No Pará, Receita Federal faz parcerias para descaracterização de produtos contrabandeados
Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, Altair Sampaio diz que a iniciativa visa transformar a Receita Federal de apenas fiscalizadora, para parceira da sociedade
Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, a superintendente da Receita Federal no Pará, Altair Sampaio, explicou como peças de vestuário, calçados e equipamentos eletrônicos apreendidos estão ganhando nova vida no estado. Os materiais foram transformados em mochilas, bolsas, nécessaires e protetores de pescoço por meio do curso “Técnicas de Upcycling”, realizado pelo SENAI Pará, e exibidos em exposição no salão de eventos da FIEPA, em Belém. “É uma espécie de reciclagem. Os bens apreendidos podem ser leiloados, incorporados a órgãos públicos ou destruídos. Mas, no caso do contrabando, a legislação proíbe leilão ou reincorporação, então o material seria destruído — gerando custo e impacto ambiental”, destacou Altair.
Segundo a superintendente, o programa Receita Cidadã busca transformar bens apreendidos de forma social e educativa. “A Receita Federal precisava gastar recursos públicos para distribuir todo esse volume de mercadorias apreendidas, que incluía roupas, calçados, brinquedos, bens eletrônicos e cigarros. Isso prejudicava o meio ambiente e gerava custo. Agora, começamos a transformar essas mercadorias, encaminhando-as para universidades, institutos federais e entidades do Sistema S, como o SENAI, para reaproveitamento”, explicou.
No curso do SENAI, aproximadamente 100 quilos de roupas e calçados foram transformados em 160 novos produtos, utilizando técnicas de corte, costura, bordado e design sustentável. Altair destacou que todo o material é doado a entidades sem fins lucrativos, beneficiando populações vulneráveis: “Blusas de times do Brasil e da Espanha foram transformadas em mochilas, bolsas, nécessaires e protetores de pescoço para viagem. A criatividade das pessoas envolvidas é infinita”.
Além de roupas e calçados, a Receita Federal também reaproveitou TV boxes piratas, proibidos pela Anatel, transformando-os em microcomputadores educativos. “Só do Rio de Janeiro recebemos 100 mil unidades. Esses equipamentos funcionam sem internet, ideal para escolas em regiões isoladas. Até o momento, mais de 5 mil microcomputadores já foram entregues na região, sendo 630 apenas no Pará”, disse Altair, ressaltando o impacto social e educativo da ação.
A superintendente reforçou que a iniciativa não gera lucro ou comercialização: “Tudo é entregue a entidades sociais para atender comunidades carentes, evitando o descarte e trazendo benefícios sociais e educativos”. Com isso, a Receita Federal alia fiscalização, sustentabilidade e inclusão, transformando bens apreendidos em instrumentos de impacto positivo para a sociedade.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA