Operação Iscariotes: MP move ação contra promotor suspeito de exigir propina de R$ 3 milhões
O Ministério Público do Piauí deu entrada em uma ação de improbidade administrativa contra o promotor de Justiça Maurício Verdejo Gonçalves Júnior por enriquecimento ilícito.
O promotor é suspeito de exigir R$ 3 milhões em propinas do empresário Junno Pinheiro Campos de Sousa, do setor hospitalar, para arquivar duas investigações criminais contra ele.
A defesa nega e afirma que não há provas de que ele tenha cobrado propinas e que a acusação tem como base apenas a palavra do empresário.
O Núcleo de Defesa do Patrimônio Público, braço do Ministério Público do Estado, pede que o promotor seja condenado a devolver R$ 104 mil aos cofres públicos. O valor corresponde à diferença entre a quantia apreendida na casa dele e o total supostamente recebido em propinas.
Maurício Verdejo já responde a um processo na esfera penal por concussão, prevaricação, supressão de documento e tráfico de influência.
As provas da investigação criminal embasam agora a ação de improbidade que tramita na 2.ª Vara da Fazenda Pública de Teresina.
"A comprovação da vantagem patrimonial indevida, aliada à demonstração individualizada das condutas dolosas praticadas pelo requerido, consubstancia a propositura da presente demanda em face do ato de improbidade administrativa que importou em enriquecimento ilícito", diz um trecho do processo.
Operação Iscariotes
O inquérito foi aberto depois que o empresário procurou a Polícia Federal para denunciar o pedido de propina.
Junno alegou que, em julho de 2024, foi abordado pelo promotor de Justiça em um restaurante em Cajueiro da Praia, no litoral do Estado.
Na ocasião, Verdejo teria dado um prazo para que ele pagasse R$ 3 milhões para não ser mais investigado e para "blindá-lo" de novos inquéritos.
Segundo o depoimento, parte do dinheiro foi entregue pessoalmente na casa do promotor nos dias 2 e 7 de agosto de 2024.
A Polícia Federal fez uma ação controlada e conseguiu filmar uma das entregas. A PF apreendeu R$ 900 mil em dinheiro vivo na casa dele.
O Ministério Público chegou a pedir a prisão preventiva do promotor, mas a Justiça do Piauí negou. Verdejo está afastado cautelarmente das funções com tornozeleira eletrônica.
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