movimentos sociais e apoiadores da ativista.

“Fomos surpreendidos positivamente com o número de pessoas que prestigiaram o lançamento da minha pré-candidatura. Isso mostra a potência de uma candidatura indígena, em um momento que os olhos do mundo se voltam para a defesa da Amazônia. É a primeira vez que venho candidata, como reflexo de uma construção feita nas aldeias e entre quem apoia a luta dos povos originários em defesa da Amazônia”, destaca Nice.

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Nice Tupinambá, 32 anos, é jornalista. Nasceu em Cametá, nordeste do Estado. Aos 14, chegou na capital, onde trabalhou em casa de família, como empregada doméstica, até conseguir entrar em uma faculdade com bolsa de estudos do governo federal. Entre as principais bandeiras que a comunicadora pretende levantar na campanha, estão a preservação da natureza e a luta contra a “política de destruição da Amazônia e de seus povos”.

“Tenho um blog desde o ano passado, onde denuncio crimes contra a Amazônia, invasão a terras indígenas e garimpo ilegal. Denunciei o assassinato do Isac Tembé [indígena morto durante ação da Polícia Militar em Capitão Poço no ano passado] e, até hoje, recebo ameaças por causa disso. Quem faz essa luta, recebe ameaça. Não tem uma liderança indígena que não tenha sido atacada, como ocorreu com a Alessandra Munduruku, que teve suas redes sociais invadidas”, afirma Nice Tupinanbá, fazendo referência à liderança indígena de Itaituba, Alessandra Munduruku, que teve seu perfil no WhatsApp clonado e usado para disparar mensagens de ódio e difamação, ameaças e tentativas de intimidação.

Essa é a primeira vez que a jornalista disputa um cargo político. Ela conta que a candidatura é fruto de uma articulação entre as aldeias indígenas com as quais ela tem mais contato e reflete um movimento iniciado em 2018, com a eleição de Joênia Wapichana, a primeira mulher indígena eleita à câmara federal, por Roraima. “A gente está tendo apoio de várias aldeias, os povos indígenas estão entendendo que isso é importante. Por muito tempo, os povos indígenas pensaram que política não era para a gente, mas a luta da deputada Joênia, que legisla para todo o Brasil, despertou a vontade de disputar esse espaço”.

'Bancada do Cocar'


Nice ainda integra uma articulação nacional que pretende combater a sub-representação indígena na política nas eleições de 2022. De acordo com o Censo de 2010, no Brasil existem, aproximadamente, 897 mil indígenas, mas apenas 2,1 mil indígenas disputaram um cargo político em 2020. O número representa 0,4% do total das candidaturas, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “A nossa representatividade é muito baixa, tanto que a gente só tem a Joênia na câmara federal. Para tentar reverter esse quadro, estamos nos organizando nacionalmente através da ‘Bancada do Cocar’, que inclui nomes como [a candidata a vice-presidente em 2018] Sonia Guajajara, em São Paulo, e Célia Xakriabá em Minas, ambas pelo Psol”, completa.

A pré-candidata ainda explica a relação entre a pré-candidatura indígena e o Psol, partido do prefeito de Belém Edmilson Rodrigues, que esteve presente no evento de lançamento do nome de Nice ao legislativo: ainda enquanto deputado estadual, o atual chefe do executivo municipal apoiou a homologação de terras indígenas. “Uma discussão ainda não tão forte, mas que vem ganhando espaço entre os indígenas, sobretudo entre os Tembé, devido à relação que eles tiveram com o Edmilson na luta por demarcação de terra”, diz.

Em julho e em agosto, a jornalista pretende realizar o lançamento da pré-candidatura em aldeias indígenas.

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