O que significa ser declarado 'persona non grata'? Entenda o que isso representa para Donald Trump
Vereadores de Belém aprovaram título simbólico contra o presidente dos EUA após tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros

A Câmara Municipal de Belém aprovou, nesta quarta-feira (6/8), por maioria de votos, um requerimento que declara o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como persona non grata na capital paraense. A proposta foi apresentada pelo vereador Alfredo Costa (PT) como forma de protesto contra o tarifaço de 50% imposto pelo governo norte-americano sobre exportações brasileiras.
Mas o que, de fato, significa esse título? E que efeitos reais ele pode ter para o líder norte-americano?
O que é "persona non grata"?
A expressão "persona non grata" vem do latim e significa literalmente "pessoa não bem-vinda". É um termo usado principalmente no contexto diplomático para declarar que um representante estrangeiro não é mais aceito em determinado território.
No caso de figuras públicas ou autoridades estrangeiras, como Donald Trump, esse tipo de declaração é simbólica. No entanto, em outras palavras, Belém está dizendo oficialmente que não reconhece com bons olhos a presença do presidente norte-americano, ainda que ele não esteja no Brasil nem tenha planos anunciados de vir à capital paraense.
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Há consequências práticas para Trump?
Não. O título de persona non grata, aprovado por vereadores municipais, não tem força legal para impedir a entrada de Donald Trump em Belém, nem em qualquer parte do Brasil. Não se trata de um bloqueio oficial, como um impedimento judicial ou diplomático. Trata-se de uma manifestação política de repúdio.
Mesmo assim, o gesto pode gerar repercussão, principalmente porque Belém será sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), marcada para novembro deste ano. A expectativa é de que chefes de Estado, lideranças internacionais e representantes de diversos países estejam presentes no evento.
Contexto político
A medida dos vereadores surge em meio à tensão gerada pelo anúncio, por parte do governo dos EUA, de tarifas adicionais sobre produtos brasileiros. A medida afeta setores como o agronegócio e pode impactar a economia nacional. Em protesto, o vereador Alfredo Costa declarou que o município não pode aceitar passivamente interferências externas.
"Todos aqueles que vão perder nesse tarifaço que ele está impondo sobre a nossa economia. Belém não pode aceitar de maneira nenhuma que o presidente de outro país venha intervir na economia. Nós temos que defender a soberania nacional, do nosso povo, do povo trabalhador. Portanto, Belém diz não a Trump. Você é persona non grata", afirmou o parlamentar durante a sessão.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista recente, que pretende convidar Donald Trump para participar da COP 30, apesar do clima de tensão comercial. Lula disse que só fará contato se sentir que há disposição para diálogo e deixou claro que não pretende "se humilhar".
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